Publicado em 19 de setembro de 2019 às 21:38
A reforma da Previdência deu mais um passo nesta quinta-feira (4) com a aprovação do relatório principal e derrubada de oito destaques (alterações) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Para a proposta não ter que voltar à Câmara, os senadores optaram por fazer todas as mudanças em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) paralela, que terá que passar pelo crivo dos deputados.>
Com as mudanças propostas na PEC paralela, a economia total para o governo federal prevista com a reforma da Previdência será de R$ 962 bilhões em dez anos, segundo cálculos apresentados pelo relator da medida, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).>
Essa conta inclui o texto principal, já aprovado na Câmara, e as novas regras que constam na PEC paralela.>
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Considerando apenas o texto principal da reforma, ou seja, o projeto que veio da Câmara e que sofreu mudanças, a economia projetada é de R$ 870 bilhões para a União, abaixo dos cerca de R$ 900 bilhões que eram estimados pelo Ministério da Economia, quando a proposta foi aprovada pelos deputados em julho.>
Isso porque, contra a vontade da equipe econômica, o relator mudou as novas regras da pensão por morte para assegurar que o valor do beneficio não seja inferior a um salário mínimo para todos os segurados e suprimiu um ponto que incluía na Constituição o critério de renda para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC).>
Além disso, ele incluiu no relatório aprovado uma fase de transição para a idade mínima de aposentadoria para trabalhadores que lidam com atividades prejudiciais à saúde, como em minas, por exemplo.>
Para compensar essas "desidratações", o relator incluiu na PEC paralela novos dispositivos que permitirão ao governo federal elevar sua arrecadação, como a cobrança gradual de contribuições de entidades filantrópicas, exportadores e de empresas optantes do Simples Nacional, que hoje são isentos.>
Por isso, considerando os dois textos juntos, a economia com todas as mudanças sobe para R$ 962 bilhões.>
O que ainda é dúvida>
A questão é que o relator acabou acolhendo algumas emendas de parlamentares, o que deve reduzir essa estimativa. Os números do impacto ainda não foram divulgados. Entre as mudanças estão a criação de benefício para crianças em situação de pobreza e supressão da regra que impossibilitava anistiados políticos de acumularem indenização com aposentadoria ou pensões.>
Outra mudança não contabilizada nesses números é a adoção, de regras diferenciadas para policiais federais, após a CCJ aprovar emenda do líder do governo no Senado, Major Olímpio (PSL-SP) que garante o direito à integralidade (último salário da carreira) e paridade (mesmo reajuste salarial dos ativos) para os policiais que ingressaram na carreira até a data de promulgação da PEC.>
Com Estados e municípios, economia pode chegar a R$ 1,3 trilhão>
A principal mudança da PEC paralela é a previsão de inclusão de Estados e municípios na reforma. O problema é que isso não será feito de maneira automática. Para que cada ente possa aplicar as mudanças previdenciárias a seus servidores, será preciso aprovar um projeto de lei nas Assembleias Legislativas, no caso dos Estados, e nas Câmaras municipais, no caso das cidades.>
Se todos os Estados e municípios com regime próprio de Previdência adotarem integralmente as regras do regime previdenciário dos servidores federais, a economia total da reforma da Previdência pode saltar para R$ 1,3 trilhão em dez anos segundo o parecer do senador Tasso Jereissati.>
Isso considerando que só a redução dos aportes dos governos estaduais e municipais em seus regimes próprios totalizaria R$ 350 bilhões em dez anos.>
No caso do Espírito Santo, a previsão dada inicialmente pelo Ministério da Economia em abril - não atualizada após mudanças na Câmara e no Senado - era de que a economia do governo estadual em dez anos seria de R$ 5,63 bilhões, valor que o Estado deixaria de gastar com o pagamento de aposentadorias, pensões e demais benefícios dos servidores estaduais civis ligados ao Instituto de Previdência dos Servidores do Espírito Santo (IPAJM).>
Assim, governadores e prefeitos terão que submeter um projeto de aplicação da reforma a seus legislativos e carregar o desgaste político de aprovar medidas impopulares. A missão deve ser árdua para todos os entes, mas ainda mais para municípios, que se aproximam de novas eleições que acontecerão no ano que vem.>
Os próximos passos da reforma>
Após o passo importante dado nesta quarta (4) passando pela CCJ no Senado, o texto principal da reforma da Previdência agora segue para tramitação no plenário do Senado. Se a proposta principal receber sugestões de novas modificações no plenário, o que exige 27 assinaturas de senadores, ela precisa voltar para a CCJ para que as emendas sejam apreciadas pelo relator.>
Para ser aprovada, a reforma será apreciada em dois turnos, com aprovação de pelo menos 41 senadores em ambos.>
A proposta principal que veio da Câmara e teve sua espinha dorsal mantida apesar da retirada de alguns pontos poderá ser promulgada logo após a aprovação em dois turnos.>
Já a PEC paralela terá de retornar obrigatoriamente para a CCJ, se receber emendas ou não. Na Comissão, será designado um relator que vai elaborar um parecer e ele será votado normalmente quanto à sua admissibilidade. A tendência é que o senador Tasso Jeiressati seja escolhido também como relator desse texto. Só depois disso, essa PEC será encaminhada ao plenário do Senado para votação em dois turnos.>
Depois de aprovada em dois turnos no Senado, a PEC paralela iria para a Câmara, onde passará pela CCJ da Casa, por uma comissão especial e pelo plenário, também em dois turnos - onde será necessário 308 votos para ser aprovada.>
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