Bolsonaro conquistou uma oposição política eficiente e devastadora

Nada de bom deste governo consegue florescer. O acordo entre Mercosul e União Europeia poderia significar muito para o governo Bolsonaro, que imediatamente agiu para boicotá-lo

Publicado em 08/09/2019 às 17h24

Presidente Jair Bolsonaro

Nilson Gonçalves*

Inconformado por não ter uma oposição à sua altura, Bolsonaro resolveu assumir o papel de líder inconteste da oposição ao seu governo. E, ainda, para garantir que não ficaria isolado neste papel, resolveu conquistar opositores internacionais. Pode-se constatar que “nunca antes na história desse país” se teve uma oposição política tão eficiente e devastadora.

Nada de bom deste governo consegue florescer. O acordo de comércio entre o Mercosul e a União Europeia foi uma conquista histórica e poderia significar muito para o governo Bolsonaro, que imediatamente agiu para boicotá-lo. Por meio de sua política ambiental desastrosa (sem qualquer vontade de elogiar) e de suas constantes declarações surrealistas, o acordo tem um futuro incerto.

A MP da Liberdade Econômica merece comemoração. Mas que relevância tem neste momento, diante do retumbante rodízio defecatório para salvar o meio ambiente? É óbvio que é melhor nos dedicarmos a salvar a Terra, com esta medida tão singela, sobre a qual nunca ninguém pensou, do que apreciar medidas que podem ajudar o Brasil dos desempregados.

O agronegócio também entrou na prioridade da oposição capitaneada por Bolsonaro. De “agro é tudo, agro é pop” passamos a correr o risco de prejudicar nossas exportações na esteira dos desastres ambientais na Amazônia.

Fiz o que podia fazer para impedir mais um governo PT/MDB. Sempre fui um adepto da democracia e, por consequência, da alternância de poder, apesar de Bolsonaro sempre me ter causado medo. Referia-me a ele como a Dilma da direita e, errei, ele conseguiu superá-la em termos de declarações estapafúrdias – continuamos a ser motivo de piada mundo afora. Saímos do pior da esquerda para o pior da direita. Centro? Não temos, temos apenas um “centrão”, especializado em fisiologismo político.

O que nos resta? O impeachment de Bolsonaro, já circulando na internet? O parlamentarismo já cogitado no Congresso? Um golpe militar? Parece mesmo não haver opções fáceis e nem desejáveis no momento.

Apelo a Olavo de Carvalho: convença Bolsonaro e seus filhos a calarem-se e deixarem o governo dar certo. O Brasil e o mundo ser-lhe-ão gratos por gerações.

Se tudo continuar como está talvez, na melhor das hipóteses, imitaremos a Argentina num futuro próximo. Afinal, temos, também, nossas próprias Cristinas Kirchner.

*O autor é consultor e mestre em gestão empresarial

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