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Após crise, Theatro Municipal do Rio terá seu 7º presidente em 4 anos

Após crise, Theatro Municipal do Rio terá seu 7º presidente em 4 anos

Aldo Mussi foi nomeado por Wilson Witzel para dirigir a instituição em caráter interino

Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 21:00

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Theatro Municipal do Rio de Janeiro completa 109 anos. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Foi publicada nesta terça-feira (8), no Diário Oficial do estado do Rio de Janeiro, a nomeação de Aldo Mussi para presidir, em caráter interino, o Theatro Municipal carioca.

Mussi, que já ocupou o posto de subsecretário de Cultura do estado, será o sétimo presidente da fundação em quatro anos. Ele assume no lugar de Ciro Pereira da Silva, ex-chefe de gabinete da fundação, que ficou no cargo por dois meses.

Procurada, a assessoria de imprensa da pasta estadual informou que a troca se deve apenas à mudança de gestão, com Wilson Witzel (PSC) tendo assumido o posto de governador em janeiro.

08/01/2019 - A partir da esq., Fernando Bicudo, a bailarina Ana Botafogo, o presidente interino Aldo Mussi e o ex-presidente, Ciro Pereira Silva. (Divulgação/Teatro Municipal do Rio)

Mussi acumulará outras funções: a vice-presidência do Theatro Municipal e o cargo de diretor interino da Sala Cecília Meireles.

Outra mudança se deve ao convite feito ao diretor André Heller-Lopes e ao maestro Luiz Fernando Malheiro para que sejam responsáveis por comandar a parte artística do Municipal. O primeiro se ocupará da direção artística, e o segundo será responsável pela direção musical.

À reportagem, Heller-Lopes confirmou o convite. "Eu e Malheiro estamos conversando todo dia e tomando ciência de toda situação", disse, completando que ambos estão "muito animados em poder ajudar" a instituição.

O Theatro Municipal vem se recuperando de uma forte crise que se arrastou por cerca de dois anos, reflexo da decadência econômica e política do estado do Rio de Janeiro como um todo.

A irregularidade no pagamento de salários no teatro começou no final de 2015, inicialmente apenas atrasando o dia do recebimento, até que os vencimentos começaram a se acumular. A instituição encerrou 2017 com funcionários endividados e artistas frustrados, após um ano sem apresentar nenhuma grande obra.

Muitos tiveram que recorrer a trabalhos extras para complementar a renda, e parte chegou a receber cestas básicas arrecadadas em campanha. No ano retrasado, os servidores fizeram ao menos três protestos na escadaria da casa para chamar a atenção para a situação.

Os salários só foram regularizados pelo estado em janeiro de 2018, duas semanas depois que Bicudo entrou na presidência. Ele foi escolhido após a bailarina Ana Botafogo recusar o posto por não ter recebido do governo Pezão a garantia de que os pagamentos seriam feitos.

Nos últimos quatro anos, a instituição teve seis presidentes. Nenhum ficou mais do que 19 meses no cargo.

No período, foram presidentes da fundação o maestro Isaac Karabtchevsky (jan. a jun.2015), o compositor João Guilherme Ripper (jun.2015 a fev.2017) e os secretários de Cultura André Lazaroni (mar. a nov.2017) e Leandro Monteiro (nov.2017 a jan.2018).

Logo depois, quem assumiu foi economista e produtor cultural carioca Fernando Bicudo, exonerado em novembro. Segundo o jornal O Globo informou à época, a exoneração teria ocorrido depois de uma discussão entre ele e o então secretário de Cultura, Monteiro.

O secretário teria pedido que Bicudo emprestasse o teatro de graça para a associação filantrópica Legião da Boa Vontade, para uma apresentação do Corpo de Bombeiros -Monteiro é coronel da corporação.

Bicudo, porém, teria dito que só o faria com aprovação do governador Fernando Pezão (MDB), irritando Monteiro. Os dois já haviam se desentendido antes por problemas com o repasse de verbas para a fundação.

Após a saída dele, assumiu Ciro Pereira da Silva, agora substituído por Mussi.

Os presidentes anteriores do Theatro Municipal do Rio:

- Isaac Karabtchevsky

Período: jan. a jun.2015

Por que saiu: pediu demissão após atrito

- João Guilherme Ripper

Período: jun.2015 a fev.2017

Por que saiu: foi demitido

- Milton Gonçalves

Período: 23.fev a 7.mar.2017

Por que saiu: não chegou a assumir; seu nome foi descartado por conflito de interesses

- André Lazaroni

Período: mar. a nov.2017

Por que saiu: foi exonerado da secretaria para voltar à função de deputado estadual

- Leandro Monteiro

Período: nov.2017 a jan.2018

Por que saiu: assumiu até Bicudo aceitar o cargo

- Fernando Bicudo

Período: jan. a nov.2018

Por que saiu: foi exonerado após atrito

- Ciro Pereira da Silva

Período: nov.2018 a jan.2019

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