Publicado em 5 de novembro de 2024 às 12:36
Kamala Harris e Donald Trump terminaram suas campanhas para as eleições nos Estados Unidos com comícios na Pensilvânia e no Michigan, respectivamente - mas por quê?>
Em suma, porque esses são dois dos sete Estados onde os resultados ainda não foram definidos com as pesquisas apontando um equilíbrio tão grande que torna o resultado imprevisível - e que, portanto, podem decidir o próximo presidente americano. >
A Pensilvânia é considerado importante porque o candidato que vence entre os eleitores do Estado recebe valiosos 19 votos no Colégio Eleitoral. >
Em 2020, a Pensilvânia foi uma das últimas regiões a ter seu resultado confirmado, com Joe Biden - que é originalmente do Estado - saindo como o vencedor. >
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Já Michigan representa 15 votos no Colégio Eleitoral e é considerado um Estado de vitória obrigatória para ambos os candidatos presidenciais. >
Por várias décadas, Michigan fez parte do chamado blue wall (paredão azul, em tradução para o português), formado pelos Estados em que o Partido Democrata historicamente tem mais força. >
Mas Trump contrariou essa tendência quando venceu no Estado em 2016, antes de Joe Biden retomar o controle democrata por ali em 2020.>
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Trump fez o último discurso de sua campanha na cidade de Grand Rapids, no Michigan, onde foi recebido com aplausos.>
Ele falou longamente sobre vários tópicos, incluindo imigração e desemprego, e também aproveitou a oportunidade para criticar Kamala Harris - dizendo que ela havia quebrado o país, mas que ele o levaria a "novos patamares de glória".>
Kamala, enquanto isso, mal mencionou seu concorrente. Ela fez seu último discurso na Filadélfia, no Estado da Pensilvânia, onde se concentrou no "otimismo" de sua campanha e disse em um apelo aos jovens eleitores: "Eu vejo seu poder e estou muito orgulhosa de vocês".>
Mais de 240 milhões de americanos estão aptos a votar neste 5 de novembro. Mas, no sistema eleitoral do país, obter a maioria do voto popular nacionalmente não é garantia de vitória.>
Para chegar à Casa Branca, um candidato precisa de pelo menos 270 dos 538 votos no chamado Colégio Eleitoral, formado por delegados enviados pelos Estados.>
O número de delegados de cada Estado varia, e é proporcional ao tamanho da população. São esses delegados que elegem o presidente.>
Na maioria dos casos, o vencedor leva todos os votos do Colégio Eleitoral daquele Estado, mesmo que sua vitória tenha sido por uma margem pequena.>
Assim, é possível que um candidato vença o voto popular nacionalmente e, mesmo assim, perca na contagem de votos do Colégio Eleitoral.>
Isso aconteceu com a democrata Hillary Clinton em 2016, que foi derrotada por Donald Trump.>
Na complicada matemática para chegar aos 270 votos, são cruciais os chamados swing states (Estados-pêndulo, em tradução livre), já que um ano podem pender para os democratas e, na eleição seguinte, para os republicanos.>
Na maioria dos 50 Estados americanos, a disputa não costuma ser competitiva, e um dos dois principais partidos historicamente tem mais força, deixando pouca chance de vitória para o adversário.>
Exemplos dessa dinâmica são a Califórnia, considerada um Estado democrata, ou o Texas, que tem um histórico de votação em republicanos.>
Mas, nos sete Estados identificados como decisivos neste ano, tanto a vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris quanto o ex-presidente Donald Trump, que deverá concorrer pelo Partido Republicano, podem vencer a disputa.>
Outra característica para que um Estado seja considerado decisivo é ter pesquisas de intenção de voto com pequena diferença entre os dois candidatos que sejam "consistentemente dentro da margem de erro", diz à BBC News Brasil o cientista político Todd Belt, professor da Universidade George Washington, em Washington.>
