
Os protestos que estão acontecendo no Chile não devem ser vistos e interpretados de forma isolada de um contexto mais amplo de movimentos de mesmo teor que vem se alastrando no mundo. E não é de agora. Se bem observarmos, e isso numa escala global de movimentações, vamos verificar que em grande medida raízes mais profundas foram plantadas e gestadas ainda no bojo da crise de 2007-08.
E a raiz mestra, se é que podemos assim chamar, e que vem se transformando em fio condutor da nitroglicerina social que vez e outra eclode aqui e acolá, pode estar na forma como a maioria dos países estruturaram e conduziram as suas respectivas políticas econômicas, mais reativas que construtivas àquela crise. Lembremo-nos do “Occupy Wall Street” – Ocupa Wall Street - em setembro de 2011, em Nova York.
Veja também
O que se buscava demonstrar ali era a insatisfação, e mais que isso, uma verdadeira indignação em relação a tais políticas, que acabaram penalizando mais fortemente a grande massa da classe média americana, enquanto de outro lado mantinham-se os privilégios aos mais ricos, em especial aqueles do mercado financeiro.
Assim como nos protestos de 2013 no Brasil, o estopim no Chile foi o aumento nas tarifas de transporte público. Eventos bem pontuais. Nos dois eventos, no entanto, o que acabou emergindo, e de forma caótica, mas isso não importa, foram sentimentos de verdadeira revolta, que foram trazidos a público através de um conjunto diversificado e multifacetado de expressões de insatisfação, que acabaram se transformando em inúmeras “bandeiras”. No Brasil, evoluiu para o “impedimento” de Dilma e uma profunda crise política que produziu o cenário que temos hoje na política e por consequência na economia.
O certo é que poucos imaginariam os episódios de protestos como atualmente em curso no Chile. Afinal, aquele país vem de um histórico exitoso de crescimento econômico, já fazendo parte de uma elite privilegiada de economias que ultrapassaram a linha divisória do desenvolvimento, com um PIB per capita que chega a US$ 25.000. Porém, o que se pode depreender desses protestos é que não basta crescer. É preciso sobretudo distribuir e incluir. Uma mensagem que também serve para o nosso Brasil
Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido possível