Quem viaja, come

Publicado em 29/01/2024 às 20h33
Beiju de tapioca

Tapioca. Crédito: Shutterstock

Nas metafóricas viagens culinárias da ficção “Gula”, de Veríssimo filho, a fome é apresentada como “único desejo reincidente”; decolando nessa ideia, não seria difícil reconhecer que todo sujeito que viaja precisa comer - historicamente, aliás, o conceito do restaurante se desenvolve dessa noção.

Experiências com a comida têm o poder de nos fazer amar ou odiar uma cidade (porque, convenhamos, ninguém é capaz de criar boa referência do Elevador Lacerda se estiver suando de desarranjo intestinal). 

Já vi também muita performance de mal-estar digestivo provocada por bocas malditas, já que a culinária regional é a mais literal experiência que alguém pode ter para se nutrir das identidades locais.

Lembro de uma catalepsia não diagnosticada que juro ter vivido numa tapiocaria de Mosqueiro, no Pará: faça um biju grosso de tapioca fresca e úmida com recheio de coco; em seguida, mergulhe a sujeita numa tigela com dois dedos de leite de coco também afrescalhado.

Tão simples quanto inesquecível - cada bocada marcava um carimbo honroso no passaporte da gula; como pecador sem perdão, devo confessar que viajar para comer alimenta um tanto mais a reincidência faminta de alguns desejos meus.

Agora mesmo, quem diria, cá estou “aceitando cookies” para também dar de comer aos algoritmos das promoções de passagens a Belém, lugar quente e úmido onde acontece essa luxúria gastronômica capaz de deixar inteiramente molhadinha a gostosa da Tapioca que merece ser escrita com um belo de um Tesão!

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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