Publicado em 28 de setembro de 2020 às 11:38
Em meio ao processo de reabertura da economia, na esteira da pandemia do novo coronavírus, as concessões dos bancos no crédito livre subiram 0,5% em agosto ante julho, para R$ 287,9 bilhões, informou nesta segunda-feira (28), o Banco Central (BC). No ano, o avanço acumulado foi de 2,7% e, nos 12 meses até agosto, de 8,0%. >
Estes dados, apresentados agora pelo BC, não levam em conta ajustes sazonais. Os números são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas, em especial nos meses de março e abril. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos. O BC não divulga dados sobre o quanto a procura por crédito aumentou - mas apenas sobre o quanto foi concedido.>
Em agosto, no crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 2,1%, para R$ 153,3 bilhões. Em 12 meses até agosto, há alta de 3,0%.>
Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões recuaram 1,3% em agosto ante julho, para R$ 134,6 bilhões. Em 12 meses até agosto, o avanço é de 13,6%.>
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A taxa média de juros no crédito livre caiu de 27,3% ao ano em julho para 26,7% ao ano em agosto. Em agosto de 2019, essa taxa estava em 37,2% ao ano.>
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 39,9% para 39,0% ao ano de julho para agosto, enquanto para as pessoas jurídicas ficou estável em 12,4% ao ano.
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Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 111,7% ao ano para 112,6% ao ano de julho para agosto. No crédito pessoal, a taxa passou de 32,6% para 30,0% ao ano.
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Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Desde 6 de janeiro de 2020, o BC aplica uma limitação dos juros do cheque especial em 8% ao ano (151,82% ao ano).
>Além da limitação do juro, os dados agora divulgados refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.>
Os dados divulgados pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros permaneceram em 18,9% ao ano em agosto.>
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 19,2% ao ano em julho para 18,7% ao ano em agosto. Em agosto de 2019, estava em 24,8%.
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Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,4 ponto porcentual em agosto ante julho, aos 17,9% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
>O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 1,9% agosto ante julho, para R$ 3,736 trilhões, informou o BC. Em 12 meses, houve alta de 12,1%.>
Em agosto ante julho, houve alta de 1,5% no estoque para pessoas físicas e alta de 2,4% para pessoas jurídicas. De acordo com o BC, o estoque de crédito livre também avançou 1,9% em agosto, da mesma forma que o crédito direcionado apresentou alta de 1,9%.
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No crédito livre, houve alta de 1,6% no saldo para pessoas físicas no mês passado. Para as empresas, o estoque avançou 2,2% no período.
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O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) foi de 51,0% para 51,9% na passagem de julho para agosto.
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As projeções do BC, atualizadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) da semana passada, indicam expansão de 11,5% para o crédito total em 2020. A projeção para o crédito livre em 2020 é de alta de 12,5%. Já expectativa para o crédito direcionado é de elevação de 10,1%.
>Em meio à pandemia do novo coronavírus, o spread em operações de crédito apresentou redução. Dados do Banco Central agora divulgados mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 23,0 pontos porcentuais em julho para 22,3 pontos porcentuais em agosto.>
O spread médio da pessoa física no crédito livre foi de 35,2 para 34,2 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 8,7 para 8,6 pontos porcentuais.>
O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.>
O spread médio do crédito direcionado seguiu em 4,4 pontos porcentuais na passagem de julho para agosto. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 15,4 para 15,0 pontos porcentuais no período.>
Com as famílias em dificuldades para fechar as contas durante a pandemia do novo coronavírus, em meio à retração da atividade e ao desemprego, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caiu 1,8 ponto porcentual de julho para agosto. A taxa passou de 312,0% para 310,2% ao ano.>
O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades como o que agora vivemos. >
O juro do rotativo é uma das taxas mais elevadas entre as avaliadas pelo BC. Dentro desta rubrica, a taxa da modalidade rotativo regular passou de 279,2% para 270,3% ao ano de julho para agosto. Neste caso, são consideradas as operações com cartão rotativo em que houve o pagamento mínimo da fatura.>
Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.>
Atualmente, porém, o risco de inadimplência aumentou, justamente porque muitas famílias estão enfrentando redução de renda, na esteira da pandemia. >
Em meio à pandemia do novo coronavírus, o saldo de crédito para as empresas do setor de agropecuária subiu 3,6% em agosto, para R$ 29,328 bilhões, informou o Banco Central.>
Já o saldo para a indústria avançou 1,8%, para R$ 697,581 bilhões. O montante para o setor de serviços teve alta de 2,9%, para R$ 909,288 bilhões.>
No caso do crédito para pessoa jurídica com sede no exterior e créditos não classificados (outros), o saldo subiu 4,6%, aos R$ 10,235 bilhões.>
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