O dia 14 de julho, que transcorreu no último domingo, foi escolhido para celebrar o Pensamento Livre. É a data da Queda da Bastilha (1789). Na França é feriado nacional.
> Liberdade de pensamento é direito garantido na Constituição
Tive a oportunidade de passar um 14 de Julho naquele país. A Queda da Bastilha transcende em muito os limites do território francês. Simboliza a queda de todas as restrições que sejam impostas ao pensamento, a queda de todas as censuras.
Mesmo as ideias que merecem a mais profunda repulsa devem ser conhecidas e debatidas.
Nenhum ditador, nenhum déspota será capaz de aprisionar o pensamento humano, ainda que esta seja sua maior ambição.
O pensamento é livre, como livres são os pássaros, como livres são as árvores ao balanço do vento, como livres são os sonhos dos poetas e livres são os projetos de mundo dos que pretendem construir a utopia.
Aqueles, que na sua insanidade quiseram subjugar o espírito, puderam impedir que o pensamento fosse manifestado utilizando a censura.
E, como ultima ratio (razão final), através do aprisionamento dos que escreviam o proibido e lutavam pelas reformas indesejadas pelos donos do poder.
A vitória do inimigo da liberdade é sempre provisória. Pode durar 100 anos, mas não dura eternamente.
O texto proibido hoje será conhecido amanhã. Quando o pensamento encarcerado romper as algemas, sua repercussão será ainda maior para castigo do censor.
Gerações sucessivas glorificarão os autores e pensadores feridos em sua liberdade.
Seus livros serão lidos, suas ideias serão divulgadas e orientarão o destino humano.
O nome dos que pretenderam domar o espírito será lembrado com desprezo, o mesmo desprezo e asco com que se fala o nome dos estupradores.
Vivemos no Brasil, felizmente, um momento histórico de liberdade. Essa liberdade não nos foi dada. Foi conquistada.
Muitos sofreram perseguição para que desfrutemos hoje deste direito.
Mas a luta não terminou. Ainda temos de alcançar a essência da democracia, atentos à convocação de Plínio de Arruda Sampaio: “Na democracia das elites, as massas podem ser objeto da política. Não podem ser sujeito dela.”
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