Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 14:46
- Atualizado há 5 anos
Tão importante quanto uma eventual mudança na política de preços dos combustíveis, com a Petrobras sob o comando do general Joaquim Silva e Luna, é saber se a estatal manterá o plano estratégico de negócios traçado nas últimas gestões, dizem analistas. Especialmente em relação às vendas de ativos, com a prioridade dada à exploração do pré-sal e a saída de áreas menos rentáveis para a companhia. >
Silva e Luna, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar a presidência da estatal no lugar de Roberto Castello Branco, já veio a público dizer não ver possibilidade de interferência nos preços dos combustíveis, uma vez que a decisão sobre o tema é colegiada. Mas que é preciso enxergar, além dos acionistas e do lucro, o impacto causado pela empresa em toda a população. A intervenção foi feita após pressões dos caminhoneiros, por conta do aumento dos combustíveis.>
"As refinarias (que estão no programa de desinvestimento) vendem derivados", diz Gustavo Loyola, sócio da consultoria Tendências. "Se elas não pertencem mais à Petrobras, como ela vai poder controlar os preços?" Além disso, diz Loyola, a visão de generais não costuma historicamente ser pró-privatização. "Será que ele vai continuar nesse programa ou ter a confiança de potenciais compradores?", diz.>
Na prática, a dúvida dos analistas - e também dos investidores - é saber se Silva e Luna comandará a petroleira de maneira profissional ou se obedecerá às demandas do Palácio do Planalto. "O Silva e Luna é mais um pau mandado, mais um (ministro da Saúde, general Eduardo) Pazuello", diz Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central (BC), referindo-se à percepção de que o general à frente da Saúde teria permanecido no cargo apenas por não ter contestado as convicções de Bolsonaro em relação ao combate à pandemia, ao contrário de seus antecessores.>
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Para Sergio Werlang, também ex-diretor do BC, porém, o governo entende a necessidade de continuar o programa de vendas da Petrobras e a importância das privatizações em andamento. "Há (no governo) a compreensão de que a privatização é algo que ajuda a melhorar contas públicas e evita gastos públicos", diz Werlang. "Não vejo por que (a troca de comando) atrapalharia privatização da Eletrobrás ou dos Correios, colocando-se uma golden share, que dê conforto à ala mais nacionalista.">
O consenso é que a incerteza deve fazer o preço dos ativos cair. Aumenta a incerteza dos investidores interessados sobre o retorno dos negócios à venda e as áreas em que atuarão - o que reflete diretamente sobre o valor final de eventuais ofertas. "O problema é que um fato desse, com a Petrobras, é ainda mais grave porque a empresa já vem de processo extremamente traumático", afirma Carlos Kawall, da Asa Investments. >
Petroleira mais endividada do mundo, por conta da política de preços de petróleo artificial e de investimentos questionáveis na gestão Dilma Rousseff e alvo do escândalo da Lava Jato, a Petrobras veio se recuperando, ao longo dos últimos anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>
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