Publicado em 6 de setembro de 2019 às 16:53
Representantes do agronegócio e ambientalistas querem posicionamentos e ações concretas de Sergio Moro, ministro da Justiça, contra o desmatamento ilegal e contra o roubo de terras públicas a grilagem na Amazônia.>
Uma forma possível de melhor combater esse tipo de crime seria a atuação de forças-tarefas, envolvendo e concentrando esforços em operações que envolvam a Polícia Federal, o Ibama, a Receita Federal e o Ministério Público.>
Segundo organizações agropecuárias e ambientalistas ainda falta a devida atenção pública à ocupação irregular de terras no bioma amazônico.>
Pensando nisso, nesta sexta (6), foi lançada a campanha "Seja Legal com a Amazônia", que é assinada pela Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), AIPC (Associação das Indústrias Processadoras de Cacau), CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Imazon, Ipam, Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável, SRB (Sociedade Rural Brasileira e Instituto Ethos.>
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"Estamos pedindo para que a lei seja cumprida", afirma Marcello Brito, presidente do conselho diretor da Abag e diretor-executivo da Agropalma. "O intuito da campanha é chamar a atenção das autoridades para que se cumpra a lei.">
André Guimarães, representante da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e diretor-executivo do Ipam, diz que o Ministério da Justiça é central na discussão da grilagem de terras amazônicas e que, por isso, um dos objetivos da campanha é buscar um maior envolvimento da área de segurança pública do governo no combate ao problema. Uma audiência com Moro já foi solicitada.>
"Não estou vendo o ministro Moro se manifestar sobre a ilegalidade do roubo de terras", afirma Guimarães. "A dimensão desse problema é tão grande ou maior do que o problema da corrupção que ouvimos falar, como na Petrobras. Roubar terra na Amazônia não deixa de ser uma forma de subtração de bem público.">
A ideia é agir de forma preventiva, buscar e desbaratar quadrilhas que agem no desmatamento e grilagem. Segundo Paulo Barreto, pesquisador do Imazon, as operações Rios Voadores e Castanheiras são bons exemplos de forças-tarefas que integraram a polícia federal e a área ambiental.>
Segundo Guimarães, desmatar na Amazônia não é barato, o que mostra o pode aquisitivo envolvido nos crimes ambientais. Cada hectare derrubado custa entre R$ 2.000 e 3.000. "Estamos vendo áreas de cem, 500, 1.000 hectares sendo desmatadas. Isso é de gente muito capitalizada, são máfias organizadas, que tem que ser tratadas pelo coletivo do poder público, para intimidá-las", afirma.>
Ricardo Negrini, procurador do Ministério Público Federal (MPF) no Pará que esteve presente no lançamento da campanha, afirma que o interesse de desenvolvimento predatório sobre a floresta não gera riqueza a longo prazo, com poucos ganhando dinheiro por pouco tempo.>
O procurador cita, como iniciativa preventiva de desmatamento conduzida pelo Ministério Público, o Projeto Carne Legal, no qual, por meio de termos de ajustamento de conduta, frigoríficos se comprometem a ter controle sobre o origem da carne comprada, que não pode ser oriunda de áreas desmatadas, embargadas ou com trabalho análogo ao escravo.>
"Não estamos trabalhando com uma causa utópica, não estamos trabalhando na Amazônia com uma causa, como se diz hoje de modo pejorativo, ideológica. É uma causa pragmática, valorizar o capital natural que temos", afirma Negrini.>
Entre os objetivos da campanha estão o apoio à Força-Tarefa Amazônia, criada em agosto de 2018 pelo Ministério Público Federal, acabar com o desmatamento em áreas públicas e a criação de uma força-tarefa para promover a destinação para conservação e usos sustentáveis das florestas públicas não destinadas.>
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