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Diretor regional do American Hardwood Export Council (AHEC) para a América Latina

Construções com madeira engenheirada: tendência veio para ficar?

Cresceu o número de empresas que vêm atuando especificamente na área de produção de casas de madeira pré-moldadas

  • Luis Zertuche Diretor regional do American Hardwood Export Council (AHEC) para a América Latina
Publicado em 17/11/2022 às 14h00

O mercado da construção civil tem se modernizado constantemente ao longo dos anos com novos processos construtivos e no uso de diversos materiais, seja para a redução no tempo para execução dos projetos, moderar os custos ou diminuir o impacto ambiental. Neste cenário, o uso da madeira como material estrutural vem se destacando como uma boa alternativa que contempla todos estes aspectos mencionados.

O início dos anos 2000 foi quando algumas empresas começaram a olhar para a madeira colada e wood frame, mas foi somente entre 2010 e 2015 que as técnicas começaram a crescer, ainda que a passos lentos. De lá para cá, está claro que a madeira ocupa um espaço entre os materiais estruturais mais utilizados no Brasil e no mundo, e isso se deve em grande parte à adesão da agenda ESG.

O relatório da consultoria Market Research Future (MRFR) prevê que o mercado da madeira na construção civil atinja US$ 3,6 bilhões até 2027. Além disso, de acordo com relatório de mercado com foco no sudeste da Ásia e China continental do American Hardwood Export Council (AHEC), houve um aumento no volume das exportações de madeira de lei, com crescimento superior a US$ 1,36 bilhão nos últimos três trimestres de 2021. Este aumento corresponde a quase 20% em comparação com o mesmo período de 2020, mesmo com a permanência das restrições e escassez das cadeias de suprimentos.

Embora existam receios quanto ao uso de madeira na construção em relação ao concreto e o aço e poucos profissionais com conhecimento específico sobre a utilização desse material no Brasil, a madeira vem se tornando tendência novamente e isso pode ser notado com o número crescente de empresas que vêm atuando especificamente na área de produção de casas de madeira pré-moldadas.

O processo de industrialização está impulsionando o debate sobre o uso da madeira na construção civil devido a maior parte do trabalho ser realizada fora dos canteiros de obras. Este argumento pode ser reforçado com o surgimento da primeira grande fabricante do país e que deve elevar a capacidade produtiva da madeira de lei em 100.000 m³ por ano.

A madeira voltou a ganhar visibilidade com a necessidade de erguer prédios de forma rápida, segura e sustentável. O mercado da construção civil é responsável por 38% do total global de emissões, incluindo o dióxido de carbono proveniente da produção de energia necessária para as obras, além de que cada metro cúbico de madeira retira 1 tonelada de carbono da atmosfera, segundo dados da ONU Environment.

Projeto utiliza madeira na construção
A madeira voltou a ganhar visibilidade com a necessidade de erguer prédios de forma rápida, segura e sustentável. Crédito: Divulgação

Inclusive, podemos usar como exemplo projetos do programa Minha Casa Minha Vida com wood frame, técnica de encaixe de painéis aplicada em construções de até quatro andares, a qual conseguiu reduzir em 85% de resíduos em obras e economizar 90% de recursos hídricos.

Apesar da tradição utilizando madeira como principal material de construção de casa, a forte entrada dos EUA no uso madeira de lei em edifícios de grande porte trouxe uma novo impulso para o mercado global. O Brasil se torna um palco interessante para isso, especialmente pela sua capacidade de produção desta matéria prima e a chegada de novos produtores deste material.

Hoje, podemos acompanhar grandes projetos, como o novo prédio da Universidade de São Paulo (USP), que utiliza a madeira como material estrutural, sendo o primeiro projeto governamental, e o recente edifício de 25 andares em um dos principais bairros de São Paulo. Estes empreendimentos serão uma vitrine para mostrar as vantagens da madeira na construção de grandes obras e grandes cidades.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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