Publicado em 23 de novembro de 2022 às 20:53
BRASÍLIA, DF - A equipe do governo de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, receberam nesta quarta-feira (23) comandantes estaduais da Polícia Militar.>
As duas reuniões marcaram aproximação com setor que integra a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).>
Senador eleito e um dos coordenadores do grupo técnico de Justiça e Segurança Pública do governo de transição, Flávio Dino (PSB-MA) disse que a relação da equipe de Lula com os comandos da PM caminha para a "normalização". Já Moraes agradeceu, em nota, o apoio dos policiais na organização das eleições.>
"Creio que hoje demos um passo muito importante. A reunião com comandantes serviu inclusive para desfazer certas visões preconcebidas", disse Dino à imprensa após o encontro. Ele disse que chegou a negar na reunião que Lula vai propor a extinção da Polícia Militar.>
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"Havia essa dúvida e ela surgiu na reunião. Fizemos distinção do que é trigo do que é joio", afirmou ainda o senador, que é cotado para assumir o comando do Ministério da Justiça e da Segurança Pública.>
Em nota, Moraes ressaltou o "compromisso com a democracia" ao se reunir com comandantes das corporações estaduais no TSE para fazer um balanço do trabalho conjunto. Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina não enviaram representantes.>
Os comandantes das PMs foram ao tribunal durante a manhã. No começo da tarde, foram recebidos pela equipe de transição.>
Dino disse que os comandantes se comprometeram com a defesa da democracia durante a reunião com a equipe de Lula. "Vários disseram, estamos comprometidos com o estado democrático de direito, com a lei, e não estamos comprometidos com a ideologia, não queremos uma polícia ideologizada", afirmou o senador eleito.>
"O céu está menos nublado, embora não esteja totalmente azul", disse ainda Dino.>
Coordenador dos grupos técnicos da transição, Aloizio Mercadante afirmou que esse compromisso vale para todos os profissionais do serviço público. "Especialmente para aqueles que estão armados.">
Dino disse ainda que a transição sinalizou apoio à aprovação da lei orgânica para disciplinar as atividades da PM. "A transição quer receber a proposta deles", disse. Ele ponderou que o governo federal não vai "subtrair força" dos estados no comando com a PM.>
O senador eleito afirmou que a transição ainda "externou a posição" de que o sistema de Justiça deve estar comprometido com o combate ao racismo. "Inclusive para a lei orgânica (da Polícia Militar).">
Os encontros com os comandantes das PMs ainda ocorre no momento em que Bolsonaro e seu partido, o PL, inflam os atos golpistas em rodovias e em frente a quartéis de contestações à vitória eleitoral de Lula.>
Sob reiterados ataques de Bolsonaro e de seus apoiadores, principalmente quanto à segurança do sistema eletrônico de votação, o presidente do TSE já havia buscado uma interlocução inédita com a Polícia Militar durante as eleições.>
Moraes chegou a criar um "núcleo de inteligência" voltado ao combate à violência política com integrantes das polícias militar e civil. Na avaliação do presidente do TSE, as PMs ainda tiveram contribuição importante na contenção aos atos antidemocráticos promovidos por bolsonaristas após o segundo turno.>
O presidente do TSE anunciou que vai conceder medalha da Ordem do Mérito do TSE Assis Brasil ao CNGG (Conselho Nacional de Comandantes-Gerais). A Medalha homenageia personalidades civis e militares, nacionais e estrangeiras, pela atuação em favor da Justiça Eleitoral.>
Por determinação do ministro, as PMs têm trabalhado para identificar líderes protestos, além de fichar caminhões usados nas manifestações.>
Relatórios com essas informações estão sendo enviados ao Supremo Tribunal Federal, onde o ministro já determinou medidas de bloqueio de contas bancárias de pessoas e empresas.>
Criticado por Bolsonaro e por seus apoiadores, Moraes apostou nessa aproximação com as forças de segurança, que formam parte da base de apoio do atual mandatário.>
Foi o terceiro encontro promovido pelo TSE com os chefes das PMs desde o início da campanha eleitoral. Os anteriores ocorreram em 24 de agosto e 11 de outubro.>
Sem citar Moraes, o vice-presidente da República e senador eleito, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), mencionou "violação do pacto federativo" e "estado de exceção" ao se referir a reações da cúpula do Judiciário aos atos antidemocráticos desencadeados após o segundo turno das eleições.>
"Ações inconstitucionais e ilegítimas são adotadas de maneira monocrática, atacando a autonomia federativa", afirmou Mourão, em nota nas redes sociais.>
"Confundem erroneamente ordens direcionadas às ações das PMs e Detrans, situação que materializa um estado de exceção em vigor.">
Na cúpula da Procuradoria-Geral da República houve também ressalvas a iniciativas do presidente do Supremo, por exemplo a reunião promovida pelo magistrado com chefes do Ministério Público nos estados.>
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