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Empregador, empregado e Estado devem buscar equilíbrio em meio à crise

É um momento inédito na história da nossa geração e, como em um efeito dominó, cada peça é atingida, umas antes, outras depois, mas o momento de tensão e escassez de recursos chegará para a grande maioria dos brasileiros

  • Gabriel Junqueira Sales
Publicado em 18/06/2020 às 09h30
Atualizado em 18/06/2020 às 09h30
Equilíbrio fiscal deve dar lugar a ações que minimizem prejuízos à sociedade
O dinheiro estará cada vez mais escasso para todos. Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

De um lado, o trabalhador, em atividade, jornada reduzida, com o contrato de trabalho em suspensão ou recém-desempregado por conta da crise da pandemia da Covid-19. Do outro lado, o empregador, que enfrenta as dificuldades por conta da queda no consumo e faturamento. O que os dois têm em comum? As contas chegam, e o dinheiro? Cada vez mais escasso.

É um momento inédito na história da nossa geração e, como em um efeito dominó, cada peça é atingida, umas antes, outras depois, mas o momento de tensão e escassez de recursos chegará para a grande maioria dos brasileiros.

Dados do IBGE apontam que cerca de 1,2 milhões de pessoas perderam seus empregos no primeiro trimestre de 2020 e aproximadamente 600 mil micro e pequenas empresas fecharam as portas no país no mesmo período, segundo um levantamento feito pelo Sebrae.

Economistas afirmam que a tendência é que o cenário econômico fique ainda mais drástico. Segundo dados do Serasa Experian, somente no mês de abril foram 120 requerimentos de recuperação judicial no país, um aumento de 46,3% na relação ao mês anterior. Os pedidos de falência, por sua vez, aumentaram 25% em relação ao mês anterior - foram 75 pedidos em abril.

O momento requer união, equilíbrio, como em uma balança, já que todos temos o mesmo objetivo: vencer a crise da Covid-19. Para tanto, será necessário que os três principais atores desse cenário de crise, quais sejam, empregador, empregado e Estado, adotem medidas mais republicanas, democráticas e menos ególatras, sempre pautadas na solidariedade e corresponsabilidade.

E não há qualquer clichê quanto ao termo “novo normal”, pois teremos que adotar rígidos protocolos de saúde enquanto não houver acesso à grande quantitativo de vacina ou de medicamentos que combatam o vírus.

A pandemia escancara o que muito de nós se negava a reconhecer. Não temos controle de nada. E, se cada um quiser tirar proveito da situação extremamente frágil que estamos vivendo, em seu próprio favor, isso certamente significará o boicote ao porvindouro das próximas gerações.

Ora, não só o presente nos preocupa, o futuro também. Daí, deixo a reflexão: como será o nosso mundo pós-pandemia? Trilharemos o caminho da solidariedade e corresponsabilidade na tentativa de mitigar as consequências da crise ou escolheremos o caminho da desunião, podendo gerar ainda mais instabilidade política, social e econômica pós-crise?

O autor é advogado trabalhista

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