Publicado em 13 de novembro de 2025 às 08:03
Um dos primeiros efeitos políticos da megaoperação policial contra o Comando Vermelho, realizada nos complexos da Penha e do Alemão no mês passado, foi o aumento da aprovação das ações de segurança e da popularidade do governador do Rio, Claudio Castro (PL). A operação deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais.>
Uma pesquisa de opinião da AtlasIntel, divulgada na semana da operação, apontou que Castro era aprovado por 47% dos moradores da capital fluminense, índice de popularidade maior que o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do prefeito Eduardo Paes. >
Ele também foi mais bem avaliado no quesito desempenho na área de segurança pública: 36% o consideraram bom ou ótimo, ante 27% de Lula e 13% de Paes.>
No Datafolha, divulgado no dia 1 de novembro, Castro atingiu o maior nível de aprovação desde 2022, com 40% dos moradores da capital e região avaliando seu trabalho como bom ou ótimo. Entre os que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro, a popularidade é maior: 67% o aprovam. Entre os eleitores de Lula, são 17%.>
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Uma nova pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira (12/11) sugere que, para 24% dos entrevistados, Castro foi o político que se saiu melhor até agora entre os governadores que formaram o "Consórcio da Paz" — grupo para coordenar políticas de combate ao crime organizado. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), aparece em segundo, com 13%.>
Essa nova pesquisa sugere também que a avaliação positiva do governo Lula oscilou para baixo dentro da margem de erro — de 33% para 31%.>
Alguns analistas avaliaram, em entrevistas à BBC News Brasil, que a operação tinha objetivos políticos. O ex-secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Brisolla Balestreri, chamou o ato de um "espetáculo" com baixa eficiência.>
Na semana passada, impulsionado pela popularidade, o governo Castro anunciou que já planeja novas operações semelhantes contra o crime organizado.>
A operação foi além do Rio e mobilizou a direita brasileira.>
Diversos governadores demonstraram apoio público a Castro com a criação do Consórcio da Paz, projeto de integração para trocar informações de inteligência no combate ao crime organizado. Estão no grupo governadores como Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.>
O deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) se afastou de seu cargo como secretário de Segurança Pública do governo Tarcísio para relatar um projeto contra facções criminosas na Câmara dos Deputados.>
Já Castro considera a operação um sucesso e tem rebatido acusações de uso político do episódio.>
Ele disse que a ação foi "um duro golpe contra a criminalidade" e também prova que o Estado "tem condições de vencer batalhas".>
Afirmou ainda que "governador deste Estado e nenhum secretário vai ficar respondendo nem ministro, nem autoridade, nem ninguém que queria transformar esse momento numa batalha política".>
Mas será que a aprovação de políticos puxada por ações na guerra às drogas, como neste caso, tem efeito duradouro? >
Pesquisas recentes de outros países e especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que, com a escalada da violência, estas ações podem até resultar em um efeito contrário no médio e longo prazo, além de causar danos às instituições.>
Antes de ser presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte foi prefeito de Davao, metrópole do sul do país, por 22 anos. Em sua gestão, tornou a cidade uma das mais seguras do país em relação a crimes de rua.>
Com a reputação lá conquistada e um discurso duro, fez uma campanha presidencial bem-sucedida em 2016 e venceu com vitória esmagadora.>
Ele governou o país até 2022, período em que milhares de pessoas, principalmente usuários e pequenos traficantes, foram mortas sem julgamento.>
A popularidade de Duterte veio acompanhada de acusações internacionais de violações de direitos humanos. A guerra às drogas de seu governo foi amplamente criticada por organizações civis e por órgãos internacionais.>
