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Anchieta perde 74% do PIB sem a operação da Samarco

Anchieta perde 74% do PIB sem a operação da Samarco

Crise do petróleo também teve impacto na economia da cidade

Publicado em 15 de dezembro de 2018 às 01:06

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Quarta Pelotização da Samarco, em Anchieta: atividades paralisadas desde a tragédia em Mariana. (Fernando Madeira)

O que já era sentido na pele pelos moradores de Anchieta agora foi comprovado pelos números. Com o desastre do rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em novembro de 2015, que fez a unidade da empresa na cidade fechar as portas, a economia municipal foi ladeira abaixo. Como reflexos, alto desemprego, falência de empresas e queda da arrecadação pública, cenário que fez o PIB (Produto Interno Brunto, soma das riquezas produzidas) do município cair impactantes 73,7% em 2016, a maior retração econômica entre as cidades capixabas.

Enquanto em 2015 as riquezas produzidas na cidade somavam R$ 2,7 bilhões, em 2016, elas foram de R$ 713 milhões em valores correntes. Os números consolidados do PIB dos municípios de 2016 foram divulgados ontem pelo IBGE e pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). As contas municipais são divulgadas com dois anos de defasagem.

“Se na economia estadual, em 2016, a gente já teve uma redução de 5,2%, muito em função do peso da Samarco, em Anchieta isso se dá numa proporção muito maior. A matriz econômica do município é essa”, explica a diretora-presidente do IJSN, Gabriela Lacerda.

A dependência é tamanha que, segundo o secretário municipal da Fazenda, Dirceu Mattos, a Samarco representava 70% do PIB do município. “Essa queda do PIB é justamente esses 70% indo embora e trazendo essas consequências. O desemprego aqui chegou a 23%, o comércio foi prejudicado, o ISS caiu muito, e agora também teremos o impacto da redução da participação no ICMS, que é calculado com base em operações comerciais, e que só desse ano para 2019 vamos perder R$ 40 milhões”.

Não bastasse o baque da paralisação da Samarco para a economia, Anchieta ainda sofreu um outro golpe. A segunda maior atividade econômica municipal, que é o petróleo, também teve em 2016 um dos piores anos da história, com uma queda vertiginosa do preço internacional do barril do petróleo e da produção. Naquele ano, a arrecadação de royalties representava 6% da receita do município. “Isso a gente só está recuperando agora, em 2018, e tem sido o que está nos ajudando a passar por este momento”, comenta Dirceu.

Mas para a retomada efetiva da economia do município, só a retomada das atividades da mineradora, segundo o secretário. Essa esperança, no entanto, fica só para 2020. Segundo o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela, o “retorno das operações com pelota e de exportação está previsto para janeiro de 2020”, disse em entrevista ao jornal mineiro “O Tempo”.

DIVERSIFICAÇÃO

A queda na atividade econômica também fez diminuir o PIB per capita de Anchieta, que caiu de R$ 98,2 mil por pessoa em 2015 para R$ 25,3 mil em 2016. Com isso, a cidade, que tinha o 45º maior PIB per capita do Brasil e terceiro maior do Estado, agora está na posição 1.475 a nivel nacional, e no 12º lugar no Estado.

Para o economista Eduardo Araújo, os dados apontam a necessidade de diversificar a economia local. “Não dá para depender apenas de um setor, ou uma empresa. É um desafio grande buscar essa diversificação da matriz econômica, com outros setores, mas que precisa ser feito. Sobretudo pelo setor público, para garantir a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da economia”, destaca.

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