Igreja de Nossa Senhora de Belém, Viana
Igreja de Nossa Senhora de Belém, Viana. Crédito: Ricardo Medeiros

Ruínas de Belém: igreja destruída em Viana já foi local de caça ao tesouro

As ruínas da Igreja Nossa Senhora de Belém estão localizadas às margens da BR 101, em Viana, no alto de uma colina. Ensaio fotográfico revela a condição de abandono do sítio

Quem passa pela BR 101 Sul, em Viana, na altura do bairro Jucu, encontra no alto de uma colina  as ruínas da Igreja Nossa Senhora de Belém. Mas não imagina que a destruição do patrimônio foi causada por um incêndio e pela construção da rodovia, mas acelerada por uma caça ao tesouro.

Conhecida na região como “Ruínas de Belém”, o sítio integrava uma antiga fazenda de mesmo nome, uma propriedade considerada de destaque no século XIX. Segundo informações do catálogo da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) sobre o patrimônio cultural do Estado, a igreja se integrava à casa da fazenda, constituindo um tipo muito conhecido de estruturas arquitetônicas rurais.

A Igreja foi alvo de um incêndio que destruiu parte de sua arquitetura, deixando marcas que ainda são visíveis. Mas, segundo do catálogo da Secult, outros fatores também afetaram a sua estrutura.

Um deles a construção da BR 101. A obra de rodovia, executada a partir de 1950, “foi a principal responsável pelo arruinamento parcial da igreja quando, um corte de terreno executado nas proximidades da sacristia comprometeu sua estabilidade”, diz o catálogo.

Porém, a ação considerada mais devastadora, associado ao impacto da estrada, foi a caça ao tesouro. “Talvez de repercussão mais devastadora, a busca de um tesouro, supostamente enterrado no interior da nave, parece ter sido a responsável mais significativa da destruição promovida no edifício”, explica o texto do livro.

A professora Renata Hermanny de Almeida, do departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que participou da elaboração do catálogo, diz que a igrejinha perdeu o seu altar-mor e a sacristia no desmoronamento, decorrente da construção da rodovia. “Foi um dano significativo que eliminou um espaço importante”, relata.

Na sequência, houve ainda a procura por um suposto tesouro que teria sido enterrado na igreja. “Com a escavação, destruíram o piso, saíram furando as paredes”, relata. Em novembro de 1993, o conjunto arquitetônico foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.

AÇÃO DO TEMPO

Apesar de não apresentar a imponência que tinha antes da destruição, as Ruínas de Belém ainda mantém seu charme. Uma visita ao local feita por nosso fotógrafo, Ricardo Medeiros, revela detalhes de sua arquitetura e o seu estado de abandono, com o mato invadindo o espaço da edificação.

A ação do tempo e algumas plantas já tomam conta do que restou do prédio. Há ainda pichações em suas paredes. Um abandono, observa a professora, causando também pelo desuso e pela falta de vinculação com os locais do entorno. “O desuso é o pior dano para um edifício. Se há uma utilização, cria-se uma relação com o espaço e a sua preservação. Um projeto que inclua um parque de visitação, um local para as pessoas visitarem, terem informações sobre a história, irem com as famílias, terem espaço para uma alimentação, para criarem vínculos”, observa.

A professora finaliza lembrando que a igreja faz parte dos registros da história do Espírito Santo. “É importante, não por ser igreja, mas por pertencer a um tempo remoto, mesmo nem tão antigo. É um registro da nossa história. Vestígios que nos dão noção da passagem do tempo, importantes em uma sociedade tão obcecada pelo presente, muito movida pelo novo”, pondera.

Igreja de Nossa Senhora de Belém
Igreja de Nossa Senhora de Belém. Crédito: Ricardo Medeiros
Igreja de Nossa Senhora de Belém
Igreja de Nossa Senhora de Belém. Crédito: Ricardo Medeiros
Igreja de Nossa Senhora de Belém, Viana
Igreja de Nossa Senhora de Belém,Viana. Crédito: Ricardo Medeiros
Igreja de Nossa Senhora de Belém, Viana
Igreja de Nossa Senhora de Belém,Viana. Crédito: Ricardo Medeiros
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Igreja de Nossa Senhora de Belém,Viana. Crédito: Ricardo Medeiros

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