• Rachel Martins

    Uma jornalista que ama os animais, assim é Rachel Martins. Não é a toa que ela adotou duas gatinhas, a Frida e a Chloé, que são as verdadeiras donas da casa. Escreve semanalmente sobre os benefícios que uma relação como essa é capaz de proporcionar

Saiba como adquirir um cão da raça preferida da rainha Elizabeth II

Publicado em 13/09/2022 às 14h54
Corgi, o cão da realeza britânica

Corgi, o cão da realeza britânica. Crédito: Shutterstock

A Rainha Elizabeth II era apaixonada por animais, especialmente os cães da raça corgi. No decorrer da vida, sua majestade foi tutora de mais de 30 desses “baixinhos” de pernas curtas e orelhas arrebitadas. Com 10 anos, ainda princesa, já aparece em fotos com alguns deles.

Segundo informações não oficiais, atualmente a rainha, que faleceu na última semana, só teria quatro animais: dois corgis (Muick e Sandy); um dorgi, cruzamento de corgi com dachshund (Candy); e uma cocker spaniel (Lissy), que deverão, provavelmente, ficar aos cuidados da Família Real.

Aliás, os corgis, extremamente populares no Reino Unido, já estiveram na lista de Raças Nativas Vulneráveis e foi justamente o carisma da rainha que ajudou a trazer os simpáticos cachorros dessa raça de volta ao coração dos britânicos.

E não só dos britânicos, mas de todos os povos, incluindo os brasileiros e, claro, alguns capixabas. Estima-se que no Estado tenham cerca de 17 corgis, incluindo a Margot (que tem até perfil no Instagram @corgott), da servidora pública Nádia Ceccon e do médico Jindrich Wandekoken.

“Nós sempre gostamos muito de cachorros e desde quando éramos namorados mandávamos vídeos da internet de corgis um para o outro. As patinhas curtinhas, os olhos vivos e as orelhas sempre atentas nos encantavam. Quando decidimos morar juntos, surgiu a ideia de pegarmos um cachorrinho e a raça corgi veio automaticamente à nossa cabeça”, conta Nádia.

Segundo ela, foi aí que começou o desafio. “Como existem poucos canis da raça no Brasil e na época todos eram localizados fora do Estado, isso sem falar do preço alto para a aquisição de um filhote e a procura pela raça que estava começando a se tornar popular aqui no país, a fila de espera era enorme. Chegamos, inclusive, a olhar canis fora do país, mas a logística era muito difícil. Até que optamos por um canil localizado no interior de São Paulo, que atendia a todos os nossos requisitos, e a Margot veio para casa em 2020, no meio da pandemia do coronavírus. Foi uma felicidade enorme”, lembra Nádia.

Nádia explica que os corgis possuem uma personalidade forte - sabem o que querem, demonstram o que estão sentindo e não aceitam serem feitos de bobos. “A Margot possui todas essas características. Além disso, é uma cachorra extremamente amável, sociável, dócil, feliz, ativa e brincalhona. Todos que a conhecem falam que ela é muito simpática! Simpatia e carisma são a marca registrada dela. Os corgis costumam ser muito companheiros também e ela nos acompanha o tempo inteiro pela casa, está sempre ao nosso lado”.

Além disso, explica a servidora pública, a Margot se adaptou muito bem ao clima tropical do Espírito Santo, mas por ser um local com temperaturas mais altas, bebe bastante água. "Por isso, deixamos o potinho de água sempre disponível e, nos passeios, nunca esquecemos de levar uma garrafinha. Mas, claro, lugares com ar-condicionado são os preferidos da Margot. Também é bom ficar atento, a raça originariamente é utilizada para o pastoreio de ovelhas, por isso instintivamente os corgis amam correr, estar em contato com a natureza e, obviamente, precisam gastar essa energia”.

Mas isso não impede que façam parte de uma família que mora em apartamento, garante Nádia. “É tranquilo, desde que haja uma carga significativa de atividade física diária (um simples passeio pelo quarteirão não é suficiente para eles). Em razão disso, a Margot frequenta uma creche para cachorros três vezes por semana, onde ela brinca com outros cães e se exercita. Nos outros dias, passeamos com ela pelo bairro e, aos finais de semana, a levamos para o 'parcão' ou para algum passeio diferente, como a praia, por exemplo, que ela ama”, explica.

