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É psicóloga e doutora pela Ufes

Autismo e vida adulta: uma outra perspectiva

Indivíduos com TEA geralmente enfrentam dificuldades em encontrar e manter um emprego devido aos desafios de comunicação e socialização. No entanto, com suporte adequado, eles podem alcançar o sucesso na força de trabalho

  • Mylena Lima É psicóloga e doutora pela Ufes
Publicado em 13/04/2023 às 10h00
Jovens fazendo planejamento de tarefas em escritório
Jovens fazendo planejamento de tarefas em escritório . Crédito: Foto de Christina Morillo no Pexels

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a capacidade de um indivíduo se comunicar, interagir e formar relacionamentos com outras pessoas. Comumente, indivíduos com TEA enfrentam desafios que podem afetar sua mudança para a vida adulta.

Essas dificuldades envolvem, por exemplo, ter acesso à oportunidade de desenvolver competências relacionadas à participação em contextos sociais. Essa transição para indivíduos com TEA se traduz em um processo complexo que envolve muitos aspectos da vida, incluindo emprego, educação, relacionamentos e envolvimento na comunidade.

Em abril, mês em que discutimos questões importantes sobre a aceitação da pessoa autista na sociedade, é importante explorar o processo de amadurecimento para jovens e adultos com TEA. No Brasil o processo é ainda mais desafiador que em países onde os sistemas de suporte estão ancorados em políticas públicas bem estabelecidas e implementadas por instituições com papéis sociais bem definidos.

Um dos fatores críticos que afetam a chegada do autista à vida adulta é o acesso à oportunidade de preparação para o emprego, além da oportunidade de empregar-se. Indivíduos com TEA geralmente enfrentam dificuldades em encontrar e manter um emprego devido aos desafios de comunicação e socialização. No entanto, com suporte adequado, eles podem alcançar o sucesso na força de trabalho.

A educação é outro aspecto crítico do processo. Indivíduos com TEA muitas vezes podem se beneficiar de suporte educacional adicional na forma de orientação, treinamento em habilidades de estudo e assistência na socialização. Esse tipo de apoio pode ajudar a gerir suas dificuldades de comunicação e sensoriais, o que pode melhorar seu desempenho acadêmico e promover o sucesso.

Os relacionamentos também são essenciais durante a fase de crescimento. Pessoas com TEA podem ter dificuldade em formar e manter relacionamentos devido às dificuldades em compreender pistas sociais e a comunicação verbal e não verbal. No entanto, com suporte adequado, elas podem ser bem-sucedidas em formar relacionamentos positivos que podem ajudá-las a enfrentar os desafios da vida.

O envolvimento da comunidade é outro aspecto crucial do processo de transição. O isolamento social é uma preocupação significativa para indivíduos com TEA e está intimamente relacionado à sua saúde mental. Por isso, o envolvimento da comunidade pode ajudar a prevenir os efeitos negativos da exclusão social. A participação em atividades e programas comunitários pode oferecer oportunidades de socialização e construção de relacionamentos, bem como o desenvolvimento de habilidades valiosas para uma vida plena.

E, finalmente, a passagem para a idade adulta para indivíduos com TEA requer uma abordagem individualizada e coordenada, que deve ser iniciada o mais cedo possível. É fundamental que familiares, educadores e provedores de suporte comunitário colaborem para desenvolver planos que considerem as necessidades e pontos fortes únicos do indivíduo.

Para apoiar essa significativa mudança, é importante seguir algumas práticas recomendadas por especialistas no âmbito da saúde comportamental. Entre elas, destacam-se: planejamento antecipado e colaboração com as partes interessadas, elaboração de planos individualizados que levem em conta as preferências e valores pessoais, identificação de possíveis obstáculos e busca de soluções para superá-los, conscientização e participação ativa dos pais e familiares no processo de planejamento, além do acesso a uma variedade de suportes e recursos, como treinamento vocacional, saúde mental e outros serviços.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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