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Sem consenso sobre pré-candidato, bloco governista ameaça ruir

Sem consenso sobre pré-candidato, bloco governista ameaça ruir

Segundo Neucimar Fraga, presidente do PSD estadual, se o governador Paulo Hartung não voltar atrás, partidos da base aliada vão se dispersar

Publicado em 16 de julho de 2018 às 23:02

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Neucimar Fraga (PSD) foi sabatinado nesta terça-feira (30) na rádio CBN Vitória. (Ricardo Medeiros)

Após uma semana inteira mergulhados em articulações para chegar a um consenso, o grupo de dez partidos que formam a base aliada do governador Paulo Hartung (MDB) chega à noite desta segunda-feira (16) sem produzir uma solução para o impasse: quem vai substituir Hartung na eleição ao governo? Cansados de bater cabeça em vão, alguns integrantes do grupo já não escondem a tensão e admitem: o bloco governista está a ponto de se desmanchar.

Apresentado como porta-voz do grupo, o presidente estadual do PSD, Neucimar Fraga, já admite que eles podem pedir a Hartung que reconsidere a decisão. Caso o governador não aceite, os dirigentes das siglas da base cogitam pedir ao emedebista que libere cada sigla aliada para procurar o caminho que for melhor para si. Na prática, isso significará o desmantelamento da base governista às vésperas das eleições. 

"Como o governador tomou a decisão de não ser candidato sem comunicar à base, nós podemos também aprovar essa proposta dentro do grupo para depois comunicá-lo", afirma Neucimar. "O Paulo tem que voltar atrás para reunificar a base. Se ele não fizer isso, cada partido vai conversar com quem for mais conveniente para resolver os problemas de alianças proporcionais e de candidatura a senador. O grupo vai se desmanchar."

Neucimar também comentou que os partidos da base governista foram procurados pela senadora Rose de Freitas (Podemos), e que alguns podem vir a se unir a ela, caso ocorra o desmanche do grupo.

FICA UM

Uma a uma, as alternativas ao nome de Hartung foram sendo eliminadas. Primeiro foi Amaro Neto (PRB) que anunciou que mantém a pré-candidatura ao Senado, no último sábado (14). Nesta segunda-feira, foi a vez de Ricardo Ferraço (PSDB) fazer o mesmo. 

Em entrevista ao Gazeta Online, Amaro afirmou que ainda não há nada definido sobre uma aliança com a senadora Rose de Freitas, mas o partido está conversando. Ele ainda reforçou o clima de indefinição entre os governistas: "O que se decide de manhã, muda-se à tarde".

O vice-governador César Colnago (PSDB) despontava como terceira opção. Mas, segundo dirigentes envolvidos nas conversas, o nome dele não prosperou entre os partidos aliados e está praticamente descartado.

Resta, como última opção, o empresário e professor da Fucape Aridelmo Teixeira (PTB). O PSD abraçou o nome de Aridelmo, mas o próprio Neucimar reconhece que tem pouca viabilidade eleitoral. 

De acordo com Neucimar, o grupo deve se reunir às 17 horas, desta terça-feira (17), para chegar a uma resposta sobre o nome de Aridelmo. Mas, caso não haja consenso, as duas últimas alternativas serão clamar a Hartung que retome a candidatura ou que os partidos aliados sejam liberados para que escolham que seja melhor para cada um.

Em entrevista coletiva à imprensa na última terça-feira (10), entretanto, Hartung, questionado sobre a possibilidade de mudar de ideia e disputar o governo, descartou a ideia. O presidente estadual do MDB, Lelo Coimbra, já disse que esse seria um cenário improvável e "pior", negativo até para o próprio governador. 

CONFIRA A ENTREVISTA COM NEUCIMAR

O que vocês definiram? 

O César Colnago aceitou, mas não conseguiu unificar o grupo. Só nos resta agora o nome do Aridelmo (Teixeira), que a gente acha que é um bom nome, qualificado e preparado para dar continuidade ao projeto de austeridade fiscal de Paulo Hartung. É a aposta do PSD. 

Não tem pouca densidade eleitoral? 

Tem. Mas de repente é um outsider que pode cair nas graças do povo. Seria difícil com qualquer um e vai ser difícil com ele também. Vamos ver se unifica. É a nossa última tentativa. Por não ter atritos políticos pode facilitar uma convergência.

E se não unificar? 

Se não unificar, vamos fazer uma sugestão: ou Paulo Hartung volta e assume a candidatura de novo para unificar a base ou ele libera os partidos para fazer as alianças que forem mais convenientes para cada um. Essa é a proposta do PSD.

Acha mesmo que Paulo Hartung pode voltar atrás? 

Tudo é possível. O mais difícil ele fez, que é deixar de ser candidato. Como o governador tomou a decisão de não ser candidato sem comunicar à base, nós podemos também aprovar essa proposta dentro do grupo para depois comunicá-lo.

Mas isso não equivale a um desmonte do bloco governista? 

Se não unificar, só nos vai restar essa opção. O Paulo (Hartung) tem que voltar atrás para reunificar a base. Se ele não fizer isso, cada partido vai conversar com quem for mais conveniente para resolver os problemas de alianças proporcionais e de candidatura a senador.

Então, se ele não topar voltar atrás, a base se desmancha? 

Com certeza. O grupo vai se desmanchar.

E de quem será a responsabilidade? 

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Minha não foi. Se no final o grupo se desmanchar e tiver um culpado, com certeza não será o PSD. O PRB e o PSDB estavam se estranhando permanentemente. Com Ricardo Ferraço (PSDB) e Amaro Neto (PRB) candidatos ao Senado, havia dois corpos disputando praticamente uma vaga, tendo em vista que eles acham que Magno é favorito para o Senado. Os dois problemas que  tivemos dentro do bloco foram criados por esses dois partidos. O PRB não queria César ao governo e o PSDB não queria Amaro.

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