Publicado em 1 de outubro de 2020 às 19:28
O assessor especial do ministro Paulo Guedes (Economia), Guilherme Afif Domingos, disse nesta quinta-feira (1) que o plano de postergar o pagamento de precatórios para bancar a reformulação do Bolsa Família "é uma proposta esdrúxula, que não tem cabimento".>
Ele nega que a ideia, criticada pelo mercado financeiro e parlamentares, tenha partido da equipe econômica.>
"Isso é um assunto que bateu no ministério. E quero deixar bem claro. Eu acompanhei perante o ministro. Essa proposta não saiu do ministério", afirmou durante videoconferência.>
Nesta segunda-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e Guedes participaram de um ato, junto com líderes do Congresso, para anunciar que o novo programa social, que deve se chamar Renda Cidadã, seria financiado com a sobra de recursos que viria de uma limitação no pagamento de precatórios (dívidas do governo reconhecidas pela Justiça).>
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A explicação foi feita pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da proposta de Orçamento de 2021 e da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que corta despesas públicas em momentos de aperto fiscal.>
No entanto, Guedes estava ao lado quando Bittar fez o pronunciamento.>
Diante da reação negativa do mercado financeiro, o ministro da Economia defendeu nesta quarta-feira (30) o controle nos gastos com precatórios, mas barrou a ideia de usar essa fonte para bancar o programa Renda Cidadã.>
Agora, o governo tem um novo impasse para encontrar uma forma de viabilizar a ampliação e reformulação do Bolsa Família a partir de janeiro de 2021, quando se encerra o calendário de pagamento do auxílio emergencial.>
Afif reforçou o discurso da equipe econômica: as despesas com precatórios têm subido nos últimos anos e, por isso, precisam ser controladas, assim como outras despesas do Orçamento que crescem dessa forma.>
"Agora dizer que dali iria haver uma limitação para sobrar dinheiro para um programa de renda; isso não saiu do ministério. Portanto posso dizer com toda certeza que a posição do ministro [Guedes] é negativa. Ou seja, nós não vamos postergar dívida para arrumar dinheiro para fazer programas sociais", declarou o assessor do ministro.>
A principal crítica do time de Guedes à proposta é que o programa social seria permanente e, por outro lado, a trava ao pagamento de precatórios seria uma medida provisória para desafogar o Orçamento.>
A busca por opções de financiamento de um benefício social expandido é dificultada pelo teto de gastos, que limita o crescimento das despesas públicas à variação da inflação. Não há margem para que o governo simplesmente amplie o programa sem cortar outros gastos.>
Anunciada pelo governo nesta segunda-feira (28), a ideia seria postergar o cumprimento dessas decisões judiciais. Haveria uma trava, correspondente a 2% da receita corrente líquida (cerca de R$ 16 bilhões). O que não for pago dentro desse limite ficaria para os próximos anos.>
Mesmo sem a trava, o estoque dessas dívidas hoje já supera R$ 70 bilhões, segundo dados do governo.>
Se a medida -trava de 2% da receita corrente líquida- for aprovada, mais de um milhão de pessoas e empresas deixariam de receber o pagamento de precatórios por ano, segundo levantamento publicado pela Folha de S.Paulo nesta quarta (30).>
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