Publicado em 5 de junho de 2023 às 19:26
SÃO PAULO - O ex-diretor-presidente da Americanas, Sergio Rial, virou réu na última sexta-feira (2) em um dos processos abertos na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pela forma como denunciou uma inconsistência contábil na varejista, responsável pelo rombo de R$ 20 bilhões nas contas da companhia.>
Rial foi enquadrado em artigos da Lei das SA e de resoluções da CVM. Caso seja condenado, o executivo pode sofrer desde multa até a suspensão da autorização ou registro para o exercício de suas atividades no mercado.>
Segundo o processo administrativo sancionador, Rial é acusado de não ter guardado sigilo sobre uma informação sensível para a cotação da ação da empresa, a qual obteve de forma privilegiada em função do cargo, sem que ela tivesse sido ainda comunicada oficialmente pela própria companhia ao mercado.>
Esse tipo de informação deve ser comunicada ao mercado pelo diretor de Relações com Investidores, por meio de fato relevante anexado no site da CVM, segundo a Resolução 44, da Comissão de Valores Mobiliários. Rial, portanto, não teria seguido as normas que existem para comunicar esse tipo de informação.>
>
O primeiro comunicado sobre o escândalo na Americanas aconteceu via fato relevante assinado por Rial e pelo então diretor de Relações com Investidores da Americanas, André Covre, no dia 11 de janeiro.>
Mas as informações que constavam no documento não foram suficientemente claras, sendo explicadas posteriormente pelo próprio Rial em videoconferência, que teve acesso limitado a um pequeno número de investidores. Somente depois disso que o executivo gravou um vídeo público com os principais pontos abordados na videoconferência.>
Segundo trecho da Resolução 44 da CVM, "a divulgação e a comunicação de ato ou fato relevante (...) devem ser feitas de modo claro e preciso, em linguagem acessível ao público investidor", algo que, no entendimento do órgão, não aconteceu.>
"O emissor deve divulgar informações verdadeiras, completas, consistentes e que não induzam o investidor a erro", diz trecho de outra resolução da CVM, de n° 80, por meio da qual a Rial também foi acusado no processo.>
O documento também cita João Guerra, que assumiu a presidência da Americanas logo que Rial deixou o cargo após a denúncia. Guerra é acusado de não comunicar imediatamente a Bolsa de Valores e de não divulgar pela imprensa o acontecimento, que tem impacto relevante sobre os negócios da companhia e sobre as decisões dos investidores.>
Assim como Rial, se Guerra for condenado pode sofrer desde multa até a suspensão da autorização ou registro para trabalhar no mercado.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta