Publicado em 24 de novembro de 2025 às 16:04
O jornal americano New York Times publicou nesta segunda-feira (24/11) um artigo de opinião afirmando que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sofreu uma "derrota" em sua tentativa de influenciar no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado por golpe de Estado no Brasil. >
Segundo a análise, assinada pelo ex-correspondente do jornal no Brasil, Jack Nicas, e intitulada "Brasil desafiou Trump e venceu", os esforços de Trump para manter Bolsonaro fora da prisão foram "inúteis" e fizeram com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saísse "politicamente mais forte" do confronto contra os EUA. >
Bolsonaro teve a prisão preventiva decretada no último sábado (22/11) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. >
O pedido foi feito pela Polícia Federal depois do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocar uma "vigília" em apoio ao pai nas proximidades da residência do ex-presidente, e ser detectada uma tentativa de violação da tornozeleira que ele usava.>
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A decisão foi confirmada por unanimidade pela Primeira Turma dos STF nesta segunda.>
Ao ser informado no sábado sobre a prisão de Bolsonaro, o presidente americano apenas disse: "É uma pena".>
Segundo o texto publicado no Times, a manifestação de Trump praticamente admite sua derrota no caso, mas também mostra uma mudança de postura em relação ao seu ex-aliado. >
Em julho, Trump enviou uma carta "furiosa" a Lula impondo tarifas ao Brasil e sanções ao ministros do Supremo Tribunal Federal para tentar influenciar no julgamento de Bolsonaro. >
Contudo, essas medidas foram "ignoradas pelas autoridades brasileiras", e o que se viu ao longo dos últimos cinco meses foram elogios a Lula e diálogos abertos com o Brasil. >
"Após a condenação de Bolsonaro, autoridades dos EUA prometeram retaliação. Mas ela nunca veio. Em vez disso, Trump começou uma relação com o adversário de Bolsonaro, Lula", destaca um dos trechos da análise, citando o encontro dos dois presidentes na Assembleia Geral da ONU, quando Trump disse que ele e o brasileiro tiveram uma "grande química".>
Um mês depois, Trump e Lula se reuniram para conversas.>
"A aparente capitulação de Trump mostra que seus esforços foram essencialmente inúteis. Na verdade, pode-se argumentar que eles saíram pela culatra. As tarifas brasileiras aumentaram os preços nos Estados Unidos para carne, café e outros produtos, justamente quando a Casa Branca enfrenta pressão crescente para aliviar os custos para os americanos", afirma Jack Nicas. >
"Lula, um líder da esquerda latino-americana, saiu do confronto com Washington ainda mais forte politicamente do que entrou.">
Na última quinta-feira (20/11), dois dias antes das prisão de Bolsonaro, Trump assinou um decreto retirando as tarifas de 40% sobre diversos produtos brasileiros importados do Brasil.>
Segundo Nicas, o desfecho "é um exemplo claro dos limites da capacidade de Trump de dobrar governos estrangeiros à sua vontade — e de sua disposição para abandonar aliados e se alinhar a um rival quando isso serve a seus interesses".>
"Trump praticamente admitiu a derrota. Bolsonaro está em uma cela, iniciando uma pena de 27 anos. E Trump — depois de uma reunião amistosa com Lula — acaba de remover as tarifas mais significativas contra o Brasil", destaca.>
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