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Três primeiros meses de Bolsonaro não são de empolgar

Três primeiros meses de Bolsonaro não são de empolgar

O desempenho do governo está aquém das expectativas. Período simbólico de 100 dias será debatido por especialistas em Vitória

Publicado em 8 de abril de 2019 às 17:55

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Em que pese a ruptura com o modelo implementado por governos anteriores, uma marca inegável deste início da gestão de Jair Bolsonaro (PSL) é a reincidência em polêmicas e o foco em pauta morais e ideológicas. Em muitas vezes, a agenda econômica e reestruturante ficou em segundo plano.

Às vésperas de o governo federal alcançar, nesta quarta-feira (10), a simbólica marca de 100 dias, executivos avaliam o desempenho da administração federal aquém das expectativas cultivadas. O período estará em debate no Diálogos sobre Desenvolvimento e Competitividade, na próxima sexta-feira (12), em Vitória. (mais informações abaixo)

Claro que três meses são insuficientes para resolver os gargalos e reequilibrar a máquina pública. Porém, na avaliação do presidente do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades), Idalberto Moro, o governo cometeu distrações no caminho até aqui.

"Está razoável. Poderia estar muito melhor se não fosse a insegurança e o modelo que o presidente adotou no início do mandato, o que, de certa forma, desaponta. Vários assuntos polêmicos foram levantados e criados. Isso, sem dúvida, afetou o ambiente. Ele tem falhado na prática de fazer politica. Poderia estar muito melhor, se não tivessem esses ambientes hostis que criou, privilegiando ideologias que se tornaram polêmicas", opinou o empresário.

Diretor de Finanças, Riscos, Compliance e Tecnologia da Informação da ArcelorMittal Brasil, Paulo Wanick diz que esperava mais dos 100 primeiros dias, com debates importantes transcorrendo de maneira mais fluida.

"Há preocupação, sim. Não que a gente tenha jogado a toalha, mas a expectativa para os três primeiros meses era de que as coisas fossem articuladas com mais leveza, haja vista a maioria no Congresso, a qualidade da interlocução dos ministros da Fazenda (Paulo Guedes) e da Justiça (Sérgio Moro). Infelizmente, o governo federal se viu envolvido em série de discussões que são paralelas às grandes necessidades do país, que não são necessárias à normalidade e à agenda positiva que precisamos", considerou.

Uma agenda central que patinou em vários momentos dessa fase inicial do governo foi a que versa sobre o ritmo e o formato da reforma da Previdência, em torno da qual há um consenso a respeito da relevância dela para o ajuste das contas públicas e desenvolvimento econômico.

Paulo Wanick e Idalberto Moro convergem para o argumento de que é necessário aprovar não a reforma ideal, mas a melhor reforma possível.

Paulo Wanick . (Divulgação)

"Temos que ter visão mais dinâmica. Nada impede que ela (a reforma) seja novamente colocada no futuro próximo. Não é preciso, neste momento, criar o modelo ideal. Estamos muito mais perto do modelo do caos do que do ideal. E temos que sair do caos", ponderou Wanick. "Para aprovar, o presidente terá que fazer concessões. Mas é um passo que tem que dar. Melhor ter uma reforma um pouco desidratada do que não ter nenhuma", avaliou Moro.

Idalberto Moro . (Divulgação)

Os executivos lembram que a dinâmica nacional é interligada aos Estados, e o Espírito Santo depende da engrenagem de Brasília. Por isso, os acertos no âmbito federal são altamente necessários aos capixabas e aos negócios aqui instalados.

"Desde a eleição do novo governo federal, viemos com um pacote de investimentos dentro da nossa empresa. Tivemos uma série de investimentos comunicados, como a reforma do nosso forno, a reforma da máquina de lingotamento contínuo e a nossa usina de dessalinização, que é a primeira do país em escala industrial. Tudo isso veio a reboque de um entendimento de que o Brasil vai crescer e o Espírito Santo vai crescer junto", frisou Wanick, que considera também que o governo do Estado tem se posicionado corretamente no debate nacional e tem tudo para colher frutos com sua nota em equilíbrio fiscal da Secretaria do Tesouro Nacional.

AGENDA DOS DIÁLOGOS

Na próxima sexta-feira (12), acontece no Vitória Grand Hall, no bairro Santa Luíza, Vitória, o Diálogos sobre Desenvolvimento e Competitividade. O evento é realizado pela Rede Gazeta, correalizado pelo Sincades e tem o patrocínio da ArcelorMittal. A entrada é gratuita. 

 

O debate aproveita o marco de 100 dias de atuação dos governos empossados em 1° de janeiro para discutir desafios e oportunidades. Pretende estimular reflexões de âmbito local com abordagens voltadas para o futuro e para a competitividade da economia do Estado.

Entre os debatedores, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola e a jornalista da GloboNews, Andréia Sadi, especializada na cobertura política nacional. O governador Renato Casagrande (PSB) também fará uma apresentação. Inscrições podem ser feitas aqui 

"Será uma oportunidade para avaliação e reflexão. É o momento de colher informações de ótimos analistas para ajudar na nossa tomada de decisões, para ver o sentimento dos presentes e sentir como está o clima de confiança e expectativa", frisou o presidente do Sincades, Idalberto Moro.

PROGRAMAÇÃO E INFORMAÇÕES

8h30 - Credenciamento 

 

9h00 - Abertura – Apresentação de Mário Bonella (jornalista da Rede Gazeta)

9h05 - Cenário político brasileiro em 2019 – Andréia Sadí (jornalista da Rede Globo)

9h45 – Painel de Economia com Gustavo Loyola (doutor em Economia pela EPGE-FGV e ex- presidente do Banco Central)

11h00 - Debate, a ser mediado por Mário Bonella (jornalista da Rede Gazeta)

12h00 - Apresentação do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande

12h30 - Encerramento

Local: Vitória Grand Hall (Rua Dr. João Carlos de Souza, 55, Santa Luíza, Vitória - ES)

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