Publicado em 31 de julho de 2023 às 17:32
Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade de São Paulo (USP) descobriram uma nova espécie de peixe na Ilha da Trindade, palco de diversas espécies que só habitam a região. O Acyrtus simon é uma espécie de peixe-ventosa que chamou a atenção pelas cores em tons de rosa e seu hábito de se fixar nos locais para não ser levado pela correnteza.>
A descoberta foi feita pelos pesquisadores do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (USP) e do Laboratório de Ictiologia (IctioLab) da Ufes, em parceria com o Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da California Academy of Sciences, em colaboração com a Marinha do Brasil.>
O artigo com a descoberta foi publicado no final de 2022 após muita análises e agora no final de julho pela Ufes. >
O capixaba João Luiz Rosetti Gasparini, biólogo e especialista em peixes, foi um dos pesquisadores que participou de diversas expedições até a ilha para a descoberta da nova espécie.>
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João Luiz Rosetti Gasparini
BiólogoO Acyrtus simon, que teve esse nome em homenagem a Thiony Simon, doutor em biologia animal pela Ufes, que faleceu em um mergulho durante seu pós-doutorado, demorou vários anos para ser analisado e comparado com outros animais. O peixe foi coletado e ficou na coleção da Ufes, enquanto os pesquisadores iam buscando novas amostras.>
"Ele ficou na coleção da Ufes, dentro do formol e do álcool. A gente consulta, tira do vidro, olha embaixo da lupa. E aí uma viagem que foi muito importante eu fiz em 2009, junto com o Hudson Pinheiro, da USP, e nós conseguimos coletar o material que foi usado na descrição e fazer as fotos submarinas", comentou João. >
O pequeno peixe de três centímetros fica no raso sempre perto dos recifes vulcânicos da ilha e tem uma ventosa que ajuda a sobrevivência na espécie no dinamismo do local. >
"Ele tem uma adaptação morfológica no ventre, que a nadadeira pélvica dele é modificada como se fosse uma ventosa, por isso o nome peixe ventosa. Essa adaptação é para viver em ambientes com água mais dinâmica. Ele se fixa ao substrato, cola e, quando tem correnteza, não afeta ele. Ele fica ali paradinho", explicou o especialista em peixes.>
Essa foi a oitava espécie nova que João Luiz descreveu da Ilha da Trindade. Entre todas as idas e vindas do pesquisador até o local, ele percebeu a região é um "paraíso" para novas descobertas.>
João contou que toda a Ilha da Trindade, o Arquipélago Martin Vaz e sua formação vulcânica têm todo um mundo a ser explorado. O acesso à ilha é controlado e restringido pela Marinha. >
João Luiz Rosetti Gasparini
Biólogo"O complexo insular oceânico é um éden para pesquisas. Lar de muitas espécies endêmicas e pode guardar não só peixes, mas crustáceos, moluscos, esponjas, algas... Uma imensidão de seres marinhos e mesmo terrestres nas escarpas da ilha e em sua floresta de samambaias gigantes", disse o pesquisador.>
O fato de a ilha ser o arquipélago quase inabitado mais distante do litoral brasileiro ajuda para que espécies só existam lá.>
"É um local muito pouco estudado e isolado. O isolamento geográfico é muito importante para você ter espécies que evoluíram ali naquele ambiente. Tem mais um tanto de espécies que são endêmicas que são da Ilha da Trindade", comentou.>
Com informações de Viviane Lopes, do g1 ES>
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