Publicado em 23 de dezembro de 2023 às 18:30
Pessoas que não conseguem arrotar sofrem constrangimento, ansiedade e depressão por causa da condição, além da dor física, dizem pesquisadores.>
A Disfunção Cricofaríngea Retrógrada (DCF-R) causa inchaço abdominal, ruídos "socialmente estranhos" vindos do peito e pescoço e flatulência.>
A pesquisa foi realizada por um grupo de acadêmicos de uma universidade do Texas.>
Eles disseram que muitos médicos "não estão familiarizados" com a disfunção, deixando os pacientes "mal-atendidos".>
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Eles acrescentaram serem necessárias mais pesquisas e mais conscientização sobre a DCF-R.>
O grupo defendeu investigar "a gravidade que esta disfunção tem na vida cotidiana do paciente, incluindo suas implicações mentais e sociais", porque ela pode afetar negativamente a qualidade de vida dos pacientes.>
A DCF-R, também conhecida como "síndrome do não arrotar", ocorre quando o músculo cricofaríngeo da garganta não consegue relaxar para permitir que gases subam.>
Yakubu Karagama, otorrinolaringologista do Guy's and St Thomas' Hospital, em Londres, na Inglaterra, explica que a condição "atormenta as pessoas há muito tempo".>
"Quando você come ou bebe alguma coisa, você sente essa dor. Alguns pacientes têm que se deitar para que o gás suba, e algumas pessoas têm que enfiar o dedo na boca para se forçar a vomitar, para que o gás saia junto.">
Karagama diz à BBC que trata pessoas com essa condição com injeções de Botox, que relaxam o músculo cricofaríngeo, desde 2016.>
Ele disse que o tratamento "mudou a vida" de "quase todos os pacientes" que operou.>
No entanto, o tratamento atualmente está disponível apenas na rede privada no Reino Unido porque há pouca consciência sobre esta disfunção entre os profissionais de saúde, diz Karagama.>
"A maioria das pessoas ri quando você diz 'não consigo arrotar'. Esse é o problema.">
"As pessoas não entendem a fisiologia do arroto", acrescenta o especialista.>
Segundo Karagama, não se sabe quantas pessoas têm a disfunção, mas ele acredita que ela seja comum.>
"Muitas pessoas nem sabem que os sintomas que apresentam são resultado dessa condição. A maioria dos pacientes que veio à minha clínica disse que teve isso durante toda a vida".>
Ele cobra maior financiamento para pesquisas clínicas sobre a disfunção, que, em sua visão, os pacientes enfrentam "desnecessariamente".>
Um porta-voz do NHS (Serviço Nacional de Saúde, o SUS britânico), diz: "Embora a evidência clínica desta condição seja extremamente limitada devido ao pequeno número de pessoas que a apresentaram, a equipe do NHS adota conselhos clínicos do Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica, que estabelece os cuidados e serviços adequados para pacientes com condições ou necessidades específicas.">
O estudo, baseado em uma pesquisa realizada com 199 pessoas que não conseguiam arrotar, concluiu que havia "conhecimento muito limitado" sobre a condição entre profissionais de saúde, e que uma melhor compreensão poderia aumentar as taxas de diagnóstico e tratamento.>
Isso levaria a uma melhor qualidade de vida dos pacientes, disseram os autores.>
Os pesquisadores descobriram que metade das pessoas com DCF-R no Reino Unido discutiu os sintomas com seus médicos, mas 90% deles disseram que não receberam ajuda adequada.>
O estudo observa uma "prevalência geral de sintomas psiquiátricos" em pessoas com distúrbios difíceis de diagnosticar.>
"Portanto, é fundamental entender as implicações desta condição para a saúde mental", disseram os pesquisadores.>
O distúrbio recebeu a nomenclatura oficial de DCF-R apenas em 2019, quando o médico americano Robert W. Bastian, de Chicago, identificou o músculo cricofaríngeo como a origem do problema.>
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