Publicado em 9 de julho de 2020 às 15:46
A demora para finalizar a negociação de um pacote de socorro com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a lenta retomada da demanda por voos influenciaram a decisão da Latam Brasil de incluir a filial no processo de recuperação judicial do grupo nos Estados Unidos nesta quinta (9), segundo o presidente da empresa, Jerome Cadier.>
"Em maio, a gente imaginava que estávamos mais próximos de encontrar um meio termo que satisfizesse o banco e a Latam para o financiamento do BNDES, e isso até agora não aconteceu. A gente esperava que isso acontecesse no fim de junho, e não se materializou", afirmou o executivo à Folha de S.Paulo.>
Pessoas familiarizadas com as tratativas disseram à reportagem que o BNDES foi pego de surpresa pelo anúncio da Latam. O banco tem buscado uma solução única de financiamento para atender Azul, Gol e Latam, o que na visão de Jerome Cadier não é o ideal.>
Com o ingresso oficial da Latam Brasil no processo de reestruturação negociado pela holding chilena do grupo nos EUA, a empresa pode obter recursos por meio de outros financiamentos por meio de empréstimos DIP (Debtor in Possession, que garantem ao credor prioridade no recebimento dos créditos).>
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"Existe um receio natural do BNDES de tomar decisões diferentes das corriqueiras, o DIP não é um mecanismo que o banco está acostumado a usar, como debêntures conversíveis. Temos conversado nas últimas semanas e direcionando as negociações [para um DIP]", afirma.>
Com a entrada da Latam Brasil no processo de recuperação judicial, qualquer aporte deve ser feito por meio desse mecanismo, de acordo com o executivo.>
O grupo Latam anunciou nesta quinta que formalizou a proposta de um DIP de US$ 1,3 bilhão do fundo Oaktree Capital Management. A proposta precisa ser aprovada pela corte de Nova York.>
Os recursos complementam o aporte de US$ 900 milhões anunciados em maio pela empresa, prometido pela Qatar Airways e pelas famílias Cueto e Amaro, controladoras da empresa.>
A retomada da demanda por voos tem sido mais lenta que o esperado, segundo Cadier. A Latam Brasil opera hoje com 20% da sua capacidade e prevê chegar ao fim do ano a níveis entre 50% e 60%.>
"A gente não imaginava uma recuperação tão lenta. Ela existe, mas é volátil e muda toda semana. A recuperação, principalmente no internacional, é mais lenta do que tínhamos imaginado", disse o executivo.>
A Latam Brasil hoje é a companhia aérea brasileira com a maior fatia da receita vinda de voos internacionais. Segundo Cadier, a empresa tem 1.300 pilotos no Brasil destinados a voar em rotas internacionais, contra 700 que operam voos domésticos.>
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