Publicado em 15 de agosto de 2022 às 12:26
- Atualizado há 3 anos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou na última sexta-feira (12) novos nomes para grupos e subgrupos do vírus da varíola dos macacos. A iniciativa tem a finalidade de minimizar impactos negativos que a designação da doença e do vírus pode causar.>
A discussão sobre o nome do vírus e da doença -chamados igualmente de "monkeypox" em inglês- ocorre na organização e fora dela. Em meados de junho, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou publicamente o desejo de alterar as denominações.>
Uma primeira alteração foram as mudanças nos nomes de grupos e subgrupos do vírus com base em revisões feitas por especialistas em virologia e biologia evolutiva.>
No momento, existem dois grupos documentados do patógeno. Eles são endêmicos (quando se tem um estágio de convivência com o vírus, com número estável de casos e mortes) em duas regiões da África: no oeste africano e na região central do continente. Até então, essas localidades eram utilizadas para se referir a dois clados (ou grupos) do vírus.>
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Agora, com a alteração da última sexta, o grupo do oeste africano passa a ser chamado de Clado I e aquele da região central do continente foi nomeado como Clado II. A mudança gera um padrão em que grupos do vírus devem ser referidos com algarismos romanos.>
As mudanças também são aplicadas a dois subclaudos (ou subgrupos) do Claudo II. Nesse caso, os especialistas definiram que esses subgrupos passam a ser nomeados com uma letra minúscula alfanumérica após o algarismo romano: Clado IIa e Clado IIb.>
Mudança no nome As modificações nos nomes dos grupos do vírus da varíola dos macacos ainda não se aplicam à nomeação do patógeno -ele continua sendo chamado de "monkeypox", em inglês.>
A adoção de novos nomes para doenças faz parte do guarda-chuva de responsabilidades da OMS. Segundo a organização, uma consulta para propor novos nomes à varíola dos macacos está aberta. Qualquer pessoa pode propor uma nova nomenclatura neste site.>
Para vírus, novas designações são uma atribuição do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, na sigla em inglês). A OMS afirma que a comissão está com um processo aberto para modificar a nomenclatura do vírus da varíola dos macacos.>
Fontes ligadas ao ICTV dizem que há boa disposição para fazer mudanças, mas muitos apontam que uma alteração radical, com o abandono total do termo "monkeypox", poderia comprometer a literatura científica que vem sendo produzida sobre esse vírus há mais de 60 anos.>
Para Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp (Universidade de Campinas), as novas ferramentas da internet possibilitam uma alteração sem muitos problemas. "O preço de manter o nome 'monkeypox' é muito mais alto do que eventual problema com a literatura científica", afirmou.>
O termo "monkeypox" foi empregado em 1958 quando houve a primeira documentação do vírus em primatas levados da África para a Dinamarca -daí o nome varíola dos macacos. Mas pesquisas já indicam que esses animais não são os reservatórios naturais do patógeno.>
Além disso, o nome pode gerar confusões ao se pensar que a principal forma de transmissão da doença no surto atual ocorreria diretamente dos animais para humanos, podendo gerar casos de ataques aos animais.>
No início deste mês, cinco macacos foram achados mortos e outros três, resgatados com sinais de intoxicação. O episódio ocorreu em São José do Rio Preto, interior paulista. Suspeita-se que os animais tenham sido atacados pela população devido a casos de varíola dos macacos.>
No entanto, a disseminação atual não acontece principalmente nas interações entre animais e humanos, mas sim pelo contato direto de pessoas infectadas.>
O assunto repercutiu mundialmente e também chegou à OMS. Na última semana, a epidemiologista Margaret Harris, porta-voz da entidade, condenou a violência contra os animais e reiterou a intenção de encontrar um nome melhor para a doença.>
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