Analistas de mercado consideraram positiva a decisão da Vale de paralisar a produção em 19 barragens a montante existentes ainda no país. Porém, eles são unânimes em afirmar que a receita da companhia será afetada. De acordo com Luiz Gustavo Pereira, especialista da Guide Investimentos, a paralisação da produção de 40 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, com o fim da operação dessas barragens, terá um impacto da ordem de 10% na produção total da companhia, o que implicará em uma redução da ordem de até 8% em sua receita. Hoje, 80% da receita da Vale vem do minério de ferro.
"O mercado previa anteriormente um gasto entre R$ 700 milhões e R$ 900 milhões por ano na desativação de barragens e agora vai ser cerca de R$ 1,6 bilhão por ano. O mercado achou essa medida correta e a tomada de decisão bem rápida da companhia. E foi importante ver que não tem interferência política com a manutenção da diretoria da companhia", destacou Luis Gustavo.
De acordo com o analista da Guide Investimentos, o mercado está precificando a ação da Vale deverá ficar em torno de R$ 45 a R$ 59, contra os R$ 60 que eram previstos antes do acidente de Brumadinho.
Pedro Galdi, analista de investimento da Mirae Invest, acredita que a receita da companhia deverá sofrer uma pequena queda em um primeiro momento. Entretanto, ele acredita que o impacto será pequeno, já que a mineradora tem hoje capacidade ociosa de minério de ferro. Segundo Galdi, a Vale tem uma capacidade de produção de 450 milhões de toneladas de minério de ferro e produz cerca de 390 milhões de toneladas.
"Será uma questão logística, de transferir a produção dessas minas que utilizam barragem a montante para outros centros de produção no país. O efeito na receita será sentido, mas pequeno. Isso vai ocorrer até a Vale conseguir redimensionar a produção em outras minas", disse ele.
Galdi elogiou ainda a iniciativa da Vale, mas ressaltou que a medida pode gerar desemprego nos locais onde há produção com barragem a montante, embora o presidente da companhia, Fabio Schvartsman, tenha dito que esses cinco mil funcionários que trabalham próximos a barragem serão absorvidos em outras plantas. Segundo analistas, essa técnica é concentrada no sistema Sul-Sudeste, em Minas Gerais.
"É uma iniciativa prudente da Vale. Mas como a produção vai ser paralisada, haverá desemprego", destacou ele.
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