Na eleição atual, segundo as pesquisas mais recentes, os dados sugerem uma pequena vantagem para Trump em Nevada, Geórgia, Carolina do Norte e Arizona. Kamala aparece com uma liderança pequena em Wisconsin e Michigan. >
Já na Pensilvânia, os dois candidatos aparecem empatados. >
Com 19 votos no Colégio Eleitoral - o maior número entre todos os Estados-pêndulo - a Pensilvânia se tornou o grande prêmio desta eleição.>
O modo como a Pensilvânia vota também é frequentemente visto como um indicador de quem vencerá o país: o candidato que venceu o Estado em 10 das últimas 12 eleições presidenciais chegou à Casa Branca.>
Por tudo isso, os eleitores locais têm sentido mais responsabilidade no momento de ir às urnas. >
“Muitas pessoas estão dizendo que é aqui que vai ser decidido… e acho que elas podem estar certas”, disse à BBC Bill Donovan, eleitor democrata que viajou de universidade em universidade em Pittsburgh para abordar estudantes e garantir que eles se registraram para votar.>
“Isso nos dá um pouco mais de incentivo para continuar quando sentimos vontade de voltar para casa.”>
O Estado foi inundado por propagandas das campanhas de Kamala e Trump, que junto com seus companheiros de chapa fizeram mais de 50 aparições em cidades da Pensilvânia desde meados de julho.>
Entre 22 de julho e 8 de outubro, a campanha de Kamala gastou US$ 159,1 milhões (R$ 921,6 milhões) em publicidade na Pensilvânia, de acordo com um relatório recente da AdImpact. >
Já a campanha de Trump gastou US$ 120,2 milhões (R$ 696,3 milhões) no mesmo período.>
O poder que vem com o voto por ali é exatamente a razão pela qual Dimitri Chernozhukov, um estudante universitário de 21 anos da Lafayette College na cidade de Easton, escolheu cursar uma universidade no Estado.>
"Meu voto importa aqui", disse o eleitor de Trump. "Quando eu estava me registrando na Pensilvânia, eu me certifiquei de que todos os formulários estavam corretos porque esse voto importa.">
Com cerca de 9 milhões de eleitores registrados na Pensilvânia, a participação é essencial para o sucesso de qualquer campanha.>
Os números de registro mostram que a filiação política está dividida quase 50-50, com cerca de 3,9 milhões de democratas e 3,6 milhões de republicanos registrados. >
Há também cerca de 1,4 milhão de eleitores registrados como independentes ou filiados a terceiros, que ambas as campanhas cortejaram.>
Os eleitores democratas estão principalmente agrupados ao longo das fronteiras leste e oeste do Estado, em áreas urbanas como Pittsburgh e Filadélfia. >
O meio do Estado, que é rural, inclina-se fortemente para os republicanos.>
Dois condados especificamente - Erie no oeste da Pensilvânia e Northampton no leste da Pensilvânia - são vistos como condados indicadores, o que significa que eles geralmente influenciam a forma como o país vota em geral. Ambos os condados favoreceram Trump em 2016, mas foram para Biden em 2020.>
No Michigan, quando Kamala substituiu o presidente Joe Biden como a candidata democrata em julho, seus eleitores estavam esperançosos com a possibilidade de crescimento de sua campanha. >
No início de agosto, Kamala Harris tinha uma vantagem de cerca de 1,7 ponto percentual em relação a Trump, segundo uma média das pesquisas realizadas pelo site 538. >
A diferença chegou a 3,4 pontos na média das pesquisas seguintes, mas caiu consideravelmente desde o início do mês de outubro, deixando o caminho dos democratas para a vitória no Estado menos certo.>
Atualmente, ela tem cerca de 1 ponto de vantagem em relação a Donald Trump no Michigan. >
Localizado no Meio-Oeste dos EUA, o Estado deu consistentemente a vitória para os democratas por décadas até 2016, quando se tornou um importante campo de batalha entre os dois partidos por seus 15 votos no Colégio Eleitoral.>
Na disputa de 2020, entre Joe Biden e Donald Trump, o candidato democrata acabou com uma liderança confortável e venceu o Estado por 150 mil votos. Mas analistas preveem uma corrida muito mais apertada neste ano. >
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