Publicado em 9 de outubro de 2023 às 07:57
Os sons de sirene antiaérea se misturaram de repente com as batidas de música eletrônica que ecoavam pelos alto-falantes do festival Universo Paralello - Supernova, nas proximidades da comunidade Re'im, em Israel.>
A festa estava sendo realizada em um deserto a menos de 20 km da Faixa de Gaza, território palestino, na mesma hora em que teve início o ataque surpresa do grupo Hamas.>
O festival de música eletrônica foi criada pelo pai do DJ brasileiro Alok, Juarez Petrillo, conhecido como DJ Swarup.>
Em seu Instagram, Petrillo publicou imagens de pessoas correndo após os ataques começarem. Ele disse que estava escalado para ser o próximo artista a subir ao palco.>
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Em vídeos compartilhados pelas redes sociais, dezenas de pessoas correm no deserto em meio a carros buzinando. Ao fundo, é possível ouvir o som de tiros.>
"Pessoas foram mortas em todos os lugares", relata Gili Yoskovich, uma das participantes do festival.>
"Esse é um festival para jovens, e muitos deles morreram na estrada.">
"Quem tentava fugir era atingido pelas balas. Eles [os combatentes do Hamas] atiravam de todos os lados", diz ela.>
Em imagens aéreas feitas após o ataque, é possível ver um dos palcos do evento. Ao fundo, em uma área de floresta, há uma fumaça.>
Ao redor, há dezenas de carros abandonados. Alguns estão queimados ou danificados. >
Segudo as autoridades israelenses, 260 pessoas que participavam do festival Universo Paralello - Supernova foram mortas.>
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O festival estava sendo realizado no deserto do sul de Israel e coincidia com o feriado judaico de Sucot (também conhecido como "Festa dos Tabernáculos" ou "Festa das Cabanas").>
"Chegou o momento em que toda a família está prestes a se reunir novamente", escreveram os organizadores promovendo o evento nas redes sociais. "E como vai ser divertido!">
Agora, as mesmas páginas nas redes sociais estão cheias de comentários de pessoas desesperadas tentando encontrar entes queridos. >
Muitos desapareceram depois que militantes palestinos invadiram o festival e abriram fogo.>
Entre os desaparecidos, de acordo com o Itamaraty, estão três brasileiros binacionais que participavam do evento. Um quarto, também binacional, foi hospitalizado, mas já recebeu alta.>
Na atualização mais recente sobre a situação de todos brasileiros que moram ou estavam de passagem pela região do conflito, o Itamaraty informou que "a embaixada em Tel Aviv identificou, até o presente momento, três brasileiros desaparecidos e um ferido, todos binacionais, que participavam de festival de música no distrito sul de Israel, a menos de 20 km da Faixa de Gaza".>
"A Embaixada em Tel Aviv colheu, até agora, por meio de formulário online, os dados de cerca de mil nacionais (brasileiros) e seus dependentes, a maioria dos quais turistas, hospedados em Tel Aviv e Jerusalém", conclui a nota.>
No Instagram, os organizadores do evento publicaram um posicionamento sobre o ocorrido e dizem que estão "chocados, consternados e indignados".>
"Não temos informações confiáveis ou fontes seguras sobre o ocorrido. Muitas informações publicadas pelos veículos de imprensa não são oficiais. As fontes que temos estão em choque e em risco se protegendo de uma guerra declarada.">
Ortel, outra participante da festa, disse que o primeiro sinal de que algo estava errado foi quando uma sirene tocou ao amanhecer — um alerta de mísseis.>
Testemunhas oculares disseram que os foguetes foram rapidamente seguidos por tiros.>
"Desligaram a eletricidade e, de repente, do nada, eles [militantes do Hamas] entraram atirando, disparando em todas as direções", disse ela ao Canal 12, uma emissora de Israel.>
"Cinquenta terroristas chegaram em vans, vestidos com uniformes militares", ela disse.>
As pessoas tentaram fugir do local; muitas correram pela areia e entraram em seus carros para tentar ir embora. Mas participantes da festa disseram que havia jipes cheios de homens armados atirando nos carros.>
"Eles dispararam rajadas e chegamos a um ponto em que todos pararam os veículos e começaram a correr. Eu me escondi em uma árvore, um arbusto, e eles simplesmente começaram a atirar nas pessoas. Eu vi muitas pessoas feridas e observava tentando entender o que estava acontecendo.">
O local do festival — com três palcos, uma área de acampamento e uma área de bar e comida — estava no deserto de Negev, perto de Re'im. >
O local não fica longe da Faixa de Gaza, de onde os combatentes do Hamas cruzaram ao amanhecer do sábado (7/10) para lançar seu ataque. >
Citada no início da reportagem, Gili Yoskovich era uma entre as centenas de participantes do festival no deserto.>
Ela descreveu à BBC como se escondeu debaixo de uma árvore em um campo enquanto homens armados atiravam em qualquer pessoa que encontrassem.>
"Eles estavam ao lado dos carros e começaram a atirar, mas percebi que era muito fácil morrer ali.">
“Algumas pessoas estavam atirando em mim. Saí do carro e comecei a correr, vi um lugar com muitos pomelos [uma fruta cítrica] e fui até lá.">
“Eu estava no meio [deste campo], deitada no chão. Eles foram de árvore em árvore e atiravam.">
"Vi gente morrendo por todo lado. Fiquei muito quieta. Não chorei, não fiz nada.">
“Eu pensava: ‘OK, vou morrer. Está tudo bem, apenas respire e feche os olhos’, porque ouvia tiros de todos os lados, e tudo acontecia muito perto de mim.">
"Então ouvi os terroristas abrirem uma grande van para pegar mais armas. Eles ficaram na área por cerca de três horas.">
"Eu tinha certeza que o Exército viria, até ouvi alguns helicópteros. Mas não havia ninguém, apenas os terroristas.">
“Eles estavam muito perto de mim, minha perna tremia.">
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Esther Borochov disse à Reuters que estava dirigindo quando o veículo dela foi atingido.>
Um jovem dirigindo outro veículo parou e disse a ela que entrasse. Ela entrou no carro, mas o carro foi alvejado por tiros. O motorista foi baleado à queima-roupa.>
Esther disse que fingiu estar morta até ser finalmente ser resgatada pelo Exército israelense.>
"Não conseguia mexer as pernas", disse ela à Reuters, já no hospital. >
Muitos participantes do festival se esconderam em arbustos e pomares próximos por horas, esperando que o Exército chegasse e os resgatasse.>
"Coloquei o telefone no modo silencioso e comecei a rastejar por um pomar de laranjeiras", relatou Ortel. >
"Os tiros passavam por cima de mim.">
Mais de 700 pessoas foram mortas em Israel desde que o Hamas lançou os ataques, incluindo 260 que participavam do festival Universo Paralello - Supernova.>
Em Gaza, 493 pessoas morreram depois de Israel ter lançado ataques aéreos em retaliação, segundo a Autoridade Palestina.>
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