Mães do Espírito Santo, que como Maria, tiveram bebês fora do hospital
Mães do Espírito Santo, que como Maria, tiveram bebês fora do hospital. Crédito: Fernando Madeira

Benção e renascimento: as mães que, assim como Maria, tiveram bebês fora do hospital no ES

Mesmo sem, necessariamente, ter ligação religiosa com a história de Maria, as mulheres reproduzem o que a mãe de Jesus fez um dia: ter um filho fora do hospital, em um ambiente acolhedor e rodeado pela família

Tempo de leitura: 4min

O dicionário brasileiro indica que dar à luz significa pôr as crias no mundo. A língua portuguesa, no entanto, não é capaz de explicar a diversidade de maneiras como os bebês nascem. Dentro de um carro a caminho do hospital, em um parto domiciliar por falta de tempo ou até mesmo com uma programação para que o filho não nasça distante da família. Mesmo sem, necessariamente, ter ligação religiosa com a história de Maria, as mulheres reproduzem o que a mãe de Jesus fez um dia: ter um filho fora do hospital, em um ambiente acolhedor e rodeado pela família.

A história de Maria, claro, diferencia-se do que viveram três capixabas, na origem da gravidez. Maria ouviu do Anjo Gabriel a mensagem divina, contando que ela era cheia de graça e escolhida para ser a mãe de Jesus. A história conta que Jesus nasceu em uma manjedoura, na presença de animais. Mas o ambiente quentinho e cheio de amor, com certeza, foi algo em comum entre todas.

As histórias são contadas com emoção, brilho nos olhos de quem lembra o que aconteceu naquele determinado dia. No colo ou nos braços, o fruto do amor. A Gazeta reuniu três mulheres do Espírito Santo que tiveram bebês fora do hospital. Elas relatam sobre a experiência antes do parto, mas também o que mudou com a chegada dos filhos.

Larissa Lorenzutti: a caminho do hospital, Antônio resolveu nascer dentro do carro

O trajeto entre Vila Velha e Serra nunca mais será o mesmo para a estilista Larissa Lorenzutti, de 38 anos. Foi nesse percurso, no dia 8 de maio de 2021, que nasceu o pequeno Antônio. A personalidade classificada pela mãe como agitada condiz com a forma como o filho nasceu: no meio do caminho, dentro do carro, exigindo que a mãe fizesse uma ginástica para que tudo ocorresse da melhor forma.

Larissa Lorenzutti  e o filho, Antônio Lorenzutti, que nasceu dentro do carro
Larissa Lorenzutti e o filho, Antônio Lorenzutti, que nasceu dentro do carro. Crédito: Fernando Madeira

Larissa, o marido, Bruno, e a enfermeira obstétrica estavam dentro do carro, a caminho do hospital, localizado na Serra. Quando cruzavam a Grande Vitória, a mãe chegou a ser avaliada, mas tudo indicava que daria tempo.

"Tive uma avaliação ainda dentro do carro e vimos que ele não nasceria ali. Mas assim que voltamos a andar com o carro, a bolsa estourou. Logo em seguida ele nasceu. Foi uma grande aventura”, comentou.

Larissa Lorenzutti

Estilista 

"Foi tudo tão rápido. É claro que eu não estava preparada para ter o filho dentro do carro. Mas Deus nos prepara. Só conseguimos passar por aquilo que a gente tem força. E, na hora não tive nenhum medo, estava com uma parteira com habilidade. Eu não tive medo. A única coisa que eu queria era esquentar meu filho, foi minha única preocupação."

Larissa ainda conta que o filho leva o nome do avô paterno. O também Antônio, pai do marido de Larissa, morreu dentro de um carro. "Meu esposo só pensava nisso, uma vida que se foi e uma vida que Deus nos dá. Ele tinha que nascer dentro do carro”, afirmou, emocionada.

Aline de Almeida: a melhor decisão se repetiu, com duas filhas dentro de casa

A sementinha do parto domiciliar foi plantada para Aline de Almeida em 2013, pouco antes do nascimento da primeira filha. A ideia foi apresentada no fim da gestação, quando uma enfermeira sugeriu que a mãe tivesse a filha dentro de casa. Ela contou à reportagem de A Gazeta que dar à luz em seu próprio lar foi a melhor decisão possível.

Aline de Almeida e as duas filhas
Aline de Almeida e as duas filhas. Crédito: Fernando Madeira

“No outro dia, eu acordei na minha casa, tomei café na minha cozinha, domi na minha cama. Minha família chegou. Não foi algo planejado, mas também não foi sem assistência. O plano era ir para o hospital, mas aí eu falei não, não quero", comentou.

Maria Fernanda nasceu em 2013 e Catarina, em 2016. As duas vieram ao mundo em um lugar aconchegante e acolhedor.

Aline de Almeida

Doula

"Eu não só recomendo por ter passado pela experiência, mas também por ter visto a experiência com outras mulheres. Depois que eu tive minhas filhas de parto normal, de forma natural, eu fiz isso, ninguém fez por mim, eu sou outra pessoa."

Atualmente, Aline é doula e aconselha outras mães que têm o desejo de dar à luz em casa.

Pâmella Auer: sonho que era distante acabou caindo no colo

A costureira Pâmella Auer conta a história com prazer: Antonella veio ao mundo de forma natural, na velocidade que quis, oferecendo a maior alegria aos pais. O sonho de ter a filha em casa era distante por causa do valor a ser pago.

Pâmella Auer e a família
Pâmella Auer e a família. Crédito: Fernando Madeira

Pâmella Auer

Costureira

"Eu tive um sonho realizado. Porque era o meu sonho, eu tinha estudado muito. Mas eu não tinha dinheiro. Custava R$ 10 mil uma equipe completa. Era um sonho muito distante, mas caiu no meu colo como uma bênção. Ter essa experiência em casa, ver meu corpo trabalhando perfeitamente, eu fiquei muito emocionada."

Pâmella, que é uma mulher preta, ressalta que o fato de ter tido a filha em casa, em 2017, representou maior empoderamento feminino no parto. A costureira explicou que a ideia inicial era ir ao hospital, mas o parto evoluiu tão rápido que Antonella resolveu nascer ali mesmo, na casa da doula. O local serviria para a mãe ficar em um ambiente tranquilo antes do parto. Mas acabou virando um local de nascimento, como a manjedoura.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Espírito Santo Vitória (ES) gravidez Crianças

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.