Nova política não diz a que veio e práticas questionáveis continuam

Deputados federais e estaduais, além da família Bolsonaro, esbanjam privilégios bancados com a utilização de recursos públicos

Publicado em 07/08/2019 às 22h41
 Crédito: Marcelo Prest
Crédito: Marcelo Prest

O Brasil ainda não sabe no que consiste a nova política prometida por muitos dos eleitos no ano passado. O que se vê, entretanto, é a manutenção de práticas no mínimo questionáveis, em que sobra benefício pessoal de ocupantes de cargos públicos e falta comprometimento com os interesses do país.

Na Assembleia do Espírito Santo, por exemplo, os gastos com assessores de apenas um deputado chegaram a R$ 110 mil só no mês de junho – configurando verdadeiro acinte num país que desde 2015 enfrenta sua mais grave crise econômica da história. A informação saiu de um levantamento realizado pelo G.Dados, o grupo de jornalismo de dados da Rede Gazeta. Desculpas não faltam, principalmente as que exacerbam as dificuldades da atividade parlamentar. Não há ilegalidade, mas a imoralidade do gasto abusivo.

Já na Câmara, os dentes do deputado Marco Feliciano custaram uma fortuna que a maioria dos cidadãos não consegue juntar a vida inteira: R$ 157 mil. E a população pagou. O escândalo do tratamento dentário é o cartaz do momento na Casa. Porém, essa mordida no dinheiro público é só uma mostra do custo astronômico da saúde dos parlamentares, pago pelos eleitores. De janeiro a junho deste ano, a Câmara desembolsou nada menos de R$ 93 milhões com assistência médica e odontológica.

O mau comportamento é mostrado até pelo presidente da República, que deveria ser mais contido em respeito à sua autoridade. O clã comandado por Jair e seus três filhos mais velhos nomeou nas esferas do Executivo e do Legislativo nada menos de 102 pessoas ligadas por laços familiares em 28 anos. Há indícios de que não trabalharam efetivamente nos cargos. Além de vergonhoso, esse tipo de comportamento escancara portas à corrupção.

No casamento de Eduardo Bolsonaro, realizado em maio, o filho do presidente e cotado (pelo pai) para ser embaixador nos Estados Unidos, foi beneficiado com o uso de um helicóptero da FAB para transportar familiares e amigos. Isso derruba o discurso de campanha do pai, que falava em combate a privilégios. Mostra grande dificuldade de distinguir o que pertence ao Estado e, portanto, não deve ser para fins privados.

São notícias que causam indignação. O exercício da política é para o bem coletivo e não para o detentor do poder proteger interesses e patrimônio próprios.

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