Em meio à pandemia incessante do novo coronavírus, aos poucos a ciência vem ganhando força no combate à doença que assola o Espírito Santo, o Brasil e o restante do planeta. Em entrevista à Rádio CBN Vitória na manhã desta terça-feira (02), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, afirmou que tem diminuído o número de internações de pacientes com Covid-19 que admitem terem usado mediações sem eficácia.
"Felizmente tem diminuído muito a prescrição destes medicamentos (cloroquina, hidroxicloroquina). Havia uma aposta charlatã em medicações sem comprovação científica para o novo coronavírus. Estes discursos endossados faziam com que as pessoas de uma forma em geral perdessem o senso de perigo da doença. Na rede privada daqui, por exemplo, tivemos relatos de alguns intensivistas de que pacientes chegavam muito grave nos hospitais porque ficavam aguardando em casa por uma resposta de um tratamento que não funciona, sem evidência científica, e acreditando que estavam sendo tratadas", pontuou o secretário.
Nésio reforçou a necessidade de não seguir estas falácias e citou casos de outros estados para exemplificar a gravidade para a saúde, quando pacientes se tratam com medicações equivocadas para a doença.
"Temos levantamentos de alguns estados de que 80, 90% dos pacientes intubados na rede privada fizeram uso de medicações sem comprovação. A população precisa entender que existe, sim, um risco real de perda da vida de pessoas queridas e de um grande impacto econômico por conta da irresponsabilidade em não aderir às medidas simples e tão difundidas para evitar a infecção pelo vírus. É distanciar-se, evitar se expor sem necessidade e, em hipótese alguma, fazer festas e aglomerações. Há muita falácia, até associada à religião em ter fé em um medicamento ineficaz. É uma cultura inadequada em apostar em coisas que não tem eficácia. Confiar na ciência é sempre a melhor aposta e com menos chance de errar", destacou o secretário.
Segundo o gestor da Sesa, o Estado vivenciou casos de pacientes que pediam a prescrição destes medicamentos quando atendidos por médicos, muito em função do discurso de que seria o tratamento ideal, quando, na verdade, nunca houve comprovação de eficácia. Este tipo de situação também está em queda.
Com muitos estados à beira de um colapso na capacidade de atendimento, Nésio reforçou que a vinda de mais pacientes para o Espírito Santo, desta vez oriundos de Santa Catarina, em nada irá sobrecarregar o atendimento aos capixabas que precisarem de internação.
"Houve a solicitação de apoio para a situação crítica em acolher pacientes de UTI, graves e de alto risco de vida. É uma situação muito parecida com os pacientes do Amazonas e Rondônia. Como reservamos 45 leitos para pacientes de fora, temos capacidade em atender. Hoje temos apenas um de Manaus em UTI e outro em enfermaria. Temos oferta robusta de leitos sem comprometer a oferta e acesso a pacientes do ES", salientou.
Como justificativa deste cenário, Nésio detalhou a abertura de novos leitos que ocorrerá em breve. São 158 novos que serão disponibilizados com a entrega da Maternidade da Serra, mas que será voltada ao combate à covid. Com uma taxa atual de ocupação de leitos entre 70 e 73%, o que na visão dele é uma condição de controle, o Espírito Santo está se tornando ainda mais robusto para enfrentar uma eventual alta de novos casos.
"É muito bom ser um Estado que não colapse e garanta o acesso ao paciente que precise. Ampliamos a testagem, mobilizamos a atenção básica, empoderamos os municípios, melhoramos a vigilância, tudo isso feito de forma muito transparente para a sociedade e perante os órgãos de controle. Além, é claro, da ampliação dos leitos, que é de suma importância para que tenhamos uma situação controlada. Continuaremos comprando leitos de instituições filantrópicas e particulares por meio de convênios. Caso seja necessário, iremos fazer como ocorreu na primeira grande onda no Estado. Atualmente não temos convênio com estes grandes conglomerados. Goiás tem quase o dobro da nossa população e tem metade da quantidade de leitos que o ES possui para a Covid, por exemplo. A saúde pública do ES foi preparada para cenários bastante críticos", pontuou.
Por fim, Nésio mostrou-se favorável a uma frente nacional dos governadores em partir para a aquisição de vacinas. Porém, para que isto ocorra, ele defende a necessidade de uma união entre vários setores e que a politicagem não seja priorizada.
"Vacinas são esperança e, infelizmente, o país perdeu tempo na guerra contra a pandemia no começo deste ano e os governadores têm se mobilizado. Há uma possibilidade por parte da indústria para que ela possa de fato vender aos estados. Em janeiro e fevereiro, elas se voltavam para a venda ao governo federal. Em março, já há uma tendência de mudança, e a chance de uma abertura aos estados. Nós iniciamos já no ano passado negociações com laboratórios, em sigilo, e antecipamos este processo. Mas é algo necessário e não politicagem. Seguimos em negociações, há R$ 200 milhões autorizados para a compra de vacinas. Podemos comprar entre 2 e 4 milhões de doses", analisou.
Ainda que exista uma aproximação na possibilidade de compra, isto não deve ocorrer tão rapidamente. Para Nésio, em um cenário bastante favorável, o Governo do ES talvez consiga comprar as primeiras doses no fim de abril e com mais condições para o mês de maio.
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