Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 22:18
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O resultado da mais recente pesquisa Datafolha aumentou a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro para que melhore a articulação política no Congresso e apresente resultados mais concretos de recuperação da economia.>
O levantamento publicado neste domingo (8) mostrou que a lenta recuperação da atividade econômica ajudou o presidente a frear a perda de popularidade. >
A taxa de aprovação ao seu governo oscilou de 29% para 30%, no período de agosto a dezembro. O núcleo político do governo avaliou o resultado como animador. O grupo ponderou, no entanto, que, caso queira disputar a reeleição com chances de vitória, o presidente precisa reduzir o índice de reprovação, hoje em 36%.>
Para isso, cobram do ministro da Economia, Paulo Guedes, uma recuperação mais sólida da economia, com um crescimento maior do PIB (Produto Interno Bruto) e reduções expressivas tanto do índice de desemprego como da inflação.>
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A taxa de desemprego vem diminuindo, com a criação de novos postos de trabalho, mas nas regiões mais pobres do país mais da metade dos empregados ocupa vagas informais, sem carteira assinada. Em novembro, o preço da carne elevou a inflação para 0,51%, o pior novembro em quatro anos.>
Na avaliação de assessores presidenciais, o crescimento da economia, mesmo que lento, é um indicador importante, mas a inflação e o desemprego têm peso maior na percepção da população. Para eles, sem uma melhora nesses dois índices, a reprovação não cairá e a aprovação pode diminuir em longo prazo.>
Um auxiliar palaciano lembra que a população costuma ser mais tolerante com um presidente em início de mandato. Ele pondera, no entanto, que a "paciência pode diminuir" caso Guedes não viabilize um ritmo maior de crescimento "já em 2020".>
O Datafolha mostrou, por exemplo, que a maioria da população percebe que a retomada da economia ainda é pouco vigorosa. Para 55%, a crise que o Brasil atravessa deve demorar para acabar, e o país não voltará a crescer com força tão cedo.>
A cobrança por uma recuperação econômica robusta, de preferência já no ano que vem, não é feita apenas pelo núcleo político do Planalto.>
No Congresso, até mesmo deputados e senadores simpáticos ao governo cobram de Guedes melhores resultados. Eles ainda exigem que o presidente faça mudanças na condução da articulação política do Executivo com o Legislativo, avaliada como atrapalhada e ineficiente por líderes partidários.>
Membros de cúpula dos partidos do centrão ouvidos pela reportagem dizem que mesmo com todas as críticas feitas ao longo do ano não houve melhora significativa. >
Eles dizem, por exemplo, que as siglas veem com ceticismo a possibilidade de o governo pagar emendas de bancada, como as que serão destinadas por crédito complementar em um projeto que pode ser votado nesta semana. >
Caso isso não seja cumprido, pode azedar ainda mais a relação entre congressistas e Executivo.>
As reclamações vêm aumentando ao longo dos meses. O líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), afirmou na semana passada durante entrevista à Folha de S.Paulo e ao UOL que a articulação do governo com o Congresso é nula.>
Os congressistas também questionam a demora do governo para mandar projetos de temas considerados prioritários, como a reforma administrativa e tributária. >
Elas só devem chegar ao Congresso em 2020, ano de eleição municipal em que tradicionalmente os trabalhos nas Casas ficam mais lentos --algo que pode comprometer a aprovação de projetos com resistência de parte do plenário, como é o caso das reformas. >
Nesta segunda-feira (9), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que os resultados são bons para que Bolsonaro compreenda "que essa é a agenda que vai tirar o Brasil da crise". >
"São louros de todos, acho que todos no Brasil compreenderam que só há um caminho para o Brasil sair da situação que vem passando nos últimos anos, que é uma recuperação econômica", afirmou após evento em São Paulo. >
"Ótimo que ele esteja tendo bons resultados ou pelo menos controlando o crescimento da rejeição, acho que é bom para ele compreender que essa é a agenda que vai tirar o Brasil da crise e que vai melhorar a avaliação deles.">
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