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Entenda o que é a dor do crescimento nas crianças

Entenda o que é a dor do crescimento nas crianças

Essa síndrome existe e é bem comum, atingindo de 10 a 20% das crianças. Mas não há motivo para alarde. O incômodo passa

Publicado em 11 de outubro de 2019 às 18:30

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Data: 01/10/2019 - ES - Vitória - Iracema Neves, com o filho Lucas, ele faz natação para diminuir as dores nas pernas - Editoria: Revista AG - Foto: Ricardo Medeiros - GZ. (Ricardo Medeiros)

C rescer dói. Não estamos falando daquele amadurecimento natural, que vem junto com as responsabilidades e cobranças da vida adulta - o que também pode ser bem doloroso para algumas pessoas, é verdade! A chamada dor do crescimento existe e é bem comum: atinge de 10 a 20% das crianças, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Seu filho já pode ter reclamado de uma dorzinha ou outra nas pernas, principalmente à noite, depois de um dia mais agitado. Não é frescura dele, tá?

“A dor do crescimento existe sim. Não é fraude! Ainda me lembro das minhas! Exatamente aos 7 anos de idade!”, comenta a pediatra Sandra Martins.

Segundo ela, geralmente, essa síndrome acomete crianças de 3 a 5 anos e o grupo com pouco mais de 8 anos. Afeta mais meninas do que meninos. “Raramente vi adolescentes com dor em membros que fosse atribuída a esse quadro. Ninguém sabe por que umas crianças têm e outras nunca tiveram tal dor. Mas não há nenhuma relação com a puberdade. Na maioria dos casos, adolescentes têm dores em membros devido a esforços do esporte”, observa.

Os sinais são fáceis de identificar. Mas não se preocupe: não significam nada sério. É algo que dá e passa, como dizem. “Sim. É algo que costuma passar com uma massagem e um pouquinho de aquecimento”, garante a médica.

Apesar do nome, a síndrome não tem muito a ver com o crescimento em si da criança, segundo ela. “As dores podem aparecer em crianças com baixa velocidade de crescimento ou com grandes taxas de aumento da altura”.

E não tem uma causa certa. “Talvez não exista muita pesquisa porque se trata de um incômodo que não tem gravidade”, diz Sandra.

Reumatologista pediátrica, Mirna Tomich Salume explica que a dor do crescimento é caracterizada por uma dor recorrente, mas de curta duração. Dura de minutos a poucas horas. “Apesar de podermos confundir com dor muscular de atividade física, ela é diferente, pois costuma ser pior à tarde e à noite. Ela acomete principalmente os membros inferiores, mas pode acometer membros susperiores também”.

O que vale, dizem as médicas, não é nem ter certeza de que a queixa do seu filho seja a tal dor do crescimento, e sim descartar que seja outra coisa. “O importante é não postergar uma avaliação de dor em membros, especialmente os inferiores que são os mais acometidos, ‘botando na conta’ da tal dor do crescimento”, frisa Sandra.

“O diagnóstico é clínico. Por meio de uma anamnese bem feita e exame físico. Em algumas situações, podemos pedir exames de sangue e imagem para afastar outros diagnósticos, mas na dor em membros os exames geralmente estão normais”, complementa Mirna.

Se for uma dor chata, persistente, é melhor investigar. De acordo com a reumatologista, é preciso ficar atento a alguns pequenos sinais de alerta. “Se for uma dor unilateral, uma dor que leva a criança a mancar ou atrapalha as atividades de vida diária, ou se ainda estiver associada de outros sintomas, como edema articular ou perda de peso, o ideal é procurar um especialista”.

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Apesar de podermos confundir com dor muscular de atividade física, ela é diferente, pois costuma ser pior à tarde e à noite

Mirna Salume
Médica reumatologista
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Ele não crescia muito, mas as dores...

Por volta de seus 7 anos de idade, Lucas começou a reclamar de dor nas pernas. Sem saber o que podia ser, a mãe dele, a administradora Iracema Neves, 43 anos, ficou ressabiada. “No início, fiquei tensa, achando que pudesse ser algo mais sério. Ele não chorava, mas teve vezes em que tive que dar um remédio para ele conseguir dormir. Era uma dorzinha chata sempre abaixo do joelho, na canela”, relata ela, que é mãe ainda do Lorenzo, 2 anos, e da Luisa, 1 ano.

O médico examinou o menino e descartou qualquer motivo de preocupação. Era dor de crescimento. E olha que Lucas, que hoje tem 10 anos, não estava esticando muito. “Fomos a uma endocrinologista, que observou que o Lucas não estava crescendo muito. Fomos acompanhando. Com o tempo, a médica disse que ele estava ficando muito abaixo da curva de crescimento e achou melhor até entrarmos com medicamento, o hormônio GH (conhecido como hormônio de crescimento)”, lembra Iracema.

Há pouco mais de um ano, Lucas toma injeções diárias do medicamento, o que já garantiu a ele alguns bons centímetros a mais. O tratamento seguirá pelo menos até os 16 anos.

Já as tais dores nas pernas, essas continuam indo e vindo, segundo a administradora. “Teve um período em que ele reclamava esporadicamente. Depois, isso ficou mais intenso, era toda semana. Coincidiu com o momento em que ele praticava natação, judô, futebol… Os três esportes. Mas como eu já sabia o que era, ficava só contornando. Fazia massagens ou tentava distrai-lo com outro assunto na hora da dor. Hoje ele faz só natação, que ele adora”.

Irmãs têm as mesmas reclamações

Data: 03/10/2019 - ES - Vitória - Liliane Zanetti, com as filhas Alice,Ana Julia e Beatriz, entrevistadas sobre crescimento - Editoria: Revista AG - Foto: Ricardo Medeiros - GZ. (Ricardo Medeiros)

Na casa da odontóloga bucomaxilofacial Liliane Scheidegger Zanetti, 45 anos, as queixas foram em dose tripla. Nos últimos tempos, quem tem reclamado mais é a Beatriz, de 6 anos de idade. Mas a Ana Julia, de 9 anos, já sentiu as tais dores do crescimento, assim como sua irmã gêmea, a Alice.

“Quem diagnosticou isso primeiro foi uma pediatra que acompanhava as meninas. Depois, a tia delas, que é também pediatra neonatologista. Ambas concordam que são as dores de crescimento”, comenta a mãe.

A caçula, Beatriz, conta ela, sente o incômodo ao dormir e, às vezes, quando acorda. “Geralmente é nas canelas. Mas não é algo que me preocupa. Uma noite de sono resolve. E se ela acorda com as dores, dou um analgésico”.

Liliane diz que dá para conviver com o problema. “Não é nada muito exagerado. E uma coisa que tem ajudado muito é a atividade física. As gêmeas fazem ginástica artística e a Beatriz faz ginástica rítmica”.

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    É algo intermitente, ou seja, aparece e depois some por dias, meses. Costuma aparecer no final da tarde ou à noite. É mais comum em crianças do que em adolescentes. Afeta mais a região das pernas, mas pode afetar membros superiores também

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    Não existem causas definidas. Sabe-se que atinge de 10 a 20% das crianças e é benigna

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    Na história familiar é possível detectar história de dor de crescimento em 20% a 47% dos parentes de primeiro grau

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    Não há tratamento específico. Massagem no local, alongamento, relaxamento muscular ajudam. Em casos de dores mais intensas, pode ser ministrado um analgésico. Além disso, praticar exercício com regularidade melhora o quadro

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    Se for uma dor persistente, que dura dias sem parar, acompanhada de inchaço, por exemplo, o ideal é procurar um médico

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    Exemplo de resposta!

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