Publicado em 27 de dezembro de 2020 às 16:51
Um dia depois de ter afirmado que não dá bola para pressões sobre o início da imunização contra a Covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse neste domingo (27) que o governo tem pressa em obter uma vacina. >
"Temos pressa em obter uma vacina, segura, eficaz e com qualidade, fabricada por laboratórios devidamente certificados. Mas a questão da responsabilidade por reações adversas de suas vacinas é um tema de grande impacto, e que precisa ser muito bem esclarecido", afirmou o presidente, em uma mensagem publicada em rede social.>
Em seguida, Bolsonaro negou que esteja interferindo no processo de certificação de uma vacina pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e disse que o imunizante que receber luz verde do órgão será ofertado para todos de forma gratuita e não obrigatória.>
"O presidente da República, caso exercesse pressões pela vacina, seria acusado de interferência e irresponsabilidade. Tão logo um laboratório apresente seu pedido de uso emergencial, ou registro junto à Anvisa, e esta proceda a sua análise completa e o acolha, a vacina será ofertada a todos e de forma gratuita e não obrigatória", escreveu.>
>
No sábado (26), Bolsonaro foi criticado por declarações feitas em um passeio por Brasília.>
"Ninguém me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso", disse na ocasião, após ser questionado por jornalistas se havia pressão pelo fato de outros países terem começado a imunizar a população.>
"É razão, razoabilidade, é responsabilidade com o povo você não pode aplicar qualquer coisa no povo", completou.>
Enquanto Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e países da União Europeia já começaram campanhas de vacinação, o Brasil segue sem uma previsão oficial para o início da imunização.>
Mesmo nações da América Latina como Chile, México e Costa Rica deram início a campanhas semelhantes.>
A previsão do Ministério da Saúde é receber ao menos 150 milhões de doses no primeiro semestre do próximo ano. Desse total, estão incluídas as vacinas do Butantan, da Pfizer e da AstraZeneca.>
Serão 100,4 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca, 46 milhões da Coronavac -a aquisição de mais doses está sendo negociada- e 8 milhões de doses da Pfizer.>
Entre essas vacinas, a única que já obteve autorização emergencial em outros países foi a da Pfizer. Mas o Brasil ainda não fechou contrato para comprar as vacinas da farmacêutica americana.>
Na mensagem publicada neste domingo, Bolsonaro destacou que quatro laboratórios desenvolvem estudos clínicos de vacinas no Brasil, mas que nenhum deles apresentou até o momento pedido de uso emergencial ou de registro.>
"A Anvisa é uma agência de Estado, não de governo. Sua atuação é independente e reconhecida no mundo todo, pela excelência do trabalho dos seus servidores", argumentou o presidente.>
Bolsonaro também tem sido acusado de atuar contra a Coronavac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com uma farmacêutica chinesa.>
O imunizante é visto como um trunfo político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), hoje tratado pelo Palácio do Planalto como inimigo e possível adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022.>
Em uma live transmitida na véspera do Natal, o presidente adotou um tom irônico para comentar o adiamento da divulgação da eficácia da Coronavac. Ele afirmou, sem apontar dados, que a eficácia dessa vacina "parece que está lá embaixo".>
Os dados de eficácia da Coronavac estavam programados para serem anunciados em 23 de dezembro>
O governo de São Paulo, porém, adiou a divulgação dos resultados, mas garantiu que ela "é eficaz". O governo da Turquia, por sua vez, afirmou que o imunizante tem eficácia de 91%.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta