Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 17:44
Se você estiver com a sensação de que o real sentido do Natal ficou enterrado sob montanhas de papel de presente, observar como outros países comemoram a data pode trazer surpresas alentadoras.>
As tradições natalinas variam radicalmente de um lugar para outro. Elas surgem de acordo com o cenário, a história, os valores e o clima de cada lugar.>
Em muitos países, as pessoas trocam presentes, mas os rituais em torno deles apresentam enormes diferenças.>
São costumes adotados há muito tempo, que mostram que o Natal não precisa ser comercial. Ele pode ser colaborativo, criativo ou comunitário.>
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As pessoas podem cantar em igrejas iluminadas à luz de velas ou homenagear silenciosamente a família. E até observar aranhas.>
Seja relembrando os entes queridos que partiram ou se dedicando a um jogo multigeracional, aqui estão sete tradições natalinas que você pode adotar em qualquer parte do mundo.>
Na Islândia, as editoras publicam uma série de livros novos nos dias que antecedem o Natal. Este fenômeno sazonal é conhecido como jólabókaflóð, o "dilúvio de livros de Natal".>
A tradição remonta à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando havia racionamento da maioria dos produtos, exceto de papel. Por isso, os livros passaram a ser o presente de Natal mais prático da época.>
Atualmente, o costume ajuda a sustentar o setor islandês de publicações de nicho, fortalece o amor pelo idioma local, que está em risco de desaparecer, e agrada os amantes de livros de todo o país.>
No dia 24 de dezembro, as famílias trocam presentes, fazem a ceia de Natal e passam a noite lendo seus novos livros à luz de velas, talvez com uma caixa de chocolates e uma bebida ao seu lado.>
É um ritual que parece distintamente islandês, mas um dos mais fáceis de se reproduzir em qualquer lugar.>
O Japão é predominantemente não cristão. Talvez por isso, o país comemora o Natal de uma forma distinta.>
No lugar da celebração familiar, a véspera de Natal se parece mais com o Dia dos Namorados, oferecendo uma noite romântica para os casais.>
As ruas marcadas pelo inverno brilham com as luzes de Natal, os restaurantes oferecem menus especiais e os hotéis de luxo, normalmente, ficam lotados.>
Os alimentos natalinos também são bastante diferentes. Os japoneses comemoram comendo kurisumasu keki, um bolo leve em camadas com creme e morangos perfeitamente cortados.>
Para pegar emprestado o espírito da tradição, reserve um pouco de tempo para se dedicar ao seu parceiro, em meio ao habitual caos familiar.>
Na Austrália, o dia de Natal reúne o sol, a comida e a família.>
E também é uma época de pegar uma lata de cerveja, um taco e alguns tocos para se dedicar a uma importante tradição familiar australiana: o jogo de críquete de Natal.>
Todos são convidados e todas as idades são bem-vindas.>
Em um dia por ano, jogar críquete deixa de ser questão de ganhar ou perder, mas sim de todos participarem. Se o seu sobrinho de cinco anos errar uma jogada na primeira tentativa, por exemplo, alguém provavelmente irá fechar os olhos e deixá-lo jogar de novo.>
As regras variam de uma casa para outra e algumas são mais rigorosas. Mas, para quem mora em um clima mais frio, é melhor esperar que o tempo melhore ou optar por um jogo de tabuleiro dentro de casa.>
Homenagear os parentes falecidos é parte fundamental do Natal finlandês. Na véspera de Natal, as famílias visitam os cemitérios para acender velas para os entes queridos que não estão mais presentes.>
Segundo o portal This is Finland, 75% dos lares finlandeses participam das homenagens, transformando os cemitérios em serenos cenários de neve e luzes de velas cintilantes.>
Os cemitérios podem ficar superlotados nesta época do ano, mas as homenagens ainda são consideradas um raro momento de paz e reflexão, em meio a um período alucinante.>
E as visitas costumam ser seguidas por outra venerada tradição finlandesa: a sauna em família da véspera de Natal.>
No oeste da Ucrânia, a decoração de Natal mais típica não são as estrelas ou outros enfeites, mas sim as teias de aranha enfeitadas.>
Este costume vem da Lenda da Aranha de Natal, uma história do folclore do leste europeu. Nela, uma aranha decora a árvore de Natal de uma mulher pobre demais para comprar ornamentos.>
Ela acorda de manhã e encontra sua árvore brilhando com teias prateadas. E, daquele dia em diante, sua família nunca mais enfrentará dificuldades.>
Os ucranianos preparam teias delicadas, com papel e fios, e as enrolam em torno da árvore como um enfeite.>
Encontrar uma aranha de verdade ou sua teia em uma árvore é considerado sinal de boa sorte e o costume é não espantá-las nesta época do ano.>
Portanto, a forma mais simples de adotar esta tradição é manter as teias de aranha sossegadas.>
O dia de klippe klistre (literalmente, "cortar e pendurar") é um ritual dinamarquês fundamental.>
Casas, escolas e locais de trabalho de todo o país promovem sessões de artesanato, para produzir guirlandas elaboradas, estrelas trançadas e corações de papel. A intenção é levar o espírito de Natal para as salas de aula, escritórios e salas de estar.>
Esta é uma oportunidade de se reunir e criar um senso de comunidade com a criatividade, alimentado pelas æbleskiver (pequenas rosquinhas de Natal), biscoitos e gløgg, o poderoso vinho quente da Dinamarca.>
Depois de anos de prática, os dinamarqueses aprendem a transformar o mais simples material em algo mágico. Mas uma simples guirlanda de papel pode representar um toque do artesanato escandinavo em sua casa.>
As missas da época de Natal na Venezuela são alegres, comunitárias e, muitas vezes, animadas. Elas são acompanhadas de sinos, bombinhas e, às vezes, fogos de artifício nos dias que antecedem o Natal.>
Mas o costume mais marcante é como as pessoas costumam chegar para as missas: de patins.>
A tradição é de chegar patinando à Misa de Aguinaldo, no início da manhã. Ela é celebrada diariamente entre 16 e 24 de dezembro, entre 5 e 6 horas.>
As crianças costumam ir para a cama cedo, para conseguirem chegar à igreja de madrugada. E muitos adultos andam de patins a noite toda para chegarem juntos para a missa.>
É um ritual adorável, que transforma um momento solene em algo leve e comunitário, com vizinhos deslizando lado a lado pelas ruas silenciosas.>
Se você não souber patinar, participar de uma missa ou outro evento comunitário pode trazer a mesma sensação de compartilhar com os demais a comemoração anual.>
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.>
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