Em 2025, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra ele por crimes contra a humanidade. Duterte, então com 79 anos, foi detido em Manila e enviado para Haia, na Holanda, onde o tribunal está sediado.>
Uma pesquisa recente, publicada em agosto de 2025 pelo professor de Ciência Política da universidade americana UC San Diego Nico Ravanilla e pelo pesquisador Enrico La Vinã, do grupo de pesquisa americano Institute on Global Conflict and Cooperation, analisou resultados eleitorais de candidatos que apoiavam as políticas de linha-dura (chamada originalmente de "mão dura" no artigo) e identificaram que a forte repressão policial, quando evidente, enfraqueceu o apoio a esses políticos.>
Ao mesmo tempo, um aumento da criminalidade levou a um maior apoio aos políticos.>
"Os eleitores endossaram a abordagem de Duterte, como evidenciado pelo sucesso de seus aliados nas eleições para o Senado de 2019 e pela subsequente eleição de sua filha como vice-presidente em 2022", avaliam os autores no artigo.>
"No entanto, como em muitas campanhas de 'mão dura', o apoio à política tem flutuado ao longo do tempo, com sua intensidade diminuindo nos últimos anos de Duterte e seu sucessor, Ferdinand Marcos Jr., sinalizando uma mudança nas prioridades.">
Os autores analisaram os resultados eleitorais das eleições para o Senado nas Filipinas em 2019, amplamente vistas como um "plebiscito" sobre a guerra às drogas de Rodrigo Duterte, para medir o apoio público às políticas linha-dura.>
Eles cruzaram os votos obtidos por candidatos alinhados ou contrários a Duterte em cada município com dados locais sobre criminalidade e violência, obtidos de registros policiais e outros bancos de dados.>
A dupla concluiu que, quando os crimes alvo da guerra às drogas (como homicídios e tráfico) aumentaram, os candidatos pró-Duterte receberam mais votos; já onde houve mais mortes causadas pela polícia, o apoio a eles caiu.>
"Constatamos que os eleitores são a favor de medidas enérgicas contra o crime, mas reagem negativamente a abusos visíveis por parte das forças estatais. Áreas com mais mortes de suspeitos de tráfico de drogas, perpetradas pela polícia, registraram quedas significativas nos votos a favor da linha-dura", dizem.>
"Esses resultados sugerem que os eleitores recompensam o controle rigoroso do crime quando ele aborda ameaças específicas, mas retiram seu apoio quando o Estado ultrapassa os limites legais.">
Para que esse efeito aconteça, no entanto, a pesquisa aponta que é necessário que as mortes tenham visibilidade e que esteja claro para o público que tais abusos aconteceram, de fato. >
"Embora os eleitores possam inicialmente tolerar a violência perpetrada pelo Estado, especialmente pela polícia, incidentes repetidos de brutalidade corroem a confiança pública", diz o estudo.>
"Essa erosão do apoio ocorre quando os cidadãos se deparam com a natureza visível e muitas vezes indiscriminada da violência, o que pode desencadear um mal-estar moral e desilusão, mesmo entre aqueles que inicialmente apoiavam medidas severas como necessárias para a segurança pública.">
"Existem razões claras para que parte da população apoie essas políticas, sobretudo sob líderes populistas", disse Nico Ravanilla, um dos autores do estudo, à BBC News Brasil. >
Segundo ele, o primeiro motivo é que esse tipo de política rapidamente se transforma em símbolo.>
"Líderes populistas costumam identificar um outro — usuários de drogas, gangues ou criminosos — e apresentá-los como ameaças existenciais. A política passa então a ser a arma contra essa ameaça. Poderia muito bem ter sido um muro na fronteira, uma proibição à imigração ou uma guerra contra a corrupção.">
Para Ravanilla, parte do público se engaja nessas agendas porque enxerga nelas uma resposta direta "a um inimigo concreto/inércia ou falha do Estado, mesmo que a escala desse inimigo/inércia seja exagerada ou não seja respaldada por evidências.">
No caso específico do crime e da violência, acrescenta, medo e frustração são "motivadores poderosos.">
"Quando as pessoas percebem que o crime é galopante e acreditam que o Estado falhou em protegê-las, elas se tornam dispostas a trocar o devido processo legal por ações visíveis. Elas preferem ver uma resposta enérgica, mesmo que extrajudicial, do que a inércia contínua." >
Ravanilla afirma que o apoio tende a enfraquecer com o passar do tempo.>
"Em nossa pesquisa, observamos que esse padrão segue um ritmo familiar. Quando a campanha começa, o espetáculo da ação produz entusiasmo imediato. Cada operação policial ou morte visível é transmitida como prova de que o governo está finalmente fazendo algo." >
Esse entusiasmo, porém, pode cair após episódios traumáticos, como o assassinato de uma criança nas Filipinas.>
"O governo deliberadamente desacelerou as operações para acalmar a ira pública. Quando a atenção da mídia diminuiu, os assassinatos foram retomados. Esses ciclos criam flutuações de curto prazo na aprovação, mas a tendência de longo prazo é um declínio constante.">
Com o tempo, diz o pesquisador, cresce a percepção de que a política não entrega o que promete: "O crime não desaparece e a sensação de insegurança permanece".>
À medida que a violência se torna mais visível e atinge bairros comuns, seu custo se torna palpável.>
"O que antes parecia proteção começa a parecer uma ameaça. Essas políticas geram dividendos políticos rápidos, mas poucos benefícios duradouros em termos de segurança.">
Isso não significa que a repressão simplesmente se dissipe.>
"Uma vez que o Estado constrói uma burocracia em torno da repressão — unidades policiais especiais, incentivos e alianças locais —, ela adquire seu próprio impulso. A política pode desaparecer da agenda do líder, mas suas instituições e apoiadores leais a mantêm viva. O resultado é um declínio lento e desigual no entusiasmo do público, em vez de um colapso abrupto.">
Ao discutir o que o Brasil pode aprender com o caso Duterte, ele acredita que políticas de linha-dura se sustentam não apenas como medidas de segurança, mas porque "funcionam como performance.">
"Os líderes populistas entendem essa dinâmica. Eles usam a violência como espetáculo para projetar determinação, sabendo que isso lhes dá legitimidade imediata, mesmo que enfraqueça as instituições a longo prazo", diz.>
Nas Filipinas, cada assassinato ou operação era exibido como prova de controle, mesmo sem redução estrutural da criminalidade.>
Ravanilla enfatiza ainda que políticas desse tipo criam uma engrenagem difícil de desmontar.>
"Nas Filipinas, prefeitos e chefes de polícia locais ganharam incentivos para demonstrar lealdade a Duterte, mostrando que estavam 'obtendo resultados'." >
A mesma dinâmica pode surgir no Brasil ou em outros lugares, diz ele, quando outros políticos veem benefício político em espelhar a postura linha-dura do governo central, "mesmo muito tempo depois que esse governo ou líder deixou o cargo.">
Reeleito em 2024 com grande vantagem em El Salvador, com 83% do votos, o presidente Nayib Bukele ficou conhecido por uma política linha-dura de segurança pública. É também uma celebridade nas redes sociais, com milhões de seguidores.>
Sua popularidade disparou após uma repressão ao crime que reduziu a taxa de homicídios no país.>
Sob sua presidência, El Salvador passou de um dos países mais violentos do mundo para um dos mais seguros da América Latina.>
De outro lado, grupos de direitos humanos afirmam que milhares de pessoas foram presas arbitrariamente durante sua campanha contra as gangues.>
A Anistia Internacional criticou a "substituição gradual da violência das gangues pela violência estatal" em relatório publicado no ano passado.>
Estima-se que 75 mil pessoas foram presas sob medidas de emergência que foram repetidamente prorrogadas.>
Neste ano, El Salvador se ofereceu para receber criminosos deportados dos EUA, incluindo aqueles com cidadania americana, e alojá-los em sua mega prisão.>
Em agosto, o Congresso do país aprovou reformas constitucionais para abolir os limites do mandato presidencial, permitindo que Nayib Bukele concorra um número ilimitado de vezes.>
Pesquisas de opinião mostram que Bukele segue com alta popularidade no país, mas os índices vêm caindo e há questionamentos sobre outros setores, como a economia e pautas sociais.>
Uma pesquisa feita pelo Instituto Universitário de Opinión Pública e publicada em junho deste ano indicou ainda que a população começa a questionar, de forma explícita, "prisões, encarceramentos e violações de direitos humanos no país." A pesquisa teve 1,2 mil entrevistados em seus domicílios.>
"A segurança continua sendo o aspecto mais valorizado, enquanto questões como a economia, o acesso à moradia, o trabalho dos governos locais e as prisões arbitrárias surgem como pontos críticos na percepção pública", diz a introdução do levantamento.>
Ainda assim, Bukele recebeu uma avaliação de 8,15, em uma escala de 0 a 10 (em 2021, era de 8,71 e em 2024, de 8,46).>
Outro indicador que chama a atenção é o de aprovação do governo, que é mais baixo do que o do próprio Bukele, com nota 7,85, a menor desde 2021.>
Quando questionados sobre "a probabilidade de uma pessoa ou instituição sofrer consequências negativas por expressar opiniões críticas sobre o presidente ou o governo", mais da metade (57,9%) dos entrevistados responderam que é um pouco ou muito provável.>
Outra pergunta questiona o que os respondentes acham que pode acontecer a quem questiona o governo, e 48% disseram que poderiam ser presos. Outros 10% falam em "avisos, advertências ou multas" e 7,4% citam "problemas no trabalho/poderiam ser demitidos".>
"A crescente preocupação com detenções arbitrárias e restrições percebidas à liberdade de expressão indicam que a população está mais atenta e crítica em relação aos abusos de poder", diz o instituto na conclusão do relatório.>
"Isso representa um desafio significativo para a sustentabilidade do apoio social a médio prazo. Nesse cenário, o governo enfrenta o desafio de manter sua legitimidade não apenas por meio da segurança, mas também por meio de respostas eficazes às demandas sociais, econômicas e institucionais da população.">
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Pesquisadores sugerem que o modelo de El Salvador pode ser de "curta duração" ao avaliar se este poderia ser reproduzido em outros países latinos. Admitem, no entanto, que a popularidade de políticas desse tipo provavelmente persistirão enquanto houver insegurança.>
Em artigo publicado no Journal of Democracy, o doutorando em governo na Universidade de Harvard Manuel Meléndez-Sánchez e o professor de Ciência Política Alberto Vergara, da Universidade del Pacífico (em Lima, no Peru), afirmam que as políticas de linha-dura "geralmente envolvem uma séria restrição dos direitos individuais e das proteções contra abusos do Estado.">
Para os autores, essas políticas "raramente funcionam, muitas vezes saem pela culatra e quase sempre acarretam altos custos para a democracia.">
E por que, então, continuam sendo adotadas por políticos e dão popularidade a quem as aplica?>
Em resumo, os pesquisadores dizem que essa é uma saída que dá resultados políticos no curto prazo, enquanto que investir em políticas que tenham mais chance de fornecer soluções sustentáveis para a insegurança "são compromissos de longo prazo que podem produzir resultados significativos apenas meses ou anos após sua implementação.">
Em outras palavras: seguir o caminho do longo prazo costuma ser uma boa política pública, mas uma má estratégia eleitoral, explicam.>
Essa compensação contribuiu para um ciclo perverso em muitas democracias latino-americanas, dizem os pesquisadores.>
"Governos adotam políticas populares de combate ao crime, que quase inevitavelmente fracassam ou têm o efeito contrário.">
Mas o que explicaria, então, o sucesso de Bukele nas urnas e pesquisas de popularidade?>
Além dos rápidos resultados na redução da criminalidade no país, a avaliação do artigo é que houve condições excepcionais, que dificilmente se repetiriam em outros países.>
Os autores explicam que ao chegar ao poder, Bukele optou por negociar com as facções.>
"Em troca de benefícios para membros de gangues encarcerados, proteção contra extradição, policiamento mais brando e outras concessões, os grupos criminosos dominantes do país — a Mara Salvatrucha (MS-13), Barrio 18 Revolucionarios e Barrio 18 Sureños — concordaram em manter a violência homicida ao mínimo", dizem.>
O modelo de Bukele adotou também o que os autores chamaram de regime de exceção, um estado de emergência que suspenderia vários direitos individuais e garantias do devido processo legal.>
"O estado de emergência permitiu que as forças de segurança realizassem prisões, interceptassem comunicações privadas e restringissem a liberdade de movimento à vontade. Também suspendeu o direito a um advogado de defesa e permitiu que as autoridades ocultassem informações básicas dos detidos e de seus advogados.">
Citam também prisões em massa, incluindo familiares e conhecidos de membros das gangues.>
"As prisões arbitrárias e injustas eram comuns e, à medida que a população carcerária de El Salvador aumentava, o país logo acumulou a maior taxa de encarceramento do mundo.">
O número de presos, destacam, é sem precedentes: no México, por exemplo, quando foi deflagrada a chamada guerra contra as drogas no governo de Felipe Calderón, em 2006, autoridades prenderam 120 mil pessoas em 43 meses, 107 para cada 100 mil mexicanos, ou 0,1% da população. >
Já Bukele, em 24 meses, prendeu 1,2 mil a cada 100 mil habitantes, equivalente a cerca de 1,22% da população.>
"A repressão de Bukele é provavelmente a mais extrema já vista na América Latina.">
Os pesquisadores avaliam que o tamanho do país e relativa fraqueza das gangues (em comparação, por exemplo, com os cartéis mexicanos) ajudam a explicar o sucesso da ofensiva do governo.>
E dizem que esse tipo de repressão tende a fracassar justamente porque os grupos criminosos têm fortes incentivos para revidar com ainda mais violência, o que não aconteceu em El Salvador, em parte, pelo pacto estabelecido antes da ofensiva.>
"A menos que os que aspiram copiar Bukele formulem estratégias alternativas para evitar reações violentas do crime organizado, seus esforços provavelmente resultarão em mais — e não menos — violência.">
Para o professor da EAESP-FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) Rafael Alcadipani, a postura de ser "duro contra o crime" é antiga na política brasileira e tende a ganhar força após episódios como o do Rio.>
"Outros governadores, em outros Estados, podem aprofundar esse tipo de política porque estão vendo que os benefícios eleitorais são altos", afirma.>
"O Castro pode dobrar a aposta no Rio de Janeiro, podem fazer algo parecido em São Paulo. No próprio Ceará já aconteceu uma ação, em que sete pessoas foram mortas.">
Ele diz que o padrão adotado na megaoperação não se enquadra no conceito de sucesso previsto pela doutrina internacional.>
"Tipicamente, operação policial quando tem mortes tende a não ser considerada bem-sucedida. No caso específico, seria preciso avaliar a quantidade de mandados expedidos e quantas pessoas foram de fato presas, que é o principal objetivo. Até onde eu sei, tanto entre os mortos quanto entre os presos, muitas pessoas não tinham mandado de busca nem de prisão.">
Para o professor, se o objetivo era capturar determinados alvos e isso não ocorreu de forma significativa, "a operação deixou a desejar". Ele também destaca que a morte de policiais indica falhas operacionais.>
"Claro que é difícil operar no Rio de Janeiro, porque há facções entrincheiradas, como o Comando Vermelho, num cenário de guerrilha urbana. Mas isso mostra o quanto qualquer operação ali não é trivial.">
Alcadipani ressalta que o problema principal não é apenas o resultado imediato, mas a ausência de planejamento estratégico.>
"A questão não é nem sucesso ou fracasso da operação. A grande questão é o que vem antes e depois. O Comando Vermelho se enfraqueceu? Lideranças foram neutralizadas? Houve recuperação de território? Me parece que nenhum desses objetivos foi atingido, porque nada foi organizado para o depois da operação. Qual é a estratégia de segurança pública do Rio de Janeiro? A gente não tem isso.">
O especialista acrescenta que ações desse tipo tendem a afetar a confiança pública nas instituições policiais.>
"Toda vez que existe morte, isso abala a confiança na polícia. E num contexto polarizado como o atual, esse tipo de operação reforça percepções positivas entre quem apoia a linha dura, e negativas entre os críticos. O ponto central deveria ser o profissionalismo da polícia, e ele não está se mostrando. É preciso observar as consequências dessa operação e como isso vai se desdobrar.">
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