> >
STF arquiva pedido de indenização para índios atingidos pela ditadura

STF arquiva pedido de indenização para índios atingidos pela ditadura

Alexandre de Moraes aceita solicitação da PGR; ação pedia reparação a guaranis afetados pela construção de Itaipu

Publicado em 31 de outubro de 2019 às 09:40

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Base de proteção a índios isolados na Amazônia volta a ser atacada a tiros. (Divulgação Portal IPHAN)

A pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, o ministro relator do caso no Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, extinguiu nesta quarta-feira (30), sem julgamento do mérito, a ação ajuizada pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge que pedia indenização para indígenas guaranis atingidos pela construção da hidrelétrica Itaipu durante a ditadura militar (1964-1985).

A ação foi ajuizada por Dodge em setembro, a poucos dias do final do seu mandato. O novo procurador-geral, escolhido por Bolsonaro fora da lista tríplice do Ministério Público Federal, pediu o arquivamento na última segunda-feira (28).

Na última hora, os indígenas, representados pela Comissão Guarani Yvyrupa, ainda peticionaram nos autos para pedir que o Supremo garantisse o andamento da ação e aceitasse a inclusão deles nos autos como parte interessada, mas o ministro não chegou a mencionar a peça na sua decisão de arquivamento.

Ao pedir a extinção do processo, Aras argumentou que são necessários mais estudos e que o assunto é complexo.

Na sua petição, os indígenas disseram que é "contraintuitivo que o inquérito civil, iniciado há mais de dez anos, em 2008, na Procuradoria da República no município de Foz do Iguaçu e que foi concluído neste ano, já sob a condução da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal e pela própria Procuradora Geral da República, demande mais estudos prévios".

Para os indígenas, a extinção da ação "poderia ser interpretada, por um lado, como desperdício do dinheiro público, ofensa aos princípios da economia e celeridade processual, mas por outro lado transparece completo desrespeito com o povo avá-guarani já historicamente vilipendiado e que, há mais de 30 anos vem amargando no dia a dia até os dias de hoje os impactos permanentes das remoções forçadas e das situações degradantes e desumanas a que foram submetidos".

De acordo com os guaranis, esses os "fatos amplamente narrados na inicial e devidamente corroborados pelos documentos anexados".

Os guaranis mencionam que há poucos sobreviventes da época da construção de Itaipu e eles precisam ser ouvidos pelo Judiciário.

Este vídeo pode te interessar

"Estima-se que dos 36 que testemunharam a construção da UHE [Itaipu] apenas 12 ainda estão vivos. [...] Os impactos da hidrelétrica, como bem se aponta na petição inicial da PGR, abrangeram uma esfera ampla a atingir a população de toda a costa do rio Paraná, no oeste do estado como um todo", afirmou a Comissão Yvyrupa.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais