Publicado em 1 de setembro de 2020 às 12:34
O Google enviou nesta segunda-feira (31) uma carta ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmando que a inclusão de mecanismos de buscas no projeto para combater notícias falsas não será efetivo. >
O documento foi uma resposta da empresa à carta enviada a Maia por entidades de comunicação social. Na texto, a coalizão de entidades pedia apoio a medidas de combate às fake news e a inclusão dos buscadores no projeto de lei em debate na Câmara.>
Segundo a mensagem encaminhada pelo Google, colocar os mecanismos de busca na proposta não vai atender à ideia de coibir condutas mal-intencionadas e distribuição de notícias falsas na internet.>
"Ao contrário, isso poderia ser prejudicial ao combate à desinformação ao limitar acesso a uma variedade de fontes de informação. Além disso, consideramos que simplesmente incluir as ferramentas de busca no projeto de lei, sem a devida consideração do conjunto de ações concretas que temos realizado para combater a desinformação em todas as nossas plataformas, poderia fazer com que a futura lei já nascesse obsoleta.">
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Já para as 27 entidades que compõem a coalizão, não incluir os buscadores no projeto seria cometer um erro "não apenas ao omitir as ferramentas de busca que coletam dados, veiculam anúncios e conteúdos de toda sorte, mas engessam a lei para serviços futuros, como assistentes virtuais".>
Entre as signatárias do documento estão a Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), a Federação Nacional das Empresas de Jornais e Revistas (Fenajore) e a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel).>
Outro pedido da coalizão foi a garantia de remuneração de conteúdos jornalísticos. Para as entidades, a remuneração de conteúdo "incorporado e rentabilizado, seja com publicidade ou coleta de dados pessoais" é um encaminhamento já praticado em países da Europa e da Oceania.>
"Obviamente, não se quer obstaculizar o usuário de compartilhamentos de notícias, que é desejável até para promover a circulação das informações apuradas e tratadas com critérios jornalísticos. A importante garantia de remuneração do jornalismo profissional pelo seu conteúdo que é incorporado e rentabilizado, seja com publicidade ou coleta de dados pessoais, serve de motor de engajamento das grandes plataformas mundiais", diz a carta das entidades de comunicação.>
O Google, entretanto, nega que lucre grandes montantes com a prática. Segundo a empresa, "o valor econômico gerado pelos conteúdos de notícias para o Google é muito pequeno". O Google afirma ainda que direciona cerca de 24 bilhões de cliques por mês para sites de notícias pelo mundo.>
"Em resumo, as empresas de notícias acessam um volume sem precedentes de leitores, uma audiência que elas podem monetizar por meio da exibição de anúncios em seus sites, além de alcançar novos leitores e assinantes em potencial".>
Além de contestar o lucro, o Google também afirmou que é claro em relatórios de transparência sobre remoção de anúncios. A coalizão de entidades de comunicação social destacou o movimento Sleeping Giants, que resultou em empresas retirando investimentos em publicidade nas plataformas do Google por falta de clareza nas políticas de publicação e remoção de conteúdos sensíveis.>
Em 2019, afirma o Google, o relatório de transparência das plataformas de anúncios indicou que foram bloqueados e removidos 2,7 bilhões de anúncios em todo o mundo.>
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