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É psicanalista. Membro do Conselho Consultivo e Técnico da Associação PIPA (e rabiola)

Autismo: como a psicanálise trata o transtorno?

Há anos temos procurado compor com diferentes formas de tratar o autista que possibilitem a ele se desenvolver em seus interesses e dentro de suas capacidades — que são muitas

  • Bartyra Ribeiro de Castro É psicanalista. Membro do Conselho Consultivo e Técnico da Associação PIPA (e rabiola)
Publicado em 02/04/2024 às 14h33

Desde que Freud descobriu o inconsciente e o apontou como o lugar onde habitam nossas verdades, sempre construídas por nós mesmos, são comuns os ataques à psicanálise.

Entendemos esse movimento de várias formas, inclusive como uma grande dificuldade de suportarmos nossa própria responsabilidade quanto ao destino que traçamos para nós, todos os dias, em cada ato, decisão ou inação.

Isso realmente incomoda bastante…

Quanto ao autismo, especificamente, a psicanálise tem travado uma verdadeira batalha para demonstrar que tem uma forma muito própria, humana e coerente com todos os seus princípios teóricos e práticos de tratar o autista.

A psicanálise não coaduna com práticas que transformam o autista em objeto de uniformização e de universalização, não toma um autista como alguém a ser adestrado, treinado ou qualquer outra coisa que o valha, e oferece uma clínica em que esse sujeito é tratado em sua singularidade.

São muitos os nossos escritos que trazem à luz a nossa posição quanto à forma de cuidarmos dos autistas, dos que dele cuidam, nas escolas, junto aos professores e a todos os profissionais que atuam em seu entorno. Basta lê-los.

No entanto, outros interesses insistem em desconhecer a psicanálise e, mais que isso, em promover falsas acusações que sempre visam a manipular os pais contra a psicanálise e a favor de suas praticas dispendiosas, mercadológicas e desumanizantes.

Há anos, temos procurado compor com diferentes formas de tratar o autista que possibilitem a ele se desenvolver em seus interesses e dentro de suas capacidades — que são muitas.

Autismo. Crédito: Getty Images
Autismo. Crédito: Getty Images

Há anos, entramos no que chamamos de Batalha do Autismo, pelo autista, por seus cuidadores e pelos que se interessam em considerá-los como sujeitos que precisam de cuidados, mas que têm muito a nos dizer e a nos ensinar, mesmo em seus casos mais graves.

Que os escutemos, que possamos estar à altura de aprender com eles. Que não os deixemos reféns de práticas desumanizantes.

Neste mês do autismo que se inicia, que estejamos abertos para tomarmos cada autista como um, no singular, e que possamos dar um passo a mais para os acolhermos neste mundo que eles leem como ameaçador e caótico (o que não deixam de ter certa razão).

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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