Publicado em 18 de maio de 2020 às 17:21
Uma semana depois de retomar as aulas do ensino infantil e fundamental, o governo francês anunciou que voltaria a fechar 70 das 40 mil escolas por causa de contágio pelo coronavírus. >
Em entrevista ao canal de notícias BMF TV, o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, disse que o fechamento não deveria ser motivo de inquietação, mas, ao contrário, uma demonstração de que as autoridades de saúde estavam vigilantes.>
Como o período de incubação da doença pode levar até 14 dias, é possível que as pessoas cujos testes deram positivo tenham sido contaminadas antes da retomada das aulas.>
Das 70 escolas, 24 foram fechadas em uma única cidade, Sens (na região da Borgonha), por causa de um caso confirmado de Covid-19 (doença provocada pelo coronavírus).>
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Questionado pela repórter do canal francês sobre se não era exagero fechar dezenas de escolas por causa de uma só pessoa infectada, o ministro respondeu: "Às vezes nos acusam de fazer de menos, às vezes de fazer de mais. Se tirarmos uma linha de equilíbrio, estamos atentos à saúde das pessoas".>
O recuo pontual é previsto nas estratégias de vários governos europeus durante o desconfinamento.>
A ideia é monitorar os números da doença de forma local ou regional e aplicar medidas de restrição pontuais, em vez de gerais.>
Na Dinamarca, que reabriu as escolas no dia 15 de abril, também houve um aumento na taxa de contaminações em um primeiro momento, mas o país conseguiu manter a epidemia sob controle. Na última sexta (15), nenhuma morte por coronavírus foi registrada, pela primeira vez desde 13 de março.>
A Alemanha também registrou aumento na taxa de contágio após o início do descongelamento.>
O ministro francês disse que as escolas foram fechadas seguindo dois princípios básicos: orientação das autoridades de saúde e diálogo com os governantes locais.>
Na retomada das aulas, a França reduziu à metade o tamanho das turmas, de 30 para 15 alunos, adotou medidas de higiene e desinfecção e permitiu que as crianças continuassem acompanhando as aulas de casa, pela internet.>
Segundo Blanquer, 30% delas voltaram à escola. O ministro afirmou que as consequências de não ir à escola podem ser graves, com impacto emocional e de nutrição, já que parte das crianças depende da merenda escolar.>
O risco de abandono ou fracasso escolar também é preocupante, disse ele, principalmente para os cerca de 500 mil alunos de famílias mais pobres.>
"Voltar à escola não é uma medida secundária; é fundamental", afirmou Blanquer. Nesta segunda, outros 150 mil estudantes do equivalente ao fundamental 2 retornaram às aulas na França.>
Manter escolas infantis e primárias abertas foi uma das principais diferenças da estratégia de combate à pandemia da Suécia, quando comparada a outros países europeus.>
O governo sueco não decretou um confinamento geral, mas pediu a idosos, doentes e pessoas com sintomas que ficassem em casa e recomendou distanciamento físico a todos.>
Em seminário pela internet em abril, o professor de história social Lars Trägårdh disse que escolas primárias não foram fechadas na Suécia porque, na avaliação dos especialistas do país, o resultado do ensino online para crianças menores é insatisfatório.>
Em países menos desenvolvidos, como o Brasil, pode haver também o problema da desigualdade de acesso.>
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que, duas semanas depois do lançamento de aplicativo para ensino remoto do governo paulista, menos da metade dos alunos havia acessado as aulas.>
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