Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 15:44
Ano passado, Juliette Sartori decidiu que queria expandir seu círculo social, então ela foi a um encontro para um café com três pessoas que ela não conhecia.>
"Foi muito bom", ela disse.>
"Acabamos conversando por duas horas e eu falo com eles até hoje. Todos nós mantemos contato.">
Seu encontro às cegas de amizade foi parte do Dinner With a Stranger (Jantar com um Estranho, em tradução livre), a sociedade que Juliette e suas colegas de apartamento começaram "por um capricho" para colegas da Universidade de Glasgow que querem conhecer novas pessoas.>
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Juliette, de 21 anos, havia se mudado dos EUA para a Escócia para estudar negócios e administração e disse ser mais difícil se conectar instantaneamente com os outros, pois ela descobriu que as pessoas "eram uma barreira" e estavam fechadas.>
Com alunos tão conectados e digitais que passam menos tempo interagindo uns com os outros pessoalmente, ela não teve muitas oportunidades de aumentar seu círculo de amigos.>
E assim nasceu o Dinner With a Stranger.>
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"Achamos que originalmente apenas 30 pessoas participariam", diz Juliette. "Nós simplesmente não sabíamos o que esperar.">
“É uma ideia fora do comum e o nome confunde as pessoas desde o começo.”>
Mas 200 pessoas — uma mistura de estudantes de graduação e pós-graduação, homens, mulheres e não binários — se inscreveram no primeiro mês e a sociedade continuou a crescer desde então.>
A "sociedade da amizade" de Juliette é muito diferente da cultura de deslizar para a direita dos aplicativos de namoro que dominam a vida de muitos jovens.>
Primeiro, o objetivo é a amizade, e não encontros românticos. Mas também evita algoritmos de computador complicados e depende, em vez disso, de questionários de personalidade mais tradicionais compartilhados com os membros no início de cada mês.>
Os possíveis amigos são questionados sobre um tema, que varia desde seu gênero musical favorito ou filme da Disney mais amado, até seu destino de férias dos sonhos.>
Então Juliette e outros cinco integrantes passam horas arranjando, manualmente, a disposição das pessoas e compartilhando detalhes de contato antes de dar um passo para trás para deixar a mágica acontecer.>
Interpretando o cupido platônico ao lado de Juliette, Mary Yiorkadji, estudante nascida no Chipre, rapidamente percebeu que não estava sozinha na luta para encontrar amigos na universidade.>
"Há muitas pessoas de diferentes origens e pode ser realmente intimidador sentir que você é diferente e as pessoas não vão te entender", diz ela.>
A jovem de 22 anos acredita que as redes sociais tiveram um impacto negativo nas amizades.>
Isso acontece porque mais e mais pessoas hoje em dia comparam suas vidas com as de outras pessoas online.>
"É muito fácil se deixar levar por ideias falsas das mídias sociais, o que pode causar solidão e expectativas que nunca são atendidas", diz Mary. "As pessoas estão mais solitárias agora. Nossa geração está mais solitária.">
Mas Mary diz que o Dinner With a Stranger a apresentou à beleza do encontro às cegas.>
"Acho que uma das partes mais importantes da universidade é conhecer novas pessoas", diz a estudante do quarto ano de economia e filosofia.>
"Dessa forma, você não dá ênfase às diferenças entre as pessoas, mas às coisas que importam em uma amizade, que são as semelhanças.">
Ela descreve isso como uma maneira "única" de conhecer e se conectar com outras pessoas do mundo todo.>
As alunas do segundo ano Vanya e Hannah, que foram colocadas juntas pelo Dinner with a Stranger em dezembro do ano passado, acreditam que não teriam se conhecido se não fosse pelo grupo.>
"A sociedade dá tanta ênfase ao romance que esquecemos o quão importantes são as amizades", diz Hannah, 20.>
Ela diz que antes de conhecer Vanya era "triste" e passava muito tempo sozinha, mas agora sua saúde mental melhorou e ela está mais confiante.>
As duas agora são melhores amigas e colegas de apartamento.>
Vanya, 19, diz que gostou de conhecer Hannah sem "ideias e expectativas preconcebidas".>
"As pessoas estão falando com tanta gente online, que não estão falando com ninguém de verdade", diz a estudante de economia, originária da Índia.>
"Dessa forma, você está entrando com a mente completamente aberta e conhecendo alguém conforme a conversa avança", diz.>
"Você tem que mostrar que está fazendo um esforço genuíno.">
Para Juliette, ir a encontros de amizade com estranhos a ajudou a encontrar seu "povo".>
Confusa sobre o porquê de as pessoas acharem que não é normal ir a encontros de amizade para conhecer novas pessoas, ela acredita que em breve haverá mais oportunidades de participar desse "experimento divertido".>
"É mais uma forma moderna de fazer amigos. É pegar a ideia de conhecer alguém online em um site de namoro e transformá-la em amizades ao ver o quão bem você se dá bem com essa pessoa.">
Aplicativos de namoro, como o Bumble, já começaram a criar versões semelhantes para fazer amizades, o que Juliette acha que se tornará mais popular à medida que a ideia se expande.>
"Agora que as pessoas estão trabalhando em casa e fazendo faculdade remotamente, é mais comum que as pessoas fiquem em casa o tempo todo e é menos provável que você saia e conheça novas pessoas como faria há cinco anos. É moderno, mas acho que se tornará mais popular no futuro.">
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