Publicado em 22 de novembro de 2019 às 19:01
"Livre!", escreveu Lorenna Vieira sob uma foto do marido, Rennan Santos da Silva, o DJ Rennan da Penha. >
Um dos protagonistas da cena funkeira atual, ele ficou sete meses detido, após ser condenado a seis anos e oito meses por associação para o tráfico de drogas. Havia sido inocentado a princípio, mas a decisão foi revertida na segunda instância, e ele foi preso em abril.>
Rennan será solto nesta sexta-feira (22), com um habeas corpus concedido pela Vara de Execuções Penais do Rio. A mando do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a juíza Larissa Maria Nunes Barros Franklin Duarte teve que decidir se concedia ou não a liberdade para o réu.>
Rennan acabou contemplado pela mesma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que beneficiou o ex-presidente Lula: a de que um condenado só pode ser encarcerado quando se esgotam todos os recursos (o chamado trânsito em julgado).>
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A prisão do jovem de 25 anos mobilizou a campanha #DJNãoÉBandido. A Promotoria, ao contestar a inocência garantida a Rennan em primeira instância, sustentou que, segundo testemunhas, ele era olheiro de traficantes e "divulgava música para o tráfico local". >
Na época, Rennan afirmou que era comum, numa comunidade, que moradores se falassem caso avistassem uma operação policial. A polícia teria entendido erroneamente que fazia isso a serviço do tráfico, disse.>
Uma foto que o DJ postou em redes sociais, com uma arma na mão, também foi usada contra ele. Sua defesa rebateu: era de brinquedo, produzida para o Carnaval e feita de madeira e fita isolante.>
A investigação também apresentou um vídeo em que o DJ conversa com traficantes armados e chega a beijar a mão de um deles.>
Amigos questionaram. Quem cresce em favela, disseram, conhece bandidos e pode, inclusive, ter crescido com pessoas que depois enveredaram para o crime. Mas isso não faz de alguém um deles.>
Na ocasião, a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) repudiou a decisão da Justiça, dizendo que se tratava de uma tentativa de "criminalização da arte popular".>
O pedido pela liberdade foi endossado por artistas, ativistas e políticos, entre eles a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), para quem um "sistema racista e elitista" vitimou o criador do Baile da Gaiola -festa no Complexo da Penha que virou referência entre funkeiros e ponto de encontro de famosos como o jogador Adriano Imperador, que lá tomava uísque com guaraná.>
Diversos nomes do funk e da música também manifestaram pedidos de liberdade para o DJ. Um deles aconteceu no Prêmio Multishow, do qual ele ganhou a categoria canção do ano, com a música "Hoje Eu Vou Parar na Gaiola", uma parceria com o MC Livinho.>
Um dos precursores do funk 150 BPM (mais acelerado) -nacionalmente conhecido pelas músicas "da Gaiola", na voz do MC Kevin O Chris-, o funkeiro também concorreu a um prêmio de melhor videoclipe no último Grammy Latino. Ele foi indicado à categoria com o vídeo de "Me Solta", parceria com Nego do Borel.>
Segundo Billi Barreto, um dos seus empresários, o recém-liberto Rennan pretende ficar com a família e "recluso nos primeiros momentos". Depois, decidirá como retomar a agenda de shows, o que acontecerá "com certeza absoluta", diz. Com a prisão, ele acabou suspendendo turnês marcadas no meio do ano para Europa e Estados Unidos.>
Na prisão, recebia a visita da esposa e da mãe, que às vezes levava seus dois filhos, Bryan, 4, e Rennan Felipe, 2 (de mães diferentes). Sentia sobretudo saudades de ir à praia.>
No dia 24 de agosto, sua equipe compartilhou a reprodução de uma carta que o DJ escreveu a mão na cadeia. Completava, então, quatro meses preso. "Pode parecer pouco para as pessoas ai neste mundão, mas para mim parece uma eternidade.">
Em breve, disse Rennan, "estarei nos palcos da vida fazendo vocês dançar muito rsrs". Três meses depois, deixou enfim o presídio.>
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