Publicado em 1 de setembro de 2020 às 18:29
Na terça-feira (1º) em que a economia brasileira registrou retração inédita de 9,7% no segundo trimestre de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não comentou a queda histórica do PIB, e realizou uma cerimônia no Palácio do Planalto com forró, exibição de vídeo de sua campanha de 2018 e emoção.>
Durante cerca de uma hora, o presidente participou de uma agenda em homenagem ao músico paraibano Pinto do Acordeon, morto em julho. O artista compôs o jingle da campanha presidencial de Bolsonaro, em 2018.>
A cerimônia, que não pôde ser acompanhada pela imprensa, mas foi transmitida pela TV estatal, contou com a execução de músicas num acordeon, como o Hino Nacional e Asa Branca.>
O presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), Gilson Machado, tocou o instrumento, assim como tem feito repetidas vezes nas lives semanais de Bolsonaro, o que lhe deu destaque.>
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De máscara, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, discursou abraçada à viúva do artista, Maria Madalena -que não usava o equipamento de proteção- e lembrou da execução do jingle.>
"O senhor Pinto marcou as nossas vidas com as suas canções e deixou sua marca na história da política brasileira e com seu jingle, que estará marcado em nossos corações eternamente", disse Michelle.>
"Como o presidente não vai falar, a gente vai ouvir agora o jingle: é de norte a sul, é de leste a oeste, e o Brasil todo votando 17. Na época era o 17, né, Cícero?", afirmou a primeira-dama, fazendo referência ao número do PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu.>
Durante a exibição da peça eleitoral, Bolsonaro chorou e as imagens da propaganda eram intercaladas na transmissão da TV pública com closes do presidente emocionado. Ele, então, resolveu discursar.>
"Eu nunca sonhei com este momento", iniciou Bolsonaro.>
Em sua fala, ele não fez qualquer menção ao dado econômico divulgado horas antes, a retração inédita de 9,7% no segundo trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores, segundo dados do IBGE.>
Esse foi o período mais intenso dos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, como mostraram também dados de outros países. A expectativa é que a economia tenha voltado a crescer no terceiro trimestre, mas há dúvidas sobre o ritmo de recuperação, principalmente por causa das sequelas no mercado de trabalho e da situação fiscal do país.>
Em relação ao mesmo período de 2019, o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 11,4%. Ambas as taxas foram as quedas mais intensas da série, iniciada em 1996, segundo o IBGE.>
No discurso, Bolsonaro disse que "oportunistas" se aproximaram dele durante a campanha e, ao falar da facada que levou em setembro de 2018, fez críticas ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro, mas sem citá-lo nominalmente.>
"Aconteceu uma passagem esquisita e eu acho que esta investigação poderia ter chegado ao fim se tivesse escolhido melhor um ministro meu, que, lamentavelmente, não se comportou como toda a população sabia ou esperava dele se comportar", disse o presidente.>
Bolsonaro também afirmou que "só Deus sabe" o que ele passa como presidente da República e que muitas vezes sofre sozinho.>
"Não queiram a minha cadeira. Com todo respeito, não sou super-homem, mas não é para qualquer um. Tem que estar muito bem preparado psicologicamente, ter coro duro e ver como alguns zombam da nossa nação", afirmou.>
"Se tivesse uma filmadora ou um microfone ali dentro [no gabinete] daria várias horas de um capítulo que acho que mudaria o destino da nação. Mas a gente vai fazendo a nossa parte.">
Ele disse ainda que era o único candidato diferente há dois anos e que "parece e tenho o sentimento que estamos realmente fazendo a coisa certa".>
Ao fim do discurso, ele voltou a se emocionar. Assim que terminou de falar, Bolsonaro deixou o local, antes mesmo do fim da cerimônia.>
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