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"Ele bateu de forma violenta na estrutura", diz cunhado de engenheiro morto em tirolesa

"Ele bateu de forma violenta na estrutura", diz cunhado de engenheiro morto em tirolesa

Um vídeo gravado por uma pessoa que estava na tirolesa do Morro do Moreno, no último sábado (1º), flagrou o acidente que matou o engenheiro João Paulo Moreira dos Reis

Publicado em 4 de maio de 2021 às 13:18

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 Crea - ES realiza vistoria nas bases da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, para apurar acidente que causou a morte do engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis
Crea- ES realiza vistoria na tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha. (Fernando Madeira)
Autor - Isaac Ribeiro
Isaac Ribeiro
Repórter de Cotidiano / [email protected]

Um vídeo com menos de um minuto de duração pode ajudar na investigação do acidente na tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, que matou o engenheiro mecânico João Paulo Moreira dos Reis, de 47 anos, no último sábado (1º). O vídeo mostra o exato momento em que João Paulo se choca contra a estrutura da base secundária e despenca da tirolesa, nos primeiros 100 metros da descida. 

De acordo com familiares, era a primeira vez que a vítima, a filha dele, uma adolescente de 14 anos, e uma amiga dela, haviam ido ao local. As duas desceram no equipamento antes do engenheiro e não ficaram feridas.

As imagens foram gravadas por uma pessoa que estava na plataforma inicial da tirolesa. Alegando que o material seria publicado em uma página da internet, ela pediu autorização do João Paulo para registrar a descida. Neste sentido, João permitiu o vídeo.

No domingo (2), o pai do engenheiro, o aposentado João Reis, revelou que foi por meio desse conteúdo que descobriu que o filho havia morrido. "Vi meu filho nascer e, agora, o vi morrer por um vídeo", desabafou à reportagem da TV Gazeta.

Os familiares explicaram que, por orientação dos advogados, as imagens não podem ser divulgadas. O cunhado de João Paulo, o farmacêutico Antônio Carlos da Silva Bueno, de 46 anos, explicou que o conteúdo do vídeo já foi analisado pela equipe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES).

João Paulo Reis era casado e deixou dois filhos, um menino e uma menina. (Reprodução/Acervo pessoal)

Segundo ele, o material mostra quando João Paulo desce a tirolesa na primeira fase, que tem 100 metros de distância entre uma base e outra. O engenheiro aparece equipado de capacete e uma espécie de "cadeirinha que faz a ligação com o cabo principal", explica.

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Ele desce de uma forma bastante veloz e muito violenta, e você não percebe um cabo de segurança que é utilizado pela tirolesa para frear esse movimento, tal como acontece nas outras descidas que normalmente nós vemos por aí. Nesse momento, ele bate de uma forma bem violenta naquela base secundária

Antônio Carlos da Silva Bueno
Cunhado da vítima
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Após o impacto, o corpo do engenheiro ainda atingiu a amiga da filha dele, que estava em pé, na estrutura onde ficam os condutores da tirolesa. Com o segundo impacto, ele cai no chão, atrás da base de madeira. 

"Você percebe ele se chocando com essa estrutura e o equipamento que segura ele naqueles dois cabos principais por onde eles descem, aquilo se rompe e até por isso mesmo que provavelmente aquele pedaço de equipamento que foi encontrado é parte do equipamento do João Paulo", analisa o cunhado da vítima.

O fragmento ao qual o farmacêutico menciona foi encontrado segunda-feira (3) durante vistoria realizada pela equipe do Crea-ES. O trabalho foi acompanhado com exclusividade pelo fotógrafo Fernando Madeira, de A Gazeta.

Crea - ES realiza vistoria nas bases da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, para apurar acidente que causou a morte do engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis
Crea realiza vistoria na tirolesa do Morro do Moreno. (Fernando Madeira)
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Depois, você escuta uma pessoa falando: 'a corda!'. Deve estar fazendo referência a tal corda que faz a frenagem. Depois do impacto, você percebe um chicote muito forte dos cabos da tirolesa e você percebe que ele some da imagem como se tivesse caido por trás daquela tal base secundária

Antônio Carlos da Silva Bueno
Cunhado da vítima
Aspas de citação

FAMÍLIA ESTÁ ABALADA

O engenheiro mecânico João Paulo Moreira do Reis, de 47 anos, era casado e deixou dois filhos, uma adolescente de 14 anos e um menino de 8 anos. O cunhado da vítima, o farmacêutico Antônio Carlos da Silva Bueno, 46 anos, disse que a família está abalada, sem condições de conversar sobre o acidente a morte de João. Segundo ele, era a primeira vez que João, a filha e amiga da adolescente haviam usado a tirolesa no Morro do Moreno, em Vila Velha.

"A família dele está extremamente abalada, sem condições de conversar. A esposa está abalada, os filhos não estão bem. É uma situação que ninguém esperava. A mãe tinha um filho querido e amado por todos que infelizmente teve uma vida ceifada, ao que tudo indica, ter sido uma negligência incrível. Todos nós estamos consternados com a situação", desabafou o parente.

Segundo o cunhado de João Paulo, a expectativa da família é de que as circunstâncias do caso sejam apuradas de "uma forma correta, ágil e evidente para que tudo seja esclarecido da melhor maneira possível. Se os fatos forem apurados de forma correta, isso evidentemente deixará de expor outras vítimas ao acidente. Foi a primeira vez de todo mundo [na tirolesa]", revelou. 

Crea realiza vistoria na tirolesa do Morro do Moreno(Fernando Madeira)

O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL

Após tomar conhecimento do conteúdo do vídeo, A Gazeta questionou a Polícia Civil nesta terça-feira (4) com o objetivo de saber se o material já estava sendo analisado pelos responsáveis pela investigação do acidente. 

Por nota, a corporação informou somente que "o caso foi encaminhado para Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa de Vila Velha, que aguarda o resultado da perícia realizada no local. Detalhes não serão divulgados durante as investigações para preservar a apuração do incidente".

Crea - ES realiza vistoria nas bases da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, para apurar acidente que causou a morte do engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis
O percuro da tirolesa tem 500 metros de distância. (Fernando Madeira)

A TIROLESA

O empreendimento foi inaugurado em dezembro de 2019. O topo tem uma altura de 173 metros acima do nível do mar e o ponto de chegada tem 95 metros. A descida tem um percurso de 500 metros.

A descida pela tirolesa é realizada em duas partes. A primeira, de 100 metros, é guiada. Ela sai da Praça das Antenas, com um posto de parada. A segunda etapa tem 400 metros de descida e pode chegar a 35 km/h. Nesta fase, um paraquedas controla a direção e velocidade até o fim, na Pedra da Testa.

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