Publicado em 29 de junho de 2023 às 10:37
A Polícia Civil apura se quatro jovens, entre 19 e 22 anos, atacaram um morador de rua na capital paulista. A vítima morreu por causa das agressões —a instituição não disse quando foi o ataque nem em que ponto da cidade.>
Três deles foram presos na semana passada e o quarto se apresentou à polícia na última segunda (26). Eles são investigados por estupro de vulnerável e produção, armazenamento e distribuição de material pornográfico envolvendo criança ou adolescente.>
A suspeita de agressão contra o sem-teto surgiu com a análise de mensagens no Discord trocadas pelos quatro presos. Nelas, segundo a polícia, havia conteúdo instigando emboscadas contra moradores de rua e ataques a escolas.>
Os policiais também querem saber se eles chegaram a participar diretamente ou indiretamente de algum ataque a escola, segundo o delegado Anderson Honorato dos Santos, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).>
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O advogado de um dos presos disse à Folha que se manifestará posteriormente. Os dos demais suspeitos não foram localizados pela reportagem.>
Os quatro jovens, de acordo com o delegado, teriam se aproveitado do fato de que uma adolescente de 13 anos, moradora de Santa Catarina, passava por problemas familiares para convencê-la a vir se encontrar com eles em agosto de 2022. Por cerca de 15 dias, ela foi abusada sexualmente por ao menos dois suspeitos e agredida. Depois, a vítima voltou para o estado do Sul.>
Registradas em fotos e vídeos, as cenas do abuso foram encontradas no computador de um dos suspeitos, morador de Bauru, interior paulista. Ele negou aos policiais a acusação de estupro.>
Os outros três presos são moradores da capital. Em depoimento à polícia, disseram que se conheceram em uma praça na Liberdade, na região central paulistana. O morador de Bauru afirmou ter feito amizade com eles pelo Discord.>
Segundo Santos, durante as investigações foram encontradas fotos e bandeiras com apologia ao nazismo. Aos policiais, o grupo alegou se tratar de uma brincadeira.>
A ocorrência foi parar no Deic porque, em um primeiro momento, havia denúncia de se tratar de crime de extorsão, o que até aqui, segundo Santos, não se concretizou.>
O uso do Discord por criminosos foi revelado em maio pelo Fantástico e confirmado pela Folha. No aplicativo, a reportagem encontrou conteúdos que incitam a exploração sexual, pedofilia, automutilação, racismo, apologia do nazismo, maus-tratos de animais e incitação a assassinatos.>
No fim do ano passado, a Folha acessou grupos no Discord com milhares de membros, sendo que o maior contava com mais de 3.000 integrantes, 500 online no momento do acesso. Nele, havia cenas de extrema violência, como supostos homicídios, exibidos em transmissões ao vivo.>
Em maio, o Discord afirmou que trabalhava para barrar o que denominou de "conteúdo abominável". A plataforma surgiu em 2015 e se popularizou para bate-papo durante jogos online. Tudo isso circula em grupos que misturam usuários adultos com menores de 18 anos.>
Os Ministérios Públicos estaduais de ao menos três estados (São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul) investigam a plataforma.>
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