Publicado em 10 de outubro de 2019 às 11:53
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A procuradora da República Anamara Osório vai deixar o comando da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo para fazer parte da equipe do novo procurador-geral da República, Augusto Aras.>
Em seu lugar, assume a chefia da operação a procuradora regional Janice Ascari, que foi até 2017 assessora do ex-procurador-geral Rodrigo Janot.>
Anamara vai assumir a vice-chefia da Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Ela foi convidada pelo titular do departamento, Hindemburgo Chateaubriand.>
A portaria com a nomeação foi publicada nesta terça-feira (8). O procurador André Lasmar, também da força-tarefa paulista, segue com Anamara para Brasília para assumir o cargo de segundo secretário adjunto da Secretaria de Cooperação Internacional.>
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A nova comandante da Lava Jato paulista já integrava a equipe da força-tarefa. Janice atuou como advogada no começo da carreira e em 1992 ingressou no Ministério Público. Ela foi responsável pela Operação Anaconda, em 2003, que desvendou um esquema de venda de sentença por magistrados paulistas. O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos foi condenado e preso nesta operação.>
Ela denunciou também o ex-senador Luiz Estevão e o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, presos por desvios de verbas na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.>
Em 2015, a procuradora foi condenada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) em um processo movido pelo juiz federal Ali Mazloum, da Justiça Federal de São Paulo, por crime contra a honra.>
A Corte Especial do Tribunal julgou parcialmente procedente a ação penal devido a uma crítica publicada por ela num blog, em que contestava a atuação do magistrado em processo envolvendo a Operação Satiagraha.>
Janice foi condenada à pena de oito meses de detenção, além de 30 dias-multa, pelo crime de calúnia, substituída por restritiva de direito. Poucos dias depois o próprio STJ decretou o crime prescrito, tornando extinta a punibilidade.>
A troca de Anamara Osório por Janice Ascari é a terceira mudança na chefia da operação em São Paulo.>
Quando a força-tarefa foi criada, em julho de 2017, o então procurador-chefe do Ministério Público Federal em São Paulo, Thiago Nobre Lacerda, assumiu por um curto período o comando da equipe. Foi substituído, em seguida, pela procuradora Thamea Danelon, que após três meses saiu por motivos pessoais.>
Anamara, logo que assumiu, reestruturou o modo de atuação da força-tarefa. Antes, os procuradores trabalhavam em locais distintos e se comunicavam por aplicativos de mensagens.>
Na gestão dela, a equipe passou a ter uma sala própria, procuradores exclusivos e novos servidores para o trabalho na operação. Dividiu as tarefas com base na especialidade de cada procurador.>
Foram impostas metas à força-tarefa. Um exemplo foi a data-limite de 7 de março de 2019, aniversário de 70 anos de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, suspeito de ser operador do PSDB e de ter cometido desvios de recursos nas obras do Rodoanel. Parte das acusações contra ele prescreveriam nesse dia.>
Até essa data, tinham que ser finalizados dois processos em andamento na Justiça em relação ao operador e entregue uma terceira denúncia contra ele, por lavagem de dinheiro.>
Com o caso Paulo Preto superado, as atenções da força-tarefa poderiam se voltar para outros casos. O prazo foi cumprido.>
Paulo Preto foi condenado duas vezes no intervalo de 28 de fevereiro a 6 de março.>
Uma sentença de 145 anos foi imposta um dia antes do seu aniversário de 70 anos, naquela que é a maior pena da Lava Jato. O engenheiro também virou réu na terceira ação, a de lavagem.>
De janeiro para cá, sob o comando de Anamara, a Lava Jato também denunciou o ex-presidente Michel Temer por desvio de dinheiro.>
Os procuradores ofereceram ainda ações de improbidade contra funcionários públicos acusados de desvios em obras do Rodoanel Sul e Norte e também do metrô.>
Em setembro, a equipe sofreu uma derrota. O juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal, rejeitou denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso Curitiba, e seu irmão Frei Chico, acusados de se beneficiarem de propinas pagas pela Odebrecht em troca de evitar ações do governo que prejudicassem a empresa petrolífera do grupo baiano. Os procuradores vão recorrer da decisão.>
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