A raça é tão adorável e apaixonante, conta Nádia, que, não raro, muitos tutores não conseguem se contentar apenas com um e acabam adquirindo outro ou outros, como a rainha Elizabeth II.

“Por isso, antes de optar por um corgi, além de incluir o que já falei anteriormente, é bom ressaltar que eles exigem muita atenção e carinho. Além disso, é importante lembrar que eles são considerados cães anões (corgi, em galês, significa ‘cão anão’) e, por sua própria estrutura possuem tendência a desenvolver alguns problemas articulares. Para que isso não aconteça, deve-se evitar o ganho de sobrepeso através de uma dieta adequada (principalmente diante da fama de comilões deles) e com atividade física regular, como já disse. E tem outra coisa: eles soltam muito pelos, então se a família tem alguém alérgico, talvez não seja a raça ideal”.

Fora isso, garante a tutora de Margot, a chegada de um corgi na casa é pura felicidade e diversão. “Um fato interessante é que quando a Margot era filhote, logo que chegou em nossa casa, tinha o costume de mordiscar nossos tornozelos quando andávamos pelo apartamento. Pesquisando, descobrimos que esse comportamento é uma herança dos antepassados, uma espécie de instinto da raça, pois essa era uma das formas que os corgis utilizavam para pastorear as ovelhas dos rebanhos”, lembra Nádia, rindo.

OS CORGIS NO BRASIL

O administrador e cinófilo Fabrício Ferrigato, proprietário do canil Corgi Co (@corgi_co), explica que no Brasil o mais comum é o Welsh Corgi Pembroke, em decorrência justamente da Rainha Elizabeth II.

“Já o Welsh Corgi Cardigan é o mais antigo. É considerado um cão de fazenda para trabalho com gado, extremamente devoto ao seu tutor. Uma raça que trabalha próxima do seu condutor, sempre empurrando o gado para caminhões, trailers e currais. Já os Pembroke são uma raça posterior, utilizada no trabalho no campo, principalmente nas fazendas de ovelha. São considerados cães de pastoreio clássico. Também são devotos aos seus tutores, porém mais independentes”, explica.

Segundo Fabrício, o fato do Brasil ser um país tropical, com temperaturas altas praticamente o ano todo, não impede que os corgis se adaptem bem ao país.

"Apesar do volumoso 'casaco' dos Corgis, eles se adaptam bem a nossa temperatura. Na época do verão perdem o seu subpelo, o que faz com que tenham maior ventilação na pelagem, e no inverno ganham novamente”.

Por isso, ressalta que, nas épocas mais quentes, a indicação é que se faça mais escovação para liberação do subpelo, além de ajudar na vitalidade da pelagem. “Os banhos, sou um pouco contra. Quanto menos puder dar, melhor. Justamente por conta do subpelo denso e, consequentemente, da dificuldade em secar. Portanto, mais escovação e menos banhos. Um por mês é o suficiente. É bom lembrar que devido à pelagem dupla eles também não cheiram forte”, garante.

Fabrício explica que, por mais estranho que possa parecer, os corgis, apesar de serem cães de pastoreio, são sim super adaptáveis a apartamentos. “Ambos são muito amorosos e calmos, além de não terem uma tendência à destruição. O importante é salientar que o pet, não importa se em apartamento ou casa, necessita de uma rotina de exercícios e tempo saudável de convivência”.

Como proprietário de canil especializado em corgis, Fabrício diz que quando o cliente fala “vou andar com ele todos os dias”, por experiência e por já ter vivido com quatro exemplares em apartamento durante alguns anos, salienta que mais importante do que isso, é o tempo de qualidade.

“É muito mais benéfico aos corgis que o tutor passe 30 minutos se dedicando diariamente a brincadeiras interativas com ele, do que dar dois passeios na rua de uma hora cada. Corgis são muito ligados aos tutores e brincadeiras, então isso acaba liberando mais a energia dele do que apenas andar pelas ruas”, garante.

Segundo ele, hoje existem os “day care”, onde o corgi além de aproveitar o tempo com qualidade, pode conviver com outros cães e ajudar na socialização. Lembrando que os filhotes possuem mais energia e precisam de uma atenção maior até os 15/17meses. “Sempre digo aos meus clientes que essa parte inicial é fundamental para um cão adulto equilibrado e obediente. Outra característica dos corgis, principalmente o Cardigan, é o fato de serem excelentes companheiros para crianças. Ambos são bem fáceis de adestrar”, explica.

Para quem pretende ter um corgi, Fabrício sugere inicialmente decidir se é realmente a hora de ter. “Todo animal demanda cuidados, tempo e custos. Embora a raça seja rústica e de custo de manutenção baixo, devemos sempre lembrar que os corgis necessitam de tempo e de alimentação de qualidade, de antiparasitários, de suplementação e idas ao médico-veterinário, entre outras coisas. Tendo isso de forma clara, ainda é preciso estar ciente de que não é uma raça barata para adquirir, e se for, desconfie, pois possivelmente não se trata de um criador que se preocupa tanto com os problemas de saúde da raça, quanto também de manejo e boa socialização. Ciente de tudo isso, vá em frente, pois terá um companheiro adorável por cerca de 13 a 15 anos”.

Para Fabrício, os corgis são puro amor. Segundo ele, a rainha Elizabeth foi, sim, a precursora da raça. “Sempre fui fã de história, e a monarquia, principalmente a era Elizabetana, sempre me encantou. Me lembro, ainda jovem, da morte da princesa Diana, a primeira vez que vi um corgi na televisão. Já conhecia a raça devido aos estudos que fazia sobre border collies, que já criava. Ambas as raças fazem parte do mesmo grupo. Sempre foi um sonho ter um corgi, mas na época o acesso era complicado. Sua reprodução é difícil, por isso os valores altos dos exemplares são mais do que justos devido a todos os problemas que o criador enfrenta”, ressalta.

Foi só em 2001 que oficialmente os corgis entraram na vida de Fabrício, com a compra de uma exemplar fora dos padrões da raça, a qual se tornou pet e futuramente foi roubada de sua casa. “Em 2002, consegui meu primeiro casal de corgis, mas a criação mesmo só veio em 2005 com ninhadas esporádicas. Hoje, conto com 21 corgis na minha convivência. A maioria, já criação minha com mais de cinco gerações. Porém, ainda temos a necessidade de importar e adquirir cães de amigos criadores aqui no Brasil”, conclui.

SAIBA MAIS SOBRE O WELSH CORGI PEMBROKE E O WELSH CORGI CARDIGAN

  • Estrutura: Os Pembroke são mais “gordinhos”. Já os Cardigan são mais musculosos e longilíneos. A cabeça dos Pembroke tem característica quadrada a arredondada, enquanto nos Cardigan são mais triangulares com orelhas maiores.

  • Cauda: Ambos nascem com cauda, a diferença é que o Cardigan não aceita corte e os Pembroke aceitam corte no padrão. Existe um gen no Pembroke que faz com que ele tenha um encurtamento de cauda, porém, este é um gen errôneo que pode ocasionar inúmeras anomalias na coluna. O gen não faz com que o Pembroke não tenha cauda, mas que tenha uma cauda mais curta que o normal. Pode ser metade, ou algumas vértebras a menos. Lembrando que não utilizamos cães em nossa criação com o gen C189G, pelo risco de encurtamento da coluna.

  • Pelagem: A pelagem dos Pembroke é mais cheia e com muito subpelo. Já no Cardigan é mais dura e com menos subpelos (com isso cai menos que a do Pembroke). Em ambos existe a pelagem fluffy (longa). Nos Pembroke são aceitos apenas as cores sólidas, enquanto nos Cardigan são aceitos os sólidos, os tigrados e os merles.

  • Temperamento: Alegres, brincalhões, amorosos com crianças, adultos e outros animais e de pouco latir. Não possuem instinto de caça aguçado e não têm tendência à destruição, porém amam cavar. Os Pembroke são mais independentes, enquanto os Cardigan são mais próximos do tutor.

  • Tamanho: O tamanho de ambos fica bem próximo e depende muito de linhagens. Pembroke mede em média de 25 a 30 centímetros e pesa cerca de 14 quilos. Os Cardigan medem cerca de 25 a 35 centímetros e pesam cerca de 15 a 16 quilos.

DICAS ANTES DE COMPRAR UM CORGI

  1. Busque criadores conscientes, a raça sofre de um grande problema congênito chamado PDA (Persistência do Ducto Arterioso), que faz com que o sangue desvie da esquerda para a direita, e embora não seja muito comum, porém não raro, este PDA pode ser reverso, que é a inversão do fluxo no ducto. Além disso, a raça pode apresentar outros problemas cardíacos, como a estenose pulmonar e escape de mitrais.

  2. Certifique-se de que o filhote tenha passado por todos os exames necessários para detectar essas doenças, principalmente ecocardiograma, que deve ser realizado por volta dos seus 45/60 dias de vida.

  3. Procure, portanto, criadores que fazem exame no plantel e nos seus filhotes antes da entrega aos novos tutores. Além do exame de displasia coxofemoral nos pais, certifique-se de que utilizem em seus cães vacinação ética, que realizem o acompanhamento do médico-veterinário, entre outras questões sanitárias adotadas dentro de um canil.

  4. Lembre-se: devido a maioria dos partos em corgis serem de cesariana, é necessário que o criador realize um descanso em suas matrizes, que vai de criador para criador, avaliando sempre o escore corporal das mesmas, ao lado de outros fatores, sempre com a supervisão do médico-veterinário responsável pelo canil. Pesquise sobre isso antes.

  5. Embora a tentação por um filhotinho seja grande, de preferências a criadores que entregue seus filhotes acima dos 60 dias (90 dias em diante é o ideal), pois o mesmo já terá passado pelo primeiro processo de imprinting canino, onde ao lado de sua mãe e da ninhada irá aprender os limites e regras hierárquicas na matilha. O convívio com a mãe e os irmãos nesta fase é crucial.

  6. Busque profissionais filiados a clubes cinófilos para a obtenção do pedigree do seu filhote, onde irá constar toda a sua linhagem. E por fim, mas não menos importante, procure conhecer as instalações deste criador, saber como esses cães são criados, o espaço, a saúde dos pais, peça o exame de saúde dos pais para as doenças citadas acima, busque por profissionais sérios e evite as crias caseiras.

DICAS PARA MANTER A SAÚDE DO SEU CORGI EM DIA

  1. Tenha tempo e se dedique ao seu corgi, eles são seres mágicos e amorosos e viverão muitos anos em sua companhia.

  2. A escovação é primordial nessa raça. Devido ao subpelo volumoso, a ausência de escovação pode se tornar um problema dentro de casa, devido a grande quantidade de pelagem que ele irá perder. Escove seu corgis pelo menos duas vezes na semana e ao menos quatro nas épocas de troca.

  3. Corgis possuem uma tendência a serem muito gulosos e ganharem peso fácil, comprometendo seu sistema locomotor. Forneça uma ração de qualidade e na quantidade que pede a embalagem.

  4. Evite os petiscos.

  5. Foque nas brincadeiras, corgis amam uma bolinha e procurar coisas.

  6. Forneça água em boa temperatura à vontade.

  7. Evite que seu corgi suba e desça de camas e sofás sem a ajuda de uma escada ou rampa pet (encontrada em lojas do ramo), para que não comprometa a coluna e os membros posteriores.

  8. Leve regularmente ao médico-veterinário, mantendo o peso em dia, a vacinação e acompanhando a saúde de perto.

  9. E se você não é criador, não tem um entendimento mais a fundo sobre a raça, procure adquirir exemplares já esterilizados ou faça a esterilização dos mesmos antes de atingir os 15 meses, mas não antes dos três meses. Desta forma você estará ajudando na preservação da saúde da raça com bons exemplares nas mãos de quem entende, além de evitar inúmeros problemas futuros no seu pet.

  10. Curta muito seu corgi, ele será seu grande companheiro por muitos e muitos anos.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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