• Rachel Martins

    Uma jornalista que ama os animais, assim é Rachel Martins. Não é a toa que ela adotou duas gatinhas, a Frida e a Chloé, que são as verdadeiras donas da casa. Escreve semanalmente sobre os benefícios que uma relação como essa é capaz de proporcionar

Ferrugem: o gatinho da Sedu foi encontrado. Foram mais de 15 dias de buscas

Publicado em 14/11/2023 às 08h01
Ferrugem na casa de uma de suas mães se recuperando após o resgate

Ferrugem na casa de uma de suas mães se recuperando após o resgate . Crédito: Divulgação

Lembra de mim? Sou o Ferrugem, o gatinho da Secretaria de Estado de Educação (Sedu), que fugiu e acabou se perdendo em Vila Velha. Mas depois de muito esforço, persistência e dedicação de algumas das minhas “mães” fui encontrado. Confesso, que foram dias difíceis pelas ruas, senti muito medo, fome, sede e frio e, principalmente, falta da minha casa, o estacionamento da Sedu, onde vivo desde que me conheço como gato. Além disso, senti muitas saudades da convivência com os servidores que sempre cuidaram de mim com muito amor.

Eu sei que fui levado da Sedu porque comecei a ficar doente e minhas “mães” resolveram me acolher temporariamente na casa de uma delas, para que eu pudesse receber o tratamento adequado. Mas vocês sabem como somos nós, os felinos, né? Sempre avessos a mudanças repentinas.

Nessa casa tinha outros gatinhos e a minha adaptação foi bem difícil, afinal estava acostumado a ser o rei do pedaço lá no estacionamento da Sedu. Quer dizer, ultimamente começou a aparecer um intruso atrevido, um gatinho cinza e, acho, até, que foi isso que me deixou cabisbaixo, sem querer me alimentar.

Mas a tentativa da outra casa não deu certo e tentaram, então, um outro local, de onde acabei fugindo. Eu estava sendo muito bem cuidado lá, mas não sei dizer porque resolvi tomar essa atitude estapafúrdia de sair para conhecer as redondezas. Só lembro que quando me dei conta, já estava perdido e não sabia mais voltar, daí foi desesperador e comecei a me esconder em qualquer buraco que encontrava pelo caminho, para me proteger daquele mundo desconhecido.

Ao mesmo tempo em que me sentia desamparado, pensava na minha “família” da Sedu, sabia que eles ficariam preocupados comigo, mas também tinha certeza que não sossegariam enquanto não me encontrassem. E eu estava certo. Logo que souberam de meu sumiço deram início a uma força-tarefa para me encontrar, e eu sentia essa vibração, só o amor é capaz de fazer isso. Mas o medo era muito maior do que a coragem de me expor em um mundo totalmente desconhecido para mim, mesmo para quem estava me procurando com tanta dedicação.

O lugar de onde fugi era muito parecido com a minha casa na Sedu, e foi ali que começaram de imediato as buscas, mas nesse primeiro dia, minhas “mães” não tiveram sucesso, o local era enorme. O que sei, é que no dia seguinte já iniciaram a divulgação por todos os meios possíveis informando o meu desaparecimento e a peregrinar pelas ruas próximas, colhendo informações com a população.

E a corrente do bem para me encontrar foi crescendo e eu queria aproveitar para agradecer a cada uma das pessoas que ficaram atentas e muniram minhas “mães” de informações. Todos os locais que supostamente achavam que tinham me visto, lá iam elas fazer vigília com o objetivo de me resgatar.

Fico muito feliz em saber que mesmo diante da informação de que um gatinho com as minhas características teria sido atropelado na região, o que teria me levado a óbito, elas tenham duvidado. Imagino o quanto elas devem ter ficado desesperadas com essa notícia, e no fundo do coração não queriam acreditar. Graças a Deus! Mas fico triste pelo outro bichano, provavelmente ele era um gatinho em situação de rua. Por isso, alerto, não abandone jamais o seu fiel companheiro e, se puder, adote um animal de estimação, você não vai se arrepender!

Junto a isso, também foram surgindo outras informações e, embora já desaparecido há quase duas semanas, apareceram dois anjos da guarda, que através dos fôlderes distribuídos por todos os cantos, deram certeza de que teriam me visto muito próximo às ruas do condomínio de onde eu fugi.

A mães de Ferrugem aliviadas após reencontrarem o ferrugem

A mães de Ferrugem aliviadas após reencontrarem o ferrugem. Crédito: Divulgação

E embora a esperança de me encontrar estivesse diminuindo, minhas “mães” conversaram com o porteiro do edifício onde eu supostamente estaria e ele disse que tinha realmente me visto. E a partir daí, começaram a ir lá todos os dias, até que finalmente me chamaram e ouviram um miado bem baixinho, mas eu ainda estava com muito medo, sem forças, e sem entender tudo o que estava acontecendo, e resolvi continuar em segurança. Até que um dia, elas finalmente me viram, foi coisa de um segundo. Imagine a felicidade! Mas o meu resgate ainda não foi dessa vez.

Só ficava observando, todas as noites, às minhas “mães” montarem alguma coisa chamada gatoeira (uma delas, inclusive, foi emprestada pela empresária Ilka Westermeyer Merçon, que faz parte do grupo Gatinhos Pedra da Cebola). Não entendia muito bem do que se tratava. O que sei, é que a busca desse gatinho aqui contou também com o auxílio imprescindível dos funcionários do edifício, que ficaram monitorando pelas câmeras cada passo meu. Foram eles que contaram que eu estava bebendo água da piscina e deitado na espreguiçadeira, mas se surgisse alguém, corria rapidinho. A eles muito, muito, obrigado.

O problema é que todas às vezes que eles ligavam avisando que tinham me visto, quando chegavam eu já tinha vazado, sou bobo não! Até que alguém falou que eu estava no porão, e ali, realmente, era muito parecido com o estacionamento da Sedu. E foi lá, finalmente, que eu caí na gatoeira, exatamente a emprestada pela Ilka Merçon.

Agora, gostaria de fazer mais uma pausa para agradecê-la, eu soube que ela é uma pessoa muito dedicada à causa animal e que entende muito de resgates de animais em situação de rua (que não era o meu caso, mas poderia ser, eu só dei sorte de encontrar um lar quando filhote). Muito obrigado!

Quando me encontraram, confesso que miei muito, muito mesmo, e alto, mas desta vez de pura felicidade. E senti, com uma intensidade enorme, o quanto a minha “família” Sedu me ama. E aquele medo aterrorizante que estava vivendo todos aqueles dias foi dando lugar a uma paz imensa… Sabia que agora estava em segurança de novo. E ver a felicidade de algumas das minhas “mães” por ter me encontrado vivo, embora abatido, encheu meu coração de alegria. Não queria, jamais, tê-las feito passar por esse sofrimento. Mas não existem culpados, afinal, tudo na vida tem um propósito.

Enfim, viver é enfrentar desafios, e são eles que nos fazem aprender, mas, por outro lado, a entender, também, que o amor é sempre o único caminho. Ah, já fui ao médico-veterinário e estou me recuperando. Cada dia melhor. Só quero dizer que vou entender se preferirem que eu não volte para a Sedu e fique na casa de uma das minhas “mães”, porque, agora, tenho certeza que serei sempre amado, entendo que elas só querem a minha felicidade e segurança. Mas não vou “embora” sem uma festa de até breve, ok, secretário?

Só mais uma coisa, quero agradecer, especialmente, a Livia e a sua irmã Lara Leal Souza Pimentel, a Cinthya Campos de Oliveira Mascena, a Mônica Nadja Silva de Almeida Canicali, e ao Edson Mauro de Miranda (meu grande amigo no estacionamento da Sedu), que estiveram à frente da força-tarefa para me encontrar, enfim, de toda a minha “família” Sedu e, claro, das dezenas de pessoas que mesmo sem me conhecer ajudaram indiretamente no meu resgate. Uma delas foi a Débora Romão, que mora perto do edifício onde fui achado e me alimentou e deu água enquanto estive por lá. Vocês foram demais!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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