Publicado em 25 de novembro de 2023 às 12:32
Uma pausa de quatro dias nos confrontos entre Israel e o Hamas entrou em vigor na última sexta-feira (24) como parte de um acordo para permitir a liberação de reféns nas mãos do grupo da Faixa de Gaza em troca da liberdade de prisioneiros palestinos, com ambos os lados dizendo que a pausa será temporária.>
Nos termos do pacto, que foi mediado pelo Catar, um grupo de mais 13 reféns israelenses, apenas mulheres e crianças, deverão ser libertados mais tarde neste sábado — esse número deve chegar a 50 ao longo dos quatro dias. >
Nesta sexta, primeiro dia da trégua, o Hamas liberou os primeiros 24 reféns. O grupo incluiu 13 israelenses, além de 10 cidadãos tailandeses e um filipino.>
Por seu lado, Israel se comprometeu a libertar 150 prisioneiros palestinos. Nesta sexta, os primeiros 39 foram libertados e se espera mais 42 sejam soltos neste sábado. Segundo autoridades israelenses, dentre os prisioneiros a serem libertados estão mulheres, crianças e adolescentes palestinos mantidos presos em Israel.>
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Para Peter R. Neumann, professor de estudos de segurança no King's College de Londres, há uma vantagem tática para o Hamas em ter uma pausa no combate. >
O especialista analisa que isso permitirá que o grupo se recupere de sete semanas de combate extenuante, no qual resistiu em grande parte ao ataque israelense, mas também sofreu algumas perdas significativas.>
"Não há dúvida de que o Hamas usará parte desse tempo para restabelecer cadeias de comando, reabastecer suprimentos e realocar combatentes para posições de onde possam causar mais danos às tropas israelenses em avanço.">
"Importante, isso também lhes dará a oportunidade de mover os reféns restantes para locais de onde Israel terá ainda mais dificuldade em libertá-los.">
Em resumo, na análise do professor, mesmo que não haja outros benefícios não declarados, o acordo de reféns oferece ao Hamas vantagens táticas e estratégicas significativas.>
"Embora seja indiscutivelmente uma boa notícia para os libertados e suas famílias, a dura verdade é que isso potencialmente tornará mais difícil — e custoso — libertar aqueles que foram deixados para trás.">
Embora o acordo de cessar - fogo temporário entre Israel e o Hamas ofereça um espaço para respirar no conflito em andamento, Neumann aponta que isso não sinaliza o fim da crise de reféns, nem mesmo o início de seu fim. >
"Isso proporciona ao Hamas uma vantagem em um drama que provavelmente se prolongará e não terá um desfecho claro.">
A libertação de dezenas de reféns idosos, mulheres e crianças nos próximos dias será recebida com grande alívio pelos israelenses.>
Isso significa, complementa o professor, que o Hamas continuará mantendo mais de 150 reféns, mas para eles, isso pode se mostrar mais vantajoso do que um número maior.>
"Em primeiro lugar, os quase 240 reféns originalmente capturados provavelmente impuseram um grande fardo à organização. Reféns precisam ser constantemente cuidados, monitorados e, se necessário, movidos. Se alguns deles são idosos, doentes ou têm necessidades médicas especiais, as coisas se tornam mais complicadas.">
Ao "se livrar" de quem precisa de atenção especial, diz Neumann, o Hamas não está exibindo compaixão, mas principalmente liberando recursos necessários em outros lugares.>
"Isso é especialmente verdadeiro para cerca de duas dezenas de trabalhadores da Tailândia e Nepal que não têm valor estratégico para o Hamas, pois não são israelenses nem judeus.">
Outra razão, aponta ele, é que os reféns restantes são mais fáceis de retratar como "legítimos", pois são principalmente soldados israelenses ou homens em idade de combate.>
"O Hamas argumentará que são ‘combatentes inimigos’, até mesmo prisioneiros de guerra. É crucial destacar que isso aumentará a pressão sobre o governo Netanyahu para concordar com uma troca de prisioneiros.">
Assim como no passado, quando Israel concordou em liberar centenas — em uma ocasião, mais de mil — palestinos em troca de pequenos números de soldados israelenses, o professor avalia que o Hamas exigirá a libertação de milhares de seus membros que estão atualmente em prisões israelenses.>
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