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Caso da barriga aberta: um ano depois, vítima leva vida 'quase normal'

Caso da barriga aberta: um ano depois, vítima leva vida 'quase normal'

Advogado informa ainda que Gabriel, que sofreu lesões em praia de Guarapari, continua namorando Lívia, que foi denunciada pelo Ministério Público como autora das lesões; a expectativa deles é de que ela seja absolvida

Publicado em 24 de janeiro de 2023 às 18:26

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Praia do Ermitão. Local onde rapaz encontrado com barriga aberta em  Guarapari
Praia do Ermitão, local onde Gabriel Muniz foi encontrado com barriga aberta em Guarapari. (Arquivo pessoal e Google Earth)

Um ano após o misterioso caso em que um jovem foi encontrado na Praia do Ermitão, em Guarapari, com o abdômen aberto e o intestino exposto, Gabriel Muniz Tickersgill ainda se recupera das lesões, mas já leva uma vida “quase normal”. O caso aconteceu em 16 de janeiro do ano passado. 

Ele e a namorada, Lívia Lima Simões Paiva Pedra, continuam juntos, informou Lécio Machado, advogado que fez a defesa do casal durante alguns meses e que agora permanece acompanhando apenas a jovem.

“Gabriel está bem de saúde. Segue com o tratamento, se alimenta bem e tem apresentado uma recuperação acima das expectativas. Leva uma vida quase normal”, relata o advogado.

Caso da barriga aberta: um ano depois, vítima leva vida 'quase normal'

Processo na Justiça

Gabriel e Lívia foram à Praia do Ermitão fazer um luau de despedida em 16 de janeiro de 2022, considerando que a vítima iria viajar para o exterior no dia seguinte. Câmeras de videomonitoramento do acesso à praia revelaram que eles utilizaram o caminho das pedras.

No dia seguinte, ela acionou a família, pedindo socorro. Gabriel foi encontrado na praia com corte no abdômen e parte do intestino exposto. Lívia apresentava escoriações. O casal argumentou que foi vítima de um ataque.

A denúncia do MPES informa que o casal fez uso de droga (LSD). “Usando desse expediente, após as 20 horas, o jovem e a denunciada se deslocaram até a Praia do Ermitão (local proibido no período noturno), escolheram um lugar que iriam ficar e fizeram uso de bebida alcoólica, tiveram relação sexual, usaram drogas (LSD), tomaram banho de mar e passaram a ter alucinações devido ao uso de tais substâncias”, relata o texto.

Foi a partir desse momento que a namorada teria lesionado o rapaz de 21 anos. “Decorridas algumas horas, por motivação desconhecida e impulsionada pelos efeitos do uso das drogas, a denunciada, utilizando objeto cortante, golpeou a barriga do réu e o rosto dele”, diz o texto da denúncia.

Caso barriga aberta: Lesões apresentadas por Lívia Lima Simões Paiva Pereira, 20 anos, namorada do rapaz que teve abdômen aberto e intestino exposto em Guarapari
Caso barriga aberta: lesões apresentadas por Lívia Lima Simões Paiva Pereira, 20 anos. (Imagens obtidas em processo penal)

O documento aponta ainda que, segundo as investigações policiais, “nenhuma outra pessoa foi vista entrando ou saindo do local em que se desenrolou a cena criminosa, nem os envolvidos mencionaram sobre a existência de qualquer pessoa que os tenha agredido, estando apenas eles na Praia do Ermitão no momento do crime”.

Em abril do ano passado, a Justiça estadual aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPES) contra Lívia, tornando-a ré em processo penal. Ela foi apontada como a autora das lesões. O documento acompanhou ainda o indiciamento feito pela Polícia Civil.

Segundo o MPES, por motivação desconhecida e impulsionada pelos efeitos do uso das drogas, “a denunciada, utilizando objeto cortante, golpeou a barriga do réu e o rosto dele, causando-lhe as lesões gravíssimas estampadas nas fotos e vídeos juntadas aos autos (processo), bem como no prontuário médico, que determinaram a debilidade permanente do intestino delgado da vítima, deformidade permanente e fratura da cavidade nasal e seio maxilar”.

A lesão corporal grave está prevista no parágrafo 2º, do artigo 129, do Código de Processo Penal. É considerado um crime doloso, quando se tem a intenção ou foi assumido o risco de causar lesões. Na denúncia, não foi solicitada a prisão da jovem e ela deve responder ao processo em liberdade.

O inquérito policial, que serviu de base para a denúncia, aponta que no dia 16 de janeiro de 2022, durante a madrugada, na Praia do Ermitão, bairro Praia do Morro, em Guarapari, a namorada, Lívia, “agindo de forma livre e consciente, ofendeu a integridade física do namorado”, diz o texto da denúncia.

Expectativa de absolvição

De acordo com Lécio,  o Juizado da Segunda Vara Criminal de Guarapari deve marcar nos próximos meses  a audiência para ouvir Lívia, Gabriel, assim como outras testemunhas. E na sequência haveria a sentença.

Ele relata que Gabriel já fez o exame junto ao Departamento Médico Legal (DML) solicitado pela Justiça e entregou todos os documentos pedidos.

A expectativa, segundo o advogado, é de que Lívia seja absolvida das acusações. “Ela deve ser absolvida por falta de provas. Assim como Gabriel, ela também é uma vítima dos fatos ocorridos naquela praia”, assinala.

Na defesa da jovem entregue à Justiça estadual, Lécio Machado destaca a ausência de provas, de existência do crime e de autoria. Afirma que as agressões foram cometidas por “terceiros”.

“Estando ausente a prova de existência de crime, por falta de materialidade e indício de autoria, já que não há qualquer prova testemunhal, pericial ou documental que comprove as ações alegadas na inicial, deve Vossa Excelência absolver sumariamente Lívia”, assinala o advogado no documento.

Acrescenta que as principais testemunhas dos fatos são Lívia e Gabriel e que, nos casos dos crimes que são praticados às escondidas, na clandestinidade, o que se tem de prova é a palavra da vítima.

“Gabriel, em seu depoimento ao delegado, de forma clara e precisa, destacou que Lívia estava deitada na areia da praia, sobre uma canga a uma distância dele, quando ele foi atingido, atacado e perdeu a consciência”, informa Lécio, em sua manifestação à Justiça.

Caso da barriga aberta - namorada é absolvida pela Justiça

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