Publicado em 11 de maio de 2019 às 23:27
Todo mundo sabe - ou deveria saber - da importância do exercício. Mesmo os bebês que nem andam ainda já têm que se movimentar. Adolescentes e adultos não podem parar. E o mesmo continua valendo para quem já tem cabelos brancos. Mas qual seria a atividade física mais indicada para cada fase da vida, da infância à velhice? O que podem fazer as grávidas e as pessoas diabéticas e hipertensas?>
Segundo o educador físico Flávio Simôr, não existe exatamente um exercício ideal para cada etapa da vida, mas sim práticas mais adequadas, seguras e que atendam às diferentes necessidades.>
Com o passar do tempo, a forma como o corpo utiliza e gasta energia passa por alterações. Crianças, adultos e idosos não possuem as mesmas capacidades motoras e limitações, por isso, precisam de atividades distintas, explica o profissional.>
PRE-ANDADA>
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O exercício deve estar presente na rotina ainda na fase das fraldas. A gente indica atividade física a partir de 4 meses de idade. Dos 4 aos 10 meses, que é a fase da pré-andada, o ideal são exercícios específicos para fortalecer braço, perna, abdômen, para dar força, equilíbrio, noções de confiança para ela entender o que o corpinho consegue fazer, diz André Ricardo Nahas, que é representante no Brasil de uma rede que promove o desenvolvimento infantil, com 420 unidades em 32 países.>
E aí, de acordo com o crescimento da criança, as atividades vão ganhando um incremento. O estímulo vai ser feito dentro do que se espera que a criança faça na idade dela. O que vemos hoje são crianças de 3, 4 anos que não correm, não pulam, não têm confiança para subir em um bloco de três centímetros de altura porque não tiveram oportunidade. Foram pouco estimuladas ou receberam o estímulo errado, observa Nahas.>
LÚDICAS>
Na infância, é importante que a criança participe de iniciativas lúdicas e cooperativas, como jogos coletivos, lutas e danças, para estimular a coordenação motora, o equilíbrio, a força, a agilidade, a velocidade e o ritmo, como destaca Simôr.>
Na adolescência, quando o corpo está na reta final de crescimento e desenvolvimento, é importante incluir exercícios de resistência, como a musculação. É fundamental o acompanhamento de um profissional de Educação Física a fim de formular um treino sem excessos e sem riscos para a saúde. Os benefícios vão desde o aumento da força, o desenvolvimento de ossos e músculos até mais disciplina, melhoria no relacionamento social e controle da ansiedade e depressão, afirma o professor.>
Para os adultos, o exercício físico passa a atuar também na prevenção de doenças como hipertensão, obesidade, depressão e diabetes. Devido a rotinas muitas vezes estressantes, o ideal é investir em atividades que promovam, além de movimento ao corpo, o relaxamento da mente, como ioga, ginástica e dança, comenta Simôr. >
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MAR VIRA TERAPIA PARA MANTER SAÚDE>
Os primos Domingos Gomes de Azevedo, 81 anos, e Paulo Roberto Valdetaro Gomes, 71, gostam de começar o dia com um mergulho no mar. Quase todos os dias, acordam cedo e vão nadar, algo que consideram uma terapia.>
Os dois vão bem de saúde e sabem que não podem parar. Os anos vão pesando. Mas procuro me cuidar. O mar é terapêutico. Vou com meu primo de quatro a cinco vezes por semana. Antes a gente nadava mais, agora damos umas braçadas e ficamos flutuando por meia hora, conta seu Domingos.>
Paulo não abre mão da companhia e da atividade. Cuidando do corpo, o espírito fica satisfeito, diz.>
Depois do banho de mar, os dois ainda fazem um alongamento. E cada um em seu horário faz caminhada no calçadão. Domingos gosta mesmo é de água e está pensando em se matricular na hidroginástica.>
Eles estão no caminho certo. Segundo o geriatra Roni Chaim Mukamal, o exercício é uma das mais importantes estratégias de prevenção aos problemas da velhice. Qualquer exercício, mesmo em pouca quantidade, é benéfico para a saúde. Mas idosos devem priorizar atividades como alongamento, algum exercício de força e algum outro que trabalhe a parte cardiovascular. O ideal seria unir esses três, aponta.>
NUNCA É TARDE>
Mesmo quem está parado há um tempo deve seguir essa recomendação. Gosto de dizer que, em se tratando de atividade física, o quanto antes, melhor. Mas nunca é tarde para começar, ressalta Mukamal.>
Sempre há o que melhorar, como destaca Roque Luz, que é profissional de Educação Física, wellness coach e comentarista da CBN Vitória.>
Muitos acham que o corpo já está se deteriorando e que não há muito mais o que fazer. Mas as pesquisas têm mostrado o contrário: que há muitos ganhos sim. Pessoas que foram sedentárias a vida toda e começaram a se exercitar depois dos 60 anos tiveram melhora de condicionamento, de força, de hipertrofia muscular, densidade mineral óssea, pressão arterial, condição cardiorespiratória.>
Para trabalhar o coração, bicicleta, corridas, natação e caminhada com ritmo mais forte são boas opções.>
Idosos podem e devem fazer atividades desafiadoras e que trabalhem a força. Não é só pesinho leve. É bom escolher atividades que trabalhem a musculatura, dando força, porque os casos de queda na terceira idade acontecem, na maioria das vezes, por fraqueza muscular, afirma Roque Luz.>
A hidroginástica também é indicada. Mas o professor diz que em pessoas com princípio de osteoporose podem não ter a eficácia esperada. Melhor seria um exercício que promove mais pressão sobre os ossos. Porque a água ajuda a carregar o peso e reduz essa eficácia.>
Aliás, quem tem problemas crônicos, como artrose, diabetes, hipertensão também deve se exercitar. Mas antes, é preciso passar por avaliação médica. Quem tem diabetes, precisa fazer um controle muito grande da glicemia, dosar antes e depois do treino, e ficar de olho na alimentação porque o exercício altera a glicemia, diz Roque Luz.>
Já quem tem artrose grave deve evitar exercícios de resistência e força. A atividade física, além de, na fase adulta, prevenir aparecimento de doenças crônicas e degenerativas, nas pessoas que já têm diabetes, hipertensão, por exemplo, ajuda no controle dessas doenças. Mas tem que ir ao médico para ter essas orientações e se exercitar com segurança, afirma o geriatra.>
Movimente-se>
Crianças até 5 anos>
Quantidade>
Crianças pequenas devem se movimentar por, em média, 180 minutos por dia, de forma diversificada>
Atividades>
A atividade deve ser lúdica, divertida e estimulante. Foque em brincadeiras que ajudem a desenvolver o equilíbrio, a coordenação motora, o senso de localização. Use música, objetos coloridos>
Acima de 5 anos e adolescentes>
Recomendação>
O indicado é que haja pelo menos uma hora de exercício moderado ou vigoroso por dia>
O que fazer>
Estimule atividades que trabalhem o fôlego (nadar, dançar, correr, pular corda, pedalar...) e a força muscular (escalar). Algumas práticas, como o basquete, cumprem mais de um desses requisitos>
Estimule>
Sempre proponha algo que tire a criança ou adolescente do sedentarismo. Opte por atividades ao ar livre e outras coletivas>
Adultos>
Duração>
A recomendação é de 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada por semana ou de 75 a 150 minutos em atividade vigorosa>
Melhores opções>
Duas ou três sessões de musculação por semana fazem bem. Ou qualquer outro exercício que trabalhe todos os grupos musculares. Inclua atividades que melhorem a flexibilidade, como o pilates ou alongamento>
Prevenção>
O exercício ajuda a prevenir o aparecimento de doenças crônicas e degenerativas, além de gerar bem-estar e aliviar o estresse>
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Gestantes>
Período>
Fazer 150 minutos moderados de exercício por semana, priorizando os aeróbicos. Pode fazer até os últimos dias da gestação, o que ajuda na diminuição de problemas como hipertensão, diabetes gestacional, gera mais condicionamento físico e bem-estar emocional>
O que fazer>
Pode variar entre pilates, caminhada, hidroginástica, dança ou mesmo musculação. Mas evite práticas com muito contato, como futebol, handebol. Evite ficar muito tempo deitada de costas ou com o lado direito do corpo, pois isso comprime os vasos sanguíneos e pode gerar complicações cardiovasculares>
Confira o vídeo da professora Kariny Vianez dançando:>
Idosos>
Mais vantagens>
Mesmo para quem vai começar a se exercitar depois dos 60 anos, há muitos benefícios: o exercício traz melhora de condicionamento, de força, de hipertrofia muscular, densidade mineral óssea, pressão arterial, condição cardiorrespiratória>
Com acompanhamento>
Depois de um check-up médico, vale fazer exercício com acompanhamento de um educador físico, que saberá elaborar treinos individualizados>
Melhores opções>
Estando bem de saúde e com orientação certa, o idoso pode encarar qualquer atividade. Mas as ideais são aquelas que trabalham: alongamento, condicionamento cardiorrespiratório e força>
Pessoas com doenças crônicas>
Exercício é remédio>
Nas pessoas que já tem alguma doença crônica, como diabetes, hipertensão, o exercício é um grande aliado para o controle desses males>
Avaliação>
O importante é passar por uma avaliação médica para receber a prescrição ideal de exercício, saber dos riscos associados para que a atividade seja feita com segurança, na medida certa>
Orientação>
Depois, vale buscar um acompanhamento especializado de um educador físico. Treinos pesados podem ser arriscados para hipertensos se a pressão arterial não for monitorada. O exercício é muito recomendado para diabéticos, ajudando a baixar o açúcar no sangue. Só é preciso checar a glicemia antes e depois do treino. Já para quem sofre artrose, alguns exercícios rigorosos podem não ser indicados>
Fonte: Revista Saúde e especialistas entrevistados